Relatório revela aumento da violência no Brasil, com 6.769 tiroteios e 4.104 mortes em 2024
Atualmente, cerca de 4,8 milhões de armas estão em posse da população civil
- Data: 19/02/2025 07:02
- Alterado: 19/02/2025 07:02
- Autor: Redação
- Fonte: Instituto Fogo Cruzado
Um novo relatório anual divulgado pelo Instituto Fogo Cruzado destaca um cenário alarmante de violência armada nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Recife, Belém e Salvador. Em 2024, foram contabilizados 6.769 tiroteios, resultando em 5.936 pessoas baleadas, das quais 4.104 perderam a vida e 1.832 ficaram feridas. Um dado preocupante é que aproximadamente 29% dos tiroteios ocorreram durante operações policiais.
O estudo, que abrange as regiões Sudeste, Nordeste e Norte do Brasil, permite uma análise detalhada dos padrões de uso da força letal por parte do Estado e dos conflitos entre grupos armados nas áreas urbanas. A pesquisa evidencia não apenas os padrões comuns, mas também as particularidades regionais na aplicação da força.
“A persistência da violência armada é um desafio significativo para a sociedade brasileira. Os efeitos são devastadores, especialmente para crianças, adolescentes e comunidades em situação de vulnerabilidade. A liberalização do acesso a armas, sem o devido controle regulatório, juntamente com uma política de segurança centrada no confronto, alimenta um ciclo de violência contínuo”, afirma Cecília Olliveira, diretora-executiva do Instituto Fogo Cruzado.
Os dados revelam uma tendência preocupante: entre 2017 e 2023, houve um aumento de 227% no número de armas registradas em território nacional. Atualmente, cerca de 4,8 milhões de armas estão em posse da população civil.
Outro dado alarmante diz respeito ao número de mortes em confrontos com forças de segurança; entre 2015 e 2024, mais de 51 mil pessoas perderam a vida nesse contexto.
Rio de Janeiro
No estado do Rio de Janeiro, foram registrados 2.532 tiroteios ao longo de 2024, o que representa uma média de sete incidentes diários na região metropolitana. Este número é o menor desde o início da série histórica em 2017, que atingiu seu pico em 2018 com 9.633 registros. No entanto, o ano atual também apresentou a maior proporção de tiroteios relacionados a ações policiais já documentada: 36% dos casos. Além disso, 1.968 instituições educacionais e 1.136 unidades de saúde foram impactadas por esses conflitos. O registro de crianças baleadas atingiu um recorde histórico com 26 jovens menores de 11 anos vítimas desse tipo de violência.
Pernambuco
Na região metropolitana do Recife, observou-se uma leve redução no número de tiroteios: de 1.827 em 2023 para 1.748 em 2024 — uma diminuição de apenas 4%. Apesar disso, esse número é considerado o segundo maior desde o início da coleta dos dados pelo instituto. Pernambuco apresenta os índices mais preocupantes em relação à violência armada; impressionantes 97% dos disparos resultaram em vítimas nesta região metropolitana — a maior taxa entre todos os estados analisados.
Em relação às crianças e adolescentes baleados, o ano de 2024 marcou um recorde negativo com 147 casos registrados, levando a 101 mortes nesse grupo etário. Desde 2019, já são contabilizados 735 jovens até 17 anos atingidos por disparos.
Bahia
A região metropolitana de Salvador viu uma ligeira diminuição nos tiroteios, passando de 1.804 em 2023 para 1.795 em 2024 — uma queda de apenas 0,4%. A média diária foi estimada em cinco tiroteios na área metropolitana baiana. Em relação às operações policiais, constatou-se que 38% dos confrontos estavam associados a essas ações — um aumento sutil em comparação aos 36,5% do ano anterior.
Em termos mais trágicos, Salvador registrou 27 chacinas que resultaram na morte de 92 civis; no ano anterior foram registradas 48 chacinas com um total de mortos chegando a 190. Em torno de 59% das chacinas ocorreram durante operações policiais em 2024.
Pará
No Pará, especificamente na região metropolitana de Belém, foram documentados um total de 694 tiroteios em que impressionantes 42% deles se deram durante ações policiais — a maior taxa registrada entre os quatro estados analisados.
Dos indivíduos baleados neste estado ao longo do ano passado (686), apenas duas vítimas foram atingidas por balas perdidas enquanto outras foram alvos diretos em ataques armados.
Medidas Urgentes
Diante desse cenário alarmante e crescente da violência armada no Brasil, Cecília Olliveira enfatiza a necessidade urgente por políticas públicas eficazes e fundamentadas em evidências concretas.
“Há oito anos apresentamos dados que refletem o sofrimento das famílias e o temor da população. Infelizmente, as políticas públicas não têm se mostrado efetivas ou inovadoras nesse período. É imprescindível desenvolver estratégias com metas claras que sejam construídas a partir dos dados disponibilizados pelo governo e pela sociedade civil; isso inclui um foco especial na fiscalização e controle das armas e uma reavaliação das estratégias atualmente empregadas no combate à violência — todas devem ser baseadas em evidências sólidas”, conclui Olliveira.

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