Indústria chocolateira enfrenta desafios em meio a aumento de preços do cacau
A Páscoa deste ano no Brasil terá chocolates mais caros e em menor quantidade
- Data: 20/03/2025 11:03
- Alterado: 20/03/2025 11:03
- Autor: Redação
- Fonte: G1
A indústria de chocolates no Brasil está se adaptando a um cenário desafiador, especialmente com a aproximação da Páscoa. De acordo com especialistas, a expectativa é que os consumidores enfrentem uma Páscoa marcada por preços mais altos e menor disponibilidade de produtos.
Um dos fatores que contribui para essa realidade é a elevação significativa nos preços do cacau, que atingiu um recorde histórico em dezembro, quando o valor por tonelada alcançou US$ 11.040 na bolsa de valores de Nova York. Essa cifra representa um aumento de 163% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
As dificuldades climáticas nas plantações dos principais produtores, principalmente na África, têm sido apontadas como as principais responsáveis por essa alta. O continente africano responde por cerca de 70% da produção global de cacau, sendo a Costa do Marfim o maior fornecedor, com uma participação de 45% no mercado mundial.
Essa situação tem implicações diretas para o setor chocolateiro brasileiro, uma vez que o preço do cacau é determinado em nível internacional. No último ano, as indústrias brasileiras tentaram mitigar os impactos ao consumidor final através de estratégias como a redução no tamanho das barras e o lançamento de novos produtos em diversas combinações.
No entanto, para esta Páscoa, as perspectivas não são otimistas. A produção de ovos de chocolate deve cair para cerca de 45 milhões de unidades, o que representa uma diminuição de 22,4% em relação aos 58 milhões produzidos no ano anterior, segundo informações da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab).
A situação se agrava ainda mais devido ao déficit na produção mundial de cacau, que já ocorre pelo terceiro ano consecutivo. Desde a safra 2021/2022, houve uma perda acumulada de 758 mil toneladas, conforme dados da Organização Internacional do Cacau (ICCO). Embora o Brasil represente apenas 4% da produção global, ele não consegue suprir sua própria demanda interna. Em 2023, o país precisou importar cerca de 229 mil toneladas enquanto sua colheita foi limitada a 179.431 toneladas.
As dificuldades não se restringem apenas à quantidade produzida. O volume moído também teve uma queda significativa, passando de 253 mil toneladas no ano anterior para níveis inferiores em 2024. A combinação do aumento nos preços do chocolate e a diminuição na demanda contribuiu para essa retração.
Especialistas destacam que há potencial para aumentar a produção nacional devido às condições climáticas favoráveis e espaço disponível para expansão. No entanto, qualquer progresso significativo pode levar cerca de seis anos, tempo necessário para que novas plantações atinjam plena maturidade.
Para esta Páscoa, a elevação nos preços dos produtos já começou a ser sentida pelos consumidores. Nos últimos doze meses até janeiro deste ano, os preços do chocolate em barra e bombons subiram 16,53%, enquanto achocolatados tiveram um aumento de 12,49%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em resposta ao cenário atual, as indústrias estão diversificando suas ofertas e criando produtos com diferentes intensidades de cacau e tamanhos variados. Contudo, alguns representantes do setor afirmam que os ajustes nos tamanhos das embalagens não foram implementados este ano visando compensar os custos elevados da amêndoa.
O vice-presidente da Cacau Show informou que os preços dos produtos desta Páscoa tiveram um reajuste entre 8% e 10%, abaixo da alta observada no mercado internacional. Ele acredita que essa estratégia visa manter a competitividade sem onerar excessivamente o consumidor.
O aumento dos custos é atribuído não apenas ao preço do cacau mas também a fatores logísticos e infraestrutura necessários para transportar esses produtos delicados. Assim, embora o cacau esteja em alta devido a questões climáticas e falta de investimentos na renovação das plantações na Costa do Marfim e Gana, outros elementos também influenciam no preço final dos chocolates.
A expectativa para os próximos anos é que as condições climáticas melhorem e isso possa resultar em um aumento na produção mundial. Entretanto, analistas apontam que os preços podem nunca retornar aos níveis anteriores à crise recente.

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