Espetáculo Almarrotada cria diálogo sobre a condição de cuidadora imposta às mulheres

Com orientação de Luiz Fernando Marques, espetáculo estreado em 2018 nasceu como desdobramento da pesquisa realizada pela atriz sobre as diferentes formas de solidão

  • Data: 09/11/2021 15:11
  • Alterado: 09/11/2021 15:11
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Espetáculo Almarrotada cria diálogo sobre a condição de cuidadora imposta às mulheres

Espetáculo Almarrotada

Crédito:Arô Ribeiro

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A “solidão acompanhada” experimentada por tantas mulheres casadas é discutida em Almarrotada, com dramaturgia, direção e atuação de Melina Marchetti e orientação de Luiz Fernando Marques – o Lubi, do Grupo XIX de Teatro. O espetáculo estreou em 2018 e agora ganha duas novas sessões abertas ao público no Teatro Lauro Gomes, no dia 12 de novembro, às 21h, e no Espaço Cultural Pulo do Sapo (Favela do Sapo), no dia 21 de novembro, às 16h, ambos em São Bernardo do Campo. Os ingressos são gratuitos e distribuídos 1 hora antes da sessão. 

Também terá duas apresentações fechadas ao público na EJA EMEB Celso Daniel, no dia 22 de novembro, e no Centro de Referência e Apoio à Mulher Márcia Dangremon, no dia 1º de dezembro. 

A peça retrata os sentimentos contraditórios de angústia e de ânsia por liberdade vividos por uma mulher diante da iminência de morte de seu marido, de quem cuidou a vida toda e agora está internado no hospital. O público acompanha as histórias, medos, desejos e comportamentos dessa mulher, a quem foi imposta a condição de cuidadora e que acabou se transformando em uma coadjuvante da própria vida. 

“Historicamente é nítido como esse papel de cuidadora é ocupado massivamente por mulheres. Uma coisa é querer compartilhar o cuidado com o outro. Outra é essa função ser imposta a você desde criança”, conta a atriz e diretora Melina Marchetti. 

O trabalho estreou em 2018 em uma curtíssima temporada na Escola Livre de Teatro de Santo André, como um desdobramento de uma pesquisa de Melina Marchetti sobre sexismo, machismo estrutural, as várias formas de solidão inerentes ao universo feminino, heteronormatividade e as construções sociais sobre o amor romântico.

A dramaturgia foi construída a partir do mote de pesquisa “é preciso ser mulher por muitos anos para desaprender as coisas pelas quais ensinaram você a se desculpar”, livremente inspirado no conto O Cesto, de Mia Couto, e amparada pelos livros Um Teto Todo Seu, de Virgínia Woolf; O Feminismo é para todo mundo, de Bell Hooks; e O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir. 

A ideia da encenação, que assume o tom tragicômico, é mostrar a busca dessa personagem pelo resgate de seu protagonismo de vida e pela realização dos próprios desejos. Dessa maneira, a atriz e dramaturga estabelece um diálogo com mulheres de diferentes gerações sobre a necessidade de se romper com as estruturas aprisionantes. 

“Hoje, depois de ter feito esse espetáculo, desenvolvi maior entendimento e um profundo respeito e admiração pelas mulheres de outras gerações que passaram por todo esse anulamento e, ainda assim, resistiram e existiram transformando realidades, dentro do possível. Mesmo que não tenham conseguido se libertar totalmente dessa situação, minha vó criou minha mãe, que avançou um tanto mais, e minha mãe me criou, para que eu podesse entender que essa figura de cuidadora não é obrigatória na nossa condição de mulher e sim, foi imposta pela sociedade”, reflete Marchetti. 

O solo ainda defende o reencontro da mulher consigo mesma. “É um trabalho de escutar os nossos desejos e impulsos reais. Parece simples, mas mesmo hoje em dia, quando temos mais consciência para essas imposições do patriarcado, essas coisas ainda pautam as nossas relações amorosas, familiares e até as amizades. Com a peça, não quero sanar as minhas dores, mas estabelecer um diálogo com o público, tanto com mulheres como com os homens, para criar pequenas fissuras nessas carapaças que criamos para sobreviver à sociedade machista”, acrescenta a artista. 

A pesquisa que nasceu em Almarrotada também deu origem ao livro infantil A Menina e o Esperar (ainda não publicado) e ao espetáculo Rosário de Desamores ou Há Coisas Piores para Sentir do que Não Sentir Nada?, surgido a partir das provocações cênicas de Janaína Leite. A montagem aborda o ideal promovido pelo amor romântico e seus dispositivos falaciosos que povoam o nosso imaginário e moldam a forma como a sociedade contemporânea se relaciona de forma abusiva e violenta. 

