Rael festeja a diversidade da música brasileira em Onda, um álbum sobre o movimento

Com um disco dançante, o cantor e compositor sintetiza a carreira ao misturar black music, pop, ritmos africanos e música preta brasileira em parcerias com Mano Brown, Ludmilla, Ivete Sangalo, Marina Sena, Luedji Luna e mais

  • Data: 21/03/2025 12:03
  • Alterado: 21/03/2025 12:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Rael festeja a diversidade da música brasileira em Onda, um álbum sobre o movimento

Rael

Crédito:Vitor Cipriano

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Deixar os problemas do lado de fora da pista para dançar, flertar e soltar o corpo é a meta de Onda, o quarto álbum-solo de Rael, que se propõe a viajar por sonoridades vibrantes para se comunicar com o público. O estereótipo do MC combativo que expõe as mazelas sociais nas rimas e nos gestos dá lugar a um músico que nos conduz por uma jornada fluida como a maré ao longo de 14 faixas. “A onda, embora encontre barreiras no seu caminho, nunca cessa o seu movimento”, reflete o artista sobre a sensação deixada pelo disco lançado pela Laboratório Fantasma, que chegou nesta quinta-feira, 20 de março, em todas as plataformas de streaming de áudio, acompanhado dos visualizers de cada faixa no canal de YouTube do artista. É impossível ficar parado sem deixar a “onda” te levar através do pagodão baiano, afrobeatblack music, baião, amapiano e, claro, rap. As parcerias de artistas como Ivete Sangalo, Mestrinho, Luedji Luna, Marina Sena, Mano Brown, Ludmilla e outros são reflexo da multiplicidade musical de um disco que já nasce histórico. “É pop com referência da rua, da África, ancestralidade, Nordeste. É diferenciado para não ter cópia”, explica Rael.

“Fazer um disco dançante, que fala de amor, gera até um estranhamento de algumas pessoas do rap. Falam ‘esse cara tá muito levinho’, mas não sabem que por dentro temos vários outros sentimentos”, revela Rael. “Vim da quebrada, passei ‘vários bagulho’. Fazer um disco sobre dança, movimento e alegria é um ato revolucionário”, completa. “Corpos pretos dançantes, pensantes, libertos e esperançosos seguem como ondas resistindo aos novos tempos em busca de futuras conquistas”, diz Dom Filó em participação na faixa que dá nome ao disco, mostrando que ser feliz e dançar não representa alienação.

A produção musical de Onda, assinada com Nave, parceiro de Rael no sucesso “Envolvidão, acompanha a investigação profunda de ritmos da cultura popular brasileira e africana que o cantor paulistano, com 26 anos de carreira, aprimora a cada lançamento. “Quando a gente faz um disco com essa profundidade musical, dessa pesquisa, é pra mostrar que existe arte nas periferias, têm pessoas preocupadas em trazer coisas novas”, reflete Rael. 

“O álbum tem várias nuances, o conceito de onda mesmo. É como se você entrasse no mar: por mais que queira ficar parado, você não consegue. É um rolê”, explica o artista. O movimento que começa com “Simbora!” — que mistura violão e rap, e abre as portas de uma trilha de sensualidade que atravessará boa parte do álbum — é o caminho para chegar à segunda faixa, “Onda (Citação A Onda)”, lançada como single, que conta com sample do hit de Cassiano, lenda da música brasileira falecido em 2021, que teve em Mano Brown o seu maior divulgador para a geração de Rael. O rapper do Racionais MC’s assina a participação na faixa em um tom descontraído, diferente do estilo mais sério que o fez conhecido no cenário nacional. Ao final, a música conta com a participação de Dom Filó, DJ, produtor cultural e ativista do movimento negro, ícone dos bailes de black music na década de 1970, em que afirma: “O filósofo Friedrich Nietzsche declarou: ‘Não acredito num Deus que não dance’. E eu, Dom Filó, acrescento, ‘Não acredito num fiel que não se mexa’”.

A animação da batida pop de “Na Pista Sem Lei”, com participação de Rincon Sapiência e FBC, nos transporta para uma festa, convidando o ouvinte para dançar. Primeiro single do álbum, lançado em novembro de 2024, a música remete aos bailes black, seguindo para “Repara”, sobre um clima de conquista ao som de afrobeat, ritmo do oeste africano. A sensualidade da conquista chega ao ápice com a voz inconfundível de Marina Sena no feat de “Na Minha”. Essa sequência representa os bailes. “Era o lugar que eu ia para celebrar a vida, de aquilombamento, reconhecimento, me sentia fazendo parte de alguma coisa. Fora dali a vida era muito difícil”, lembra Rael. 

Suave” ocupa o lugar de leveza após um encontro especial. A atmosfera se acalma em uma love song envolvente, para voltar a acelerar em “Outro Nível”, um pagodão baiano em parceria com Ivete Sangalo e DJ Gabriel do Borel. O também baiano Mestrinho assume de forma magistral a sanfona em “Saudade de Lascar”, que a princípio seria tocada pelo pai de Rael. “Ele morreu de COVID-19. Eu já tinha mostrado a música pra ele, que era multi-instrumentista. Engraçado que o nome da música já era esse. Disse ‘na hora certa eu vou te acionar’, porque nem estava pensando em disco ainda”, relembra. 

A sanfona dá lugar ao piano e ao som das ondas do mar em “Meu Iô Iô”, com arranjos refinados e a voz grave e aveludada de Luedji Luna. “Ficou uma música com cara de disco caro, sabe? Remete mais a MPB, mas com uma pegada de neo soul”, analisa o cantor, que conseguiu conciliar diferentes tendências musicais de maneira coesa. “É um disco que sintetiza a minha diversidade musical, tem a minha personalidade”, arremata.

Em outra parceria com Mestrinho, “Na Minha Cabeça” é um reggae sanfonado que se mistura ao forró e tem a cara do Nordeste. Ludmilla surge com sua presença impactante em “Vibe”, também lançada como single. É o primeiro amapiano criado por Rael, um “ritmo sul-africano que se popularizou agora, ele flerta com house, que é muito pista”, analisa o artista.

A sequência final do álbum explora a sensualidade, começando por “Chá De Lírio”, que continua no continente africano pelo afrobeat acompanhado de um violão acústico e baixo marcante. “Me Deparei Com a Lua” é um reggae característico da trajetória do artista que transita organicamente por diferentes sonoridades populares. A grande celebração criada pelo compositor finaliza com o afrohouse “Até o Sol Raiar”, com a ousadia característica deste momento artístico e pessoal vivido por Rael. “Falo de sexo de uma maneira adulta, romântica e sensual ao mesmo tempo. Estou um pouco mais atrevido nesse disco”, diz.

“Tem dias que a gente cansa e não quer guerrear. Esse disco não é de guerra. Queria que a pessoa apertasse o play e apenas ouvisse. Segui as batidas do coração e acho que as pessoas vão entender isso”, finaliza Rael.

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  • Alterado:21/03/2025 12:03
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