Fernanda Montenegro reflete sobre desafios sociais em nova estreia cinematográfica
Pré-estreia de 'Vitória' com Fernanda Montenegro destaca a luta contra a violência no Brasil. Um chamado à ação através da arte e do cinema
- Data: 13/03/2025 11:03
- Alterado: 13/03/2025 11:03
- Autor: Redação
- Fonte: Estadão
Na segunda-feira, 10, o Teatro Municipal de São Paulo foi palco de uma pré-estreia memorável para o filme Vitória, dirigido por Andrucha Waddington. O evento contou com a presença de autoridades e convidados ilustres, refletindo a importância da obra no cenário cultural brasileiro. A estreia oficial do longa, que é uma produção original da Globoplay, ocorrerá nas salas de cinema de todo o Brasil nesta quinta-feira, 13.
Vitória narra a história real de Joana da Paz, uma mulher que observa a realidade brutal do tráfico de drogas e da corrupção policial em sua vizinhança em Copacabana. A protagonista, conhecida como Dona Nina, representa a indignação diante da violência diária e decide documentar os horrores que testemunha através de uma câmera.
Aos 95 anos, Fernanda Montenegro, que desempenha o papel principal, usou a ocasião para compartilhar suas reflexões sobre a atual situação do Brasil. Em uma entrevista por e-mail, ela afirmou: “Nosso País continua caminhando para o pior na área da sobrevivência humana.” Este depoimento ressalta não apenas a relevância da narrativa do filme, mas também o engajamento social da atriz.
A apresentação do filme deixou no ar um possível adeus ao cinema por parte de Fernanda Montenegro. Contudo, ela reafirmou seu compromisso com a arte ao continuar a leitura de obras significativas, como as de Simone de Beauvoir. Sua carreira continua ativa com outro filme já gravado sob a direção de seu filho, Cláudio Torres.
Em Vitória, Dona Fernanda se destaca em um papel que exige energia e presença. Isso contrasta com seu desempenho em Ainda Estou Aqui, onde interpreta Eunice Paiva, uma mulher idosa acometida pelo Alzheimer. A atriz menciona que sua nova personagem oferece mais oportunidades para expressar emoções complexas.
Comparando Vitória com seu trabalho anterior em O Outro Lado da Rua, Montenegro observa que ambos os filmes abordam questões sociais importantes, embora Vitória traga uma urgência ainda mais palpável. Com a direção experiente de Andrucha Waddington e um elenco que inclui novos talentos como Linn da Quebrada e Alan Rocha, o filme promete ser impactante.
O projeto originalmente idealizado por Breno Silveira foi continuado por Andrucha após o falecimento do diretor. “Terminar esse filme foi uma forma de homenagear Breno”, compartilha Waddington. O enredo é uma reflexão sobre as dificuldades enfrentadas por Dona Nina e outros personagens que vivem sob condições adversas.
Dona Fernanda também falou sobre o impacto das obras literárias em sua formação como atriz e cidadã. Ao abordar sua inspiração na obra de Beauvoir, destacou a importância do respeito humano e da luta pela sobrevivência: “Vivemos uma época libertária, embora lutando contra as adversidades”.
Com um histórico notável no cinema brasileiro e após ser indicada ao Oscar por Central do Brasil, Fernanda Montenegro expressou orgulho ao ver sua filha, Fernanda Torres, seguir seus passos no mundo artístico. “É um momento histórico para o Cinema Brasileiro”, comentou sobre o prêmio conquistado por Ainda Estou Aqui.
Ao final da entrevista, Montenegro fez um apelo aos espectadores: “Vitória não é apenas um retrato daquela época; é um protesto contra a realidade atual. Vejam Vitória!” Este chamado reflete não apenas sua paixão pela atuação, mas também seu desejo genuíno por mudança social através da arte.
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