Professora da Etec de Artes é indicada ao 35º Prêmio Shell de Teatro
Educadora concorre com peça que leva o espaço cênico para o interior de um quarto; desafio é fazer a interaçao entre público e ator paralisado por Esclerose Lateral Amiotrófica
- Data: 14/03/2025 14:03
- Alterado: 14/03/2025 14:03
- Autor: Redação
- Fonte: CPS
A professora Lana Sultani, da Escola Técnica Estadual (Etec) de Artes, da Capital, concorre ao 35º Prêmio Shell de Teatro, uma das premiações mais prestigiadas em território brasileiro. Ao lado dos atores João Vicente Estrada e Ricardo Loureiro, ela foi indicada na categoria Energia que vem da gente, idealizada para premiar peças que exercem um impacto positivo na sociedade. Os vencedores serão anunciados na terça-feira (18).
A peça Tudo é minúsculo e tudo é presença é encenada em um quarto onde João está deitado em uma cama hospitalar, respirando por aparelhos, comunicando-se por sinais enviados pelos movimentos dos olhos para a tela de um computador que os traduz em uma voz robotizada. Diante de uma pequena plateia, o homem está coberto por tecidos azuis e usa uma máscara de mergulho na cabeça. Tudo é real. João tem Esclerose Lateral Amiotrófica – ELA, doença neurodegenerativa que provoca a paralisia gradual dos músculos.
Em um espaço delimitado por quatro paredes, há música, dança e interação. “Gosto de instaurar o teatro em ambientes diversos”, conta a professora, autora de experimentos teatrais com povos originários e quilombolas da Amazônia.
Em 2012, ao ministrar uma oficina no Rio de Janeiro, ela conheceu João, hoje com 42 anos. Os dois trabalharam juntos e a parceria ficou mais intensa, a partir de 2020, quando João revelou em um telefonema a Lana sua condição recém-descoberta.
Em 2022, João apresentou A Ilha do Farol, no Teatro Sérgio Porto, no Rio de Janeiro – um monólogo escrito por ele. No palco, em uma cadeira de rodas, com roupa preta, gorro vermelho e microfone para captar a voz por um fio, narrava fatos inventados e outros vividos. O mar, com suas profundezas, já havia se tornado uma representação de seu corpo encarcerado.
O tátil e o audível
Tudo é minúsculo e tudo é presença viria depois, em 2024, quando o ator se encontrava com os movimentos limitados aos grupos musculares da cabeça e do pescoço. Lana pensou a acessibilidade para além da rampa. “Como criar uma situação cênica nessas circunstâncias?”, perguntava-se. Chamou o amigo Ricardo e juntos foram tecendo sensibilidades táteis (Lana dança com João ao som de Georgia on my mind, de Ray Charles, tocando os dedos do amigo) e audíveis (João dubla Vapor Barato, que ecoa pelo quarto na voz de Gal Costa). A professora é a responsável pela dramaturgia e pela direção.
No segundo ato, Lana e Ricardo convidam a plateia de até onze pessoas para o improviso. Agora serão eles os atores e João a plateia. A partir de objetos oferecidos, eles deixam a imaginação solta – já encenaram uma novela de baixo orçamento, tocaram música e gravaram um videoclipe.
Resultado de uma produção independente, a peça foi viabilizada graças a uma vaquiinha feita na internet. Foram 27 apresentações quinzenais, encerradas em dezembro de 2024. Lana conta que o amigo, surfista, além de ator, quer estar presente à premiação. Conta também que ele nunca tem sonhos em que está paralisado. Sonha com movimentos, areia, amigos e mar.
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