Carnaval do Rio inova com espaço seguro para crianças de trabalhadores ambulantes

O fenômeno do trabalho infantil é uma preocupação crescente durante o Carnaval

  • Data: 12/02/2025 09:02
  • Alterado: 12/02/2025 09:02
  • Autor: Redação
  • Fonte: G1
Carnaval do Rio inova com espaço seguro para crianças de trabalhadores ambulantes

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Crédito:Tânia Rêgo - Agência Brasil

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O Carnaval do Rio de Janeiro deste ano traz uma novidade significativa para os trabalhadores ambulantes que são pais: um novo espaço de acolhimento para as crianças. Esta iniciativa, desenvolvida em parceria entre o Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) e a Prefeitura da cidade, visa garantir que os filhos dos vendedores ambulantes permaneçam em um ambiente seguro enquanto seus responsáveis trabalham.

A nova unidade estará localizada na Rua República do Líbano e funcionará das 7h às 13h, oferecendo suporte não apenas durante o Carnaval, mas também durante os megablocos que atraem milhares de foliões ao Centro da cidade. Além desse novo espaço, a Prefeitura já disponibiliza um local nas proximidades do Sambódromo para atender essas famílias, além da Escola Municipal Raquel de Queiroz, situada na Cidade Nova, que recebe crianças durante os desfiles.

Para muitas mulheres ambulantes, o período carnavalesco representa mais do que diversão; é uma oportunidade essencial para garantir a subsistência familiar. O evento proporciona uma renda significativa que pode assegurar alimentos e moradia por vários meses. Vendedoras como Taísa Aparecida enfrentam desafios diários ao levar seus filhos pequenos ao trabalho. “Não tenho uma rede de apoio onde eu possa deixar ela. Às vezes ela quer descansar, e eu falo: ‘filha, vamos para o bloco’. Ela tem só 3 anos e já arruma as coisinhas dela”, relata Taísa.

Outra vendedora ambulante, Carol Alves, compartilha suas preocupações sobre a segurança das crianças durante o trabalho: “Já vi criança dormindo no carrinho, carrinho tombando com criança dentro. E não há alternativa; a grande maioria das mulheres são mães solo”.

Segundo dados da empresa responsável pela organização do carnaval de rua no Rio, cerca de 56 mil pessoas se inscreveram para trabalhar como ambulantes este ano, sendo que mais de 56% dessas inscrições pertencem a mulheres. Entretanto, apenas 15 mil vagas foram autorizadas.

Para o carnaval de 2025, o TRT-RJ planeja iniciar as reuniões preparatórias ao longo de 2024 para melhor organizar a participação dos ambulantes. O desembargador José Luís Campos Xavier enfatizou a importância do engajamento do poder público: “Precisamos que mais instituições se unam a essa causa”.

A Secretária Municipal de Assistência Social, Marta Rocha, destacou que o espaço acolhedor estará aberto não apenas para crianças cujos pais são vendedores cadastrados, mas também para aqueles que não possuem registro. “O nosso objetivo é trazer essas crianças para um ambiente seguro e criar uma rede de apoio para essas mulheres”, afirmou Marta.

O fenômeno do trabalho infantil é uma preocupação crescente durante o Carnaval. O desembargador José Luís Campos Xavier observou que a demanda por trabalho aumenta significativamente nessa época do ano: “A cidade fica lotada e muitas famílias veem nisso uma chance de obter uma renda extra. Isso leva à inclusão de crianças nas atividades de venda”, alertou.

De acordo com dados do Ministério Público do Trabalho (MPT), as notificações relacionadas ao trabalho infantil aumentam em média 38% durante o Carnaval em todo o Brasil. Com a nova estrutura de acolhimento, espera-se que as mães possam trabalhar com mais tranquilidade, sabendo que seus filhos estão seguros. “Agora podemos trabalhar tranquilamente. Ter nossos filhos cuidados é algo muito importante”, concluiu Carol Alves.

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  • Data: 12/02/2025 09:02
  • Alterado:12/02/2025 09:02
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