Definida Greve na Mercedes
Trabalhadores na Mercedes-Benz entram em greve contra demissão de 500. Sindicato espera um posicionamento do Governo Federal sobre o PPE
- Data: 23/04/2015 09:04
- Alterado: 16/08/2023 10:08
- Autor: Redação
- Fonte: SMABC
Trabalhadores na fábrica da Mercedes-Benz
Crédito:Adonis Guerra
Em assembleia realizada na manhã desta quarta-feira, dia 22, os trabalhadores na fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, em reação à demissão de 500 trabalhadores anunciada pela empresa na última sexta-feira, dia 17. Os demitidos fazem parte do grupo de 715 trabalhadores que estavam com os contratos suspensos até 30 de abril, em regime de layoff.
Há cerca de dois meses o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC vinha realizando um processo de negociação com a empresa com o objetivo de preservar os empregos, em meio ao cenário atual de queda na produção de veículos, em especial no setor de caminhões. Durante a assembleia, o presidente do Sindicato, Rafael Marques, detalhou aos trabalhadores como estavam sendo conduzidas as conversas com a empresa até o momento. “Fizemos 12 reuniões, ou mais, na tentativa de encontrar uma solução negociável. Mas durante todo o tempo a empresa colocava como condição a demissão de trabalhadores. É uma empresa que está há 59 anos aqui, e agora tem tomado atitudes com as quais não podemos concordar. Não vamos aceitar sem luta a demissão desses companheiros”, destacou.
O diretor administrativo do Sindicato e trabalhador na Mercedes, Moisés Selereges, lembrou que o mercado automotivo, em especial o setor de caminhões, enfrenta uma série de dificuldades – a queda nas vendas de caminhões no primeiro trimestre de 2015 chegou a 36,2%. No entanto, ressaltou que o momento requer responsabilidade de todos: “A empresa fala em queda na produção e sabemos que isso é fato. Por isso, estamos reivindicando junto ao governo a adoção de programas que ajudem a enfrentar esse momento. No entanto, a economia é cíclica. Hoje o mercado está mais fraco, mas a empresa registrou nos últimos anos muitos períodos bons, com altas remessas de lucro para sua matriz. Quando se vive um período de crise temos de buscar alternativas à exaustão para não demitir. O trabalhador não pode pagar essa conta”, destacou.
URGÊNCIA – Ontem à tarde, o Sindicato encaminhou ofício aos ministérios da Fazenda, do Trabalho, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e à Secretaria-Geral da Presidência da República, pedindo urgência na adoção do Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e de outras medidas de estímulo à economia. Similar ao modelo alemão adotado no final dos anos 1950, o programa prevê que em tempos de crise os trabalhadores possam ter redução da jornada de trabalho e continuem vinculados à empresa, recebendo seus salários. A complementação do salário do trabalhador seria paga parte por um fundo governamental e parte mediante a negociação com as empresas. A proposta foi apresentada ao governo pela CUT e demais centrais, que aguardam um posicionamento do Governo Federal.