Afastamentos por ansiedade e depressão podem impactar nos acidentes de trânsito
Alta nos afastamentos por saúde mental levanta alerta sobre seus efeitos no trânsito e na segurança viária
- Data: 12/03/2025 16:03
- Alterado: 12/03/2025 16:03
- Autor: Luiz Vicente Figueira de Mello Filho
- Fonte: ABCdoABC
O Brasil enfrenta um cenário alarmante quando o assunto é saúde mental no trabalho. Os números divulgados esta semana mostram que os afastamentos por ansiedade e depressão atingiram o maior patamar dos últimos 10 anos.
Os afastamentos em 2014 por ansiedade chegaram a 30.000 casos, em 2024 o valor foi de 141.414. Quase cinco vezes superior.
Dos 3,5 milhões de pedidos de licença aprovados no INSS em 2024, 472 mil estão relacionadas à saúde mental. Em 2023, o número foi de 283 mil, 60% a menos que 2024.
O que os dados revelam?
Os dados mostram que o efeito pós pandemia agravou os afastamentos por ansiedade, superando os afastamentos por depressão, que historicamente foi superior até 2021.
O maior volume de afastamentos ocorreu nos estados mais populosos: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, em particular, o impacto proporcional é ainda maior, reflexo da tragédia das enchentes, segundo os especialistas.
O sexo feminino tem sido o mais afetado, seja pela dupla jornada com as responsabilidades familiares, seja pela pressão e remuneração inferior ao homem, que equivale a 82% das áreas avaliadas, de acordo com o IBGE.
Há uma relação entre ansiedade e o aumento dos acidentes?
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a pedido da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), problemas ligados à saúde mental foram responsáveis por pelo menos 30% dos acidentes de trânsito nas rodovias federais entre janeiro e setembro de 2024.
A maneira como nos deslocamos reflete o nosso estado mental. O crescimento das tensões no trânsito pode ser um indicativo de uma população cada vez mais ansiosa e sobrecarregada.
No dia de hoje, 12 de março de 2025, mais uma morte no trânsito por acidente ocorreu. Neste caso específico, devido ao desentendimento em via pública na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo.
E os trabalhadores informais e MEIs? Como estão essas pessoas?
Os números oficiais se baseiam em dados do INSS. Os MEIs também contribuem com o INSS, mas as perdas momentâneas, dependendo da atividade, como aplicativos de entregas, podem ser impactantes no orçamento familiar, e pode não refletir integralmente o número de pessoas que precisariam de ajuda.
Nos últimos dois anos, o número de microempreendedores individuais (MEIs) cresceu 11,4%, atingindo 14,6 milhões de brasileiros. Foram 1,5 milhão a mais de trabalhadores nesta modalidade.
Será que essa estatística esconde uma realidade ainda mais preocupante de sobrecarga e falta de suporte à saúde mental? A vida acelerada, de quem demanda um trabalho, de quem vai ao trabalho, smartphone conectado 24 horas por dia, desatenção nas atividades causadas pelas redes sociais, perda de foco no que faz, também podem estar contribuindo com os malefícios e, consequentemente, em acidentes de trânsito.
Luiz Vicente Figueira de Mello Filho

Especialista em mobilidade urbana e agente de transformação nesse setor. Atualmente, é colunista de mobilidade do portal ABCdoABC. Atua como pesquisador no Programa de Pós-Doutorado em Engenharia de Transportes e é professor credenciado na Faculdade de Tecnologia da Unicamp. Possui doutorado em Engenharia Elétrica pelo Departamento de Comunicação da FEEC/Unicamp (2020), mestrado em Engenharia Automotiva pela Escola Politécnica da USP (2009) e pós-graduação em Comunicação e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero (2005). Formado em Administração de Empresas (2002) e Engenharia Mecânica (1999) pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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