Falta de quórum: Conselho de Ética adia deliberação sobre quebra de decorro parlamentar
Reunião do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de SP tinha como pauta o processo apresentado pela deputada Carla Morando contra o deputado Luiz Fernando
- Data: 23/08/2023 21:08
- Alterado: 01/09/2023 19:09
- Autor: Be Nogueira
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:Foto: Be Nogueira/ABCdoABC
A reunião do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), ocorrida nesta quarta-feira (23), não seguiu a diante por falta de quórum (quantidade mínima obrigatória de membros presentes), mas foi marcada pelo debate sobre a representatividade feminina e a deputada Carla Morando alega “manobra do PT”. A pauta central do encontro foi a análise do Processo RGL 21919/2023, uma representação apresentada pela deputada Carla Morando (PSDB) contra o deputado Luiz Fernando T. Ferreira (PT), por quebra de decoro parlamentar.
A representação de Carla Morando decorre das declarações feitas pelo deputado Luiz Fernando em uma entrevista recente ao Diário do Grande ABC. Na entrevista, o deputado afirmou que a principal “obra” realizada pelo atual prefeito, Orlando Morando, esposo de Carla Morando, foi “eleger e reeleger” a própria esposa a deputada estadual. As declarações causaram desconforto, levando a deputada e primeira-dama a acusá-lo de praticar um crime político de gênero.
No entanto, a análise do processo foi adiada devido à falta de quórum. Dos nove membros do Conselho de Ética, apenas parte compareceu à reunião, inviabilizando a continuidade dos debates e a deliberação sobre a representação.
A ausência de quórum provocou contestação de defesa por parte de Carla Morando, que alegou que a falta de membros presentes foi deliberada para prolongar a reunião e evitar a análise do processo. Luiz Fernando T. Ferreira se defendeu, argumentando que suas declarações não tiveram intenção pejorativa em relação à deputada Carla Morando.
“Talvez o único acerto que esse moço (Orlando Morando) fez foi pensar em lançá-la na política. Então eu não mudaria o termo obra, porque obra para mim é um termo positivo”. E afirma acreditar que a casa não vai aceitar a denúncia. “Eu tenho certeza de que a Comissão de Ética se quer vai aceitar essa denúncia”.
Falta de representatividade feminina no Conselho de Ética da ALESP
Além das polêmicas em torno do processo, a reunião trouxe à tona a questão da representatividade feminina no Conselho de Ética da ALESP. A deputada Carla Morando, acompanhada de sua advogada Gabriela Manssur, destacou a ausência das duas únicas mulheres integrantes do conselho, as deputadas Ediane Maria e Marta Costa.
“Eu senti bastante a falta de ver as únicas duas mulheres que compõem o Conselho de Ética. Principalmente por se tratar de um tema contra a mulher. Um homem não vai ser capaz de saber o sentimento de uma mulher”, afirma Carla Morando.
A advogada que defende o caso da deputada, completa. “Se essas duas mulheres não estão, nós não teremos representatividade de mulher e um apoio feminino para a questão da deputada Carla. Isso importa a todas e não só a deputada”.
A reportagem buscou contato com as deputadas ausentes, porém, até o fechamento desta matéria, não houve retorno ou posicionamento oficial sobre o motivo de suas ausências e a posição delas em relação ao assunto.