Histórico do espetáculo

Almarrotada estreou em novembro de 2018, realizando uma mini-temporada na Escola Livre de Teatro de Santo André. Em 2019, a convite do NED – Núcleo Experimental de Dramaturgia da cidade de São Bernardo do Campo (SP), foi apresentado na cidade. Em setembro de 2019, o solo realizou duas apresentações na sede A Próxima Companhia (SP) e, em novembro desse ano, foi apresentado no 9º Festival de Teatro de Sarapuí, onde recebeu os prêmios de Melhor Espetáculo, Melhor Atriz, Melhor Texto, Melhor Cenário e Melhor Iluminação e foi indicado nas categorias de Melhor Direção, Melhor Figurino e Melhor Sonoplastia. 

Em 2020, a peça foi selecionada para compor a programação oficial do FETEG – Festival de Teatro de Guaranésia (MG) e para o Festival de Teatro de Ubá (MG), ambos adiados pela pandemia de Covid-19. Em 2021, realizou apresentação online como programação da Casa de Cultura Santo Amaro; participou da 5ª edição da Mostra Mulheres em Cena da Cia. Fragmentos de Dança na Oficina Cultural Oswald Andrade; e foi convidado a participar do Festival As Marias Brasil-Portugal. 

Sinopse:

Hoje é a milésima vez! Viver uma vida em função do outro e procurando a si mesma. Almarrotada é uma investigação sobre solidão “acompanhada” de tantas mulheres casadas no Brasil e no mundo.

Sobre Melina Marchetti

Dramaturga, atriz, diretora e roteirista bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com 15 anos de trajetória artística. É criadora do projeto Almarrotada, onde foi autora dos espetáculos Almarrotada (2018), Rosário de Desamores (2021) e do livro infantil A Menina e o Esperar. Também é fundadora e diretora artística da Cia. Teatral Circo Delas, onde concebeu os espetáculos Dia de PraiaAs Clássicas, a micro-série Calma, ainda não pode sair e os curtas O BombomO Sol é para todes e A Vizinha.

Recebeu os prêmios de Melhor Espetáculo, Melhor Atriz e Melhor Texto, Melhor Cenário e Melhor Iluminação no 9º Festival de Teatro de Sarapuí pelo monólogo Almarrotada, além de indicação à Melhor Direção. Foi Prêmio Destaque na Pesquisa de Palhaçaria pelo 8º Festival de Teatro de Sarapuí pelo espetáculo solo Dia de Praia

Ficha Técnica:

Dramaturgia, Direção e Atuação: Melina Marchetti. Orientação: Luiz Fernando Marques Lubi. Provocação Cênica: Bruna Betito. Figurino: Nagila Sanchês. Cenotécnico: Bira Nogueira. Iluminação: Melina Marchetti. Operação de Som e Luz: Denise Hyginio. Produção Executiva: Nayara Meneghelli. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Fotos: Carolina Santarella e Arô Ribeiro. Arte: Magnólia Cultural.

O espetáculo Almarrotada é realizado pela Secretaria de Cultura e Juventude de São Bernardo do Campo, com recursos da Lei Federal nº 14.017/2020 – Aldir Blanc. 

Serviço

ALMARROTADA

Dia 12 de novembro – Sexta-feira, às 21h

Teatro Lauro Gomes – Rua Helena Jacquey, 171 – Rudge Ramos, São Bernardo do Campo, SP (com acessibilidade para cadeirantes)

Ingressos: Grátis (ingressos distribuídos 1 hora antes da sessão)

Sessão com tradução simultânea em libras. 

Dia 21 de novembro – Domingo, às 16h

Espaço Cultural Pulo do Sapo (favela do sapo) – Rua Unidos da Esperança, s/n, Jd. Laura, São Bernardo do Campo, SP

Ingressos: Grátis (ingressos distribuídos 1 hora antes da sessão)

Dia 22 de novembro – Segunda-feira, às 19h30 (apresentação fechada)

EJA EMEB Celso Daniel – Centauro (Cj Hab Três Marias), 190 – Cooperativa, São Bernardo do Campo, SP 

Dia 1º de dezembro – Quarta-feira, às 14h (apresentação fechada)

Centro de Referência e Apoio à Mulher Márcia Dangremon – Rua Dr. Fláquer, 208 – 2° Andar – Centro, São Bernardo do Campo, SP

Duração: 40 minutos.

Classificação etária: 14 anos.

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