Sindicato faz última assembleia com os trabalhadores na Ford São Bernardo

A empresa encerra hoje (30) a produção de caminhões, que atualmente emprega cerca de 650 trabalhadores

  • Data: 30/10/2019 10:10
  • Alterado: 30/10/2019 10:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: SMABC
Sindicato faz última assembleia com os trabalhadores na Ford São Bernardo

Sindicato faz última assembleia na Ford e cobra do governo liberação de financiamento para novo negócio

Crédito:Adonis Guerra

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O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizou na manhã desta terça-feira (29) a última assembleia com os trabalhadores na Ford São Bernardo, depois um de um longo processo de mobilização iniciado em fevereiro, após a montadora anunciar o fechamento da unidade. A empresa encerra hoje (30) a produção de caminhões, que atualmente emprega cerca de 650 trabalhadores. A produção de automóveis acabou em julho, com a demissão dos 750 trabalhadores responsáveis pela fabricação do modelo New Fiesta, único produzido na unidade.

Durante a assembleia, representantes do Sindicato lembraram ações realizadas pela entidade em conjunto com os trabalhadores na tentativa de reverter a decisão da montadora – greve, atos e passeatas, além da ida de dirigentes à matriz da Ford, nos EUA, para uma conversa com a direção mundial da empresa. Após a confirmação de que o fechamento da unidade era irreversível, os esforços voltaram-se para a negociação de um pacote de indenização que ajudasse a amenizar o impacto da decisão sobre os trabalhadores, o que foi alcançado, e para o contato com diversas instâncias do poder público que pudessem ajudar na busca de um comprador que mantivesse o parque fabril e os empregos.

Ao lembrar o intenso processo, o presidente do Sindicato, Wagner Santana, reforçou que não houve por parte do governo federal o empenho necessário para garantir a manutenção da Ford e dos empregos, assim como não está havendo agora para viabilizar a compra da montadora pela empresa interessada.  “Tivemos várias conversas com a direção da Caoa e conseguimos negociar toda a parte relativa às questões trabalhistas. Aceitamos o estabelecimento de uma tabela de bases salariais correspondente a cerca de 80% dos valores praticados pela Ford, acertamos tabela de reajustes anuais e a maioria das cláusulas sociais. No entanto, temos a informação de que a negociação não foi concluída ainda porque a Caoa não está conseguindo acesso a financiamento pelo BNDES. É um governo que não está preocupado com a indústria nacional, nem com os trabalhadores”, destacou.

Ex-presidente do Sindicato e atual presidente do TID-Brasil (Instituto Trabalho Indústria e Desenvolvimento), Rafael Marques também cobrou o governo. “O governador João Dória disse que o ministro Paulo Guedes era um parceiro. Cadê a parceria? O BNDES não confirma se vai financiar a compra. Uma fábrica multinacional podendo ser comprada por uma empresa brasileira, que quer crescer no mercado automotivo, não é importante para o País? Isso já não seria motivo para o Banco oferecer uma linha de financiamento? Vemos que ele não é parceiro da indústria brasileira, nem dos trabalhadores, está preocupado unicamente com o mercado financeiro”, questionou. Trabalhador na Ford, Marques lembrou que em 2005 também houve risco de fechamento da fábrica, mas a intervenção do Sindicato junto ao governo permitiu que a empresa se mantivesse na região.

O coordenador do Comitê Sindical na Ford, Adalto Oliveira, orientou os trabalhadores a respeito do que deverá ocorrer nos dias. A partir da quinta-feira (31) a Ford inicia o processo de desligamento dos 650 trabalhadores da produção. Permanecem na planta até março cerca de mil trabalhadores dos setores administrativos, que serão mantidos pela montadora. A partir de abril, eles serão transferidos para uma nova sede na capital paulista. Nos próximos dias, continuam sendo realizados no Sindicato módulos dos cursos de educação financeira e orientação para o mercado e carreira, oferecidos pela entidade.

O presidente do Sindicato lembrou aos metalúrgicos que se mantenham atentos, pois qualquer nova informação relativa à negociação com a Caoa será repassada a todos. “Nossa luta não termina aqui”, ressaltou.

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Crédito:Adonis Guerra Última assembleia com os trabalhadores na FORD. 29.10.2019 Foto: Adonis Guerra/SMABC
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Crédito:Adonis Guerra Última assembleia com os trabalhadores na FORD. 29.10.2019 Foto: Adonis Guerra/SMABC
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Crédito:Adonis Guerra Última assembleia com os trabalhadores na FORD. 29.10.2019 Foto: Adonis Guerra/SMABC
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Crédito:Adonis Guerra Última assembleia com os trabalhadores na FORD. 29.10.2019 Foto: Adonis Guerra/SMABC
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Crédito:Adonis Guerra Sindicato faz última assembleia na Ford e cobra do governo liberação de financiamento para novo negócio










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