Trabalhadores lotam rua comercial de São Bernardo em protesto contra fechamento da Ford
Passeata terminou na Praça da Igreja Matriz, com ato realizado por representantes de diversas crenças e religiões
- Data: 07/03/2019 16:03
- Alterado: 22/08/2023 21:08
- Autor: Redação
- Fonte: SMABC
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Os trabalhadores na Ford de São Bernardo realizaram na manhã desta quinta-feira (7) uma caminhada da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC até a praça da Matriz, onde ocorreu um ato inter-religioso. A passeata foi mais uma atividade em protesto pelo fechamento da unidade de São Bernardo, anunciado há cerca de 15 dias pela direção da montadora. Junto aos metalúrgicos participaram também representantes dos sindicatos filiados à CUT/ABC e demais sindicatos e centrais, além de lideranças políticas, como os deputados estaduais Teonílio Barba (PT) e Luiz Fernando Teixeira (PT), o deputado federal Vicentinho (PT) e o ex-presidente do Sindicato e ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho.
Também esteve presente o ex-diretor do Sindicato Valter Sanches, que atualmente é secretário-geral da IndustriALL Global Union – federação sindical global que representa cerca de 50 milhões de trabalhadores dos setores de manufatura, mineração e energia em mais de 140 países. O dirigente, que hoje vive em Genebra, na Suíça, deu um panorama do que vem acontecendo com o setor automotivo no mundo e disse que a Federação também está se mobilizando para ajudar na mobilização contra o fechamento da fábrica.
“Infelizmente estamos vendo a indústria automotiva mundial num processo de reestruturação, com fechamento de unidades, o que é muito preocupante. A Ford está anunciando fechamento de fábrica na Rússia, na França, de um turno de trabalho na Alemanha e, agora, a fábrica de São Bernardo. É importante esclarecer que o impacto vai muito além dos trabalhadores e suas famílias, são também impostos que deixam de ser arrecadados, é muito ruim para os países. É fácil para uma empresa que tirou tanta riqueza desse país agora colocar a culpa desse fracasso de estratégia nas costas dos trabalhadores. Não podemos aceitar”, ressaltou.
A manifestação dos trabalhadores ocorreu no mesmo dia em que a comitiva do Sindicato se reúne com a direção mundial da Ford, em Dearborn, nos Estados Unidos. Na conversa com a matriz da empresa estarão o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o ex-presidente Rafael Marques, e o coordenador do Comitê Sindical na Ford, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba.
Relembrando a época em que esteve à frente do Sindicato, no final da década de 1990, Luiz Marinho comentou que foi um período difícil, em que empresas também chegaram a anunciar a saída do município. “No passado, quando Ford e Volkswagen decidiram fechar as plantas, nós buscamos nossa fé e esperança na disposição de luta dos trabalhadores e trabalhadoras. Buscávamos apoio nos meios de comunicação, em outros sindicatos e centrais e nas famílias envolvidas. Persistimos em não aceitar a decisão das montadoras e fomos vitoriosos. Esse teria sido o maior erro das montadoras. As direções das empresas estavam erradas e os trabalhadores estavam certos”, disse. Ele avaliou que a tarefa da comitiva dos Metalúrgicos do ABC na reunião desta quinta-feira será árdua. “Fico pensando nos companheiros que estão nos Estados Unidos e imaginando a ansiedade para esta reunião. Estou na torcida para que se traduza numa boa decisão”, destacou.
O secretário-geral do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, que conduziu a atividade, reforçou que a mobilização pela manutenção da Ford é de todos os metalúrgicos do ABC. “Toda nossa categoria está muito empenhada e solidária a esta luta. Não serão apenas os metalúrgicos na Ford que serão impactados. Muitos trabalhadores serão afetados na cidade e na nossa região. Independentemente do resultado da reunião nos EUA, vamos realizar uma assembleia na próxima terça-feira e decidir com os companheiros quais serão os próximos passos. Vamos nos manter unidos e em protesto até a Ford dizer que fica”, afirmou.
A reunião com a direção mundial da Ford, nos EUA, está prevista para hoje às 15h (horário local), 17h no Brasil. Participam do encontro o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o ex-presidente Rafael Marques, e o coordenador do Comitê Sindical na Ford, José Quixabeira de Anchieta.