Desafios da Diplomacia Brasileira em 2025

Tensões com EUA, Brics e a Venezuela prometem um cenário complexo para o Itamaraty.

  • Data: 01/01/2025 09:01
  • Alterado: 01/01/2025 09:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Desafios da Diplomacia Brasileira em 2025

Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil

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A diplomacia brasileira antecipa um 2024 promissor, marcado pela realização da cúpula do G20 no Rio de Janeiro e a iminente assinatura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. No entanto, tensões recentes entre o governo Lula e países vizinhos criaram um cenário desafiador para o Itamaraty, que agora se prepara para enfrentar um 2025 repleto de incertezas no contexto internacional.

Com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o panorama político e econômico global apresenta novas dinâmicas. Desde sua campanha, Trump enfatizou a intenção de impor tarifas mais altas e adotar uma postura agressiva, até mesmo em relação a aliados europeus, em negociações bilaterais e fóruns multilaterais.

Em dezembro passado, Trump incluiu o Brasil na lista de países que, segundo ele, praticam tarifas elevadas, prometendo um tratamento recíproco. Essa declaração, aliada ao relacionamento tenso entre ele e o presidente Lula — que manifestou preferência pela vitória de Kamala Harris — sugere que a diplomacia brasileira enfrentará um novo desafio nas relações bilaterais Brasil-EUA em 2025.

A cúpula do Brics, programada para 2025 e que marcará a quarta vez que o Brasil sediará o evento, pode se tornar um ponto de atrito significativo. O encontro de 2024 ocorreu na Rússia, onde Lula não pôde participar devido a questões de saúde. O Brics inclui potências como China, Rússia, Índia e África do Sul, além de novos membros como Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. O grupo busca se consolidar como uma alternativa à hegemonia dos Estados Unidos.

Adicionalmente, o Brics tem se posicionado como uma plataforma para países que se opõem ao Ocidente em meio a conflitos internacionais em regiões como o Oriente Médio e a Ucrânia. A recente controvérsia envolvendo as declarações de Lula sobre Israel, comparando suas ações em Gaza ao Holocausto, resultou na classificação do presidente brasileiro como “persona non grata” em Tel Aviv.

Entre os temas abordados nas reuniões do Brics está a promoção do uso de moedas locais para comércio internacional, com o intuito de reduzir a dependência do dólar americano. Trump já sinalizou que poderá impor tarifas significativas sobre produtos oriundos desses países caso essa estratégia avance.

Para o Itamaraty, os desafios em 2025 incluem não apenas a relação com Trump mas também a questão da Venezuela e as dinâmicas dentro do Brics. O novo presidente americano já anunciou planos para elevar as tarifas impostas ao Brasil; portanto, é essencial que o Itamaraty busque estabelecer canais de negociação com sua administração.

A posse de Nicolás Maduro para um novo mandato está agendada para o dia 10 de janeiro; Brasília não reconheceu sua vitória nas eleições alegadamente fraudulentas. Além disso, as negociações para a COP30 Conferência do Clima da ONU — programada para novembro em Belém também exigem atenção especial da diplomacia brasileira.

O Brasil almeja aprofundar seu papel no Brics enquanto evita que o grupo se torne adversário dos EUA. Rodrigo Amaral, professor de relações internacionais da PUC-SP, destaca que “o Brasil precisará ser astuto para articular diplomaticamente aspectos que não prejudiquem seu agronegócio diante das imposições norte-americanas”.

No final de 2024, há motivos para celebração no Itamaraty com os avanços significativos obtidos nas negociações com a União Europeia e na realização bem-sucedida do G20. Apesar das tensões com Javier Milei da Argentina — que inicialmente ignorou Lula durante sua visita ao país — as negociações pragmáticas permitiram avanços na cooperação energética.

A Venezuela continua sendo uma preocupação central para a diplomacia brasileira; mesmo diante das tensões entre os governos brasileiro e venezuelano após as últimas eleições. A custódia da embaixada argentina em Caracas pelo Brasil exemplifica uma colaboração pragmática em meio aos atritos políticos.

O ano de 2024 começou com uma participação ativa do Brasil na mediação do conflito sobre Essequibo entre Venezuela e Guiana; no entanto, as críticas recentes do governo Maduro à administração Lula complicaram essa dinâmica. Em janeiro de 2025, com a posse iminente de Maduro e os desafios subsequentes relacionados à oposição política na Venezuela, o Itamaraty terá que manobrar cuidadosamente suas ações diplomáticas.

A COP30 será um momento crucial para reafirmar compromissos ambientais globais; contudo, os resultados das recentes conferências climáticas foram considerados insatisfatórios. O Brasil deve pressionar por maior financiamento internacional para atingir as metas acordadas no Acordo de Paris. Com Trump possivelmente retirando os EUA desse acordo novamente, a pressão sobre os demais signatários aumentará ainda mais.

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  • Data: 01/01/2025 09:01
  • Alterado:01/01/2025 09:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress











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