Ferramentarias debatem desafios e oportunidades do setor
Em encontro em São Bernardo, políticas nacionais da indústria, visão dos clientes, dificuldades na cadeia produtiva e futuro das empresas foram temas abordados no evento
- Data: 23/07/2016 09:07
- Alterado: 23/07/2016 09:07
- Autor: Joyce Cunha
- Fonte: Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC
Crédito:Max Schwoelk Fotografia
Nesta sexta-feira, dia 22, São Bernardo do Campo sediou o 9º Encontro Nacional de Ferramentarias. Cerca de 300 empresários, gestores e profissionais da indústria automotiva, especialmente de ferramental, participaram do evento, realizado no SENAI Mário Amato. Políticas federais para o setor produtivo, experiências bem-sucedidas, inovação, desafios, história e futuro das empresas da área foram temas pautados durante o dia.
“São Paulo é o maior polo de ferramentarias do país, com cerca de mil empresas. São Bernardo do Campo é logisticamente o centro deste adensamento. Para nós, foi uma satisfação trazer o Enafer para cá. O objetivo do evento é promover integração, a troca de culturas, de possibilidades, das melhores práticas, sendo, dessa forma, uma experiência benéfica para todos”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (ABINFER), Christian Dihlmann.
Presente na abertura do Encontro, o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, professor Joaquim Celso Freire, falou sobre a importância do debate para estimular a busca por soluções, especialmente neste momento desafiador para a economia do país. “Também devemos lembrar que os assuntos aqui colocados estão permanentemente em pauta na região por meio do Arranjo Produtivo Local de Ferramentaria do Grande ABC, grupo que faz importantes contribuições ao setor”.
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA E INOVAÇÃO EM PAUTA
Destaque da programação, a diretora do Departamento das Indústrias para a Mobilidade e Logística do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Margarete Gandini, apresentou resultados do atual ciclo da política automotiva e desafios que se colocam para o próximo ciclo.
“O que se destacou no atual ciclo foram os avanços em termos de Pesquisa e Desenvolvimento e a parte da eficiência energética. Temos a clareza, entretanto, de que precisamos avançar mais nessas linhas, especialmente frente aos grandes desafios tecnológicos que se colocam para a indústria na próxima década”, afirmou.
Margarete observou, ainda, que a questão da segurança veicular e da conectividade dos veículos seguirá pautada no processo de construção do novo ciclo de políticas para o setor, que já inclui debates sobre as possibilidades de formatação da segunda fase do Regime Automotivo Inovar Auto. “Estamos fazendo reuniões com representantes de montadoras, autopeças e demais representantes de governo para discutir o contexto da indústria automotiva brasileira e os avanços colhidos a partir do ciclo que ainda está em curso”, concluiu.
Durante o Encontro, os empresários também puderam conhecer o ponto de vista das montadoras, clientes estratégicos das indústrias de ferramental. O gerente de Otimização de Custos do Produto da Volkswagen, Paulo Braga de Melo, sinalizou, entre outros aspectos, a necessidade do planejamento industrial, da qualificação de mão de obra para o setor e da modernização de processos para que as empresas sejam mais competitivas em relação a outros mercados.
“Precisamos fazer, primeiramente, grande planejamento industrial, principalmente no campo das ferramentarias. Hoje se faz o ferramental na Europa ou na Ásia com tempo e preço reduzidos. É preciso mudar a indústria, que precisa produzir novas tecnologias”, disse.
A “inovação frente à inércia das empresas” foi tema de palestra ministrada pelo professor doutor da FGV, Eduardo Maróstica. “O Brasil não vai quebrar. Somos um player fantástico. Nós precisamos nos reinventar. Parar de lamentar e agir”, pontuou.
No período da manhã, o presidente da ABINFER, Dihlmann, e Pedro Luiz Pereira, diretor executivo da entidade, apresentaram prestação de contas da Associação. A programação contou, ainda, com a exposição do case da ferramentaria da Stamp Molde.
MESA REDONDA RETOMA HISTÓRIA DAS FERRAMENTARIAS DA REGIÃO E HOMENAGEIA ANTIGOS PROFISSIONAIS DA ÁREA
A programação do 9º Encontro Nacional de Ferramentaria realizada durante toda esta sexta-feira foi encerrada com homenagem a cinco antigos ferramenteiros que tiveram trajetória profissional em grandes indústrias da região. Os homenageados participaram de mesa redonda para fomentar o debate sobre as “Memórias da ferramentaria no Brasil e a visão dos próximos anos”.
O professor Ademir Munhoz, ferramenteiro com 57 anos de atuação na área, foi o mediador do bate-papo. Munhoz formou-se na primeira turma de ferramentaria do país, na Escola da Volkswagen. “A ferramentaria foi a alavanca da minha vida. Foi, para mim, o instrumento que me levou para a sala de aula. Me ajudou a chegar onde estou e pagou meus estudos, inclusive minha formação em engenharia mecânica. Sou ferramenteiro e sempre serei”, disse.
Os participantes recordaram técnicas empregadas na produção de ferramental nos anos 70 e 80. Citaram a utilização de instrumentos considerados rudimentares para os parâmetros atuais, como as talhadeiras, em processos que eram, em grande parte, manuais.
Olívio Serra também fez parte da conversa. Com 48 anos de trabalho em ferramentaria, o homenageado falou sobre a trajetória e os desafios enfrentados. “Tenho a satisfação de ter tido um bom salário e aprender coisas que vou levar comigo. Queria que mais gente tivesse a satisfação de aprender o que aprendi, de viver o que eu vivi graças à ferramentaria”, declarou.
Ademir Duo, 48 de profissão como ferramenteiro, ainda trabalha na área e acredita que, por mais desafiador seja o momento que empresas como a que ele trabalha enfrentam, há alternativas. “Temos que inovar. Precisamos também de incentivos para que as empresas possam investir. Temos que lutar até a última instância”, opinou.
Alcides Battistin, que conta com 49 anos de serviços prestados em ferramentaria, e José Roberto Dentello, que atuou por 55 anos no setor, também participaram do debate e foram homenageados.
SOBRE O ENAFER – Encontro Nacional de Ferramentarias:
O 9º Encontro Nacional de Ferramentarias foi realizado pela ABINFER, com apoio da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e outras empresas e instituições. Participaram da atividade empresários de todo o país – além do ABC e do Estado de São Paulo, empresas de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e do México.
Autoridades da região prestigiaram o Encontro, entre elas o diretor de Programas e Projetos do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Hamilton Lacerda, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo, Hitoshi Hyodo, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de Santo André, Ronaldo Tadeu Ávila, e o diretor de Organização do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Roberto Nogueira da Silva.
Ao final do evento, o presidente da ABINFER, Dihlmann anunciou a realização do 10º Enafer em Joinville, em 2017. O município catarinense também sediará no próximo ano a Conferência Mundial de Ferramentaria.