COPOM deve elevar Selic em 1 ponto percentual com inflação em alta
Inflação de fevereiro não dá outra opção ao Banco Central a não ser subir taxa básica de juros; incertezas de Trump complicam cenário
- Data: 17/03/2025 13:03
- Alterado: 17/03/2025 13:03
- Autor: Redação
- Fonte: FecomercioSP
O Comitê de Política Monetária (COPOM), do Banco Central, subirá a taxa básica de juros do País, a Selic, em 1 ponto percentual (p.p.) após as reuniões que começaram nesta segunda-feira (17). Com isso, o Brasil permanecerá tendo a quarta maior taxa de juros nominal do planeta – agora de 14,25% –, como efeito da conjuntura interna inflacionada e das incertezas que se avolumam com a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos.
[GRÁFICO 1]
VARIAÇÃO DA TAXA SELIC (2023–2025)
Fonte: Banco Central (Bacen)
No âmbito nacional, o IPCA de fevereiro subiu 1,31%, a maior alta para o mês em mais de 20 anos, deixando o comitê sem escolha. Embora o número não tenha surpreendido o mercado, ainda é um cenário grave, considerando que o grupo de alimentos e bebidas, que pesa no bolso das classes mais baixas, segue bastante pressionado, com uma alta de 0,70% nos preços no mês em questão — que havia sido de 0,96% em janeiro. Tudo isso levando em conta que a alimentação no domicílio, outra variação da pesquisa do IBGE, também subiu (0,79%).
Em paralelo, o mercado de trabalho em bom momento tem, como um dos seus efeitos, o aquecimento da demanda, principalmente nos Serviços. Dados da XP Investimentos apontam que a inflação desse setor foi de 0,82% em fevereiro, o que faz o acumulado dos 12 meses beirar os 10%.
[GRÁFICO 2]
VARIAÇÃO DO IPCA (2024–2025)
Fonte: IBGE
Se, por um lado, a desaceleração da economia brasileira, no fim do ano passado, como o Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política da FecomercioSP (CSESP) já notou em sua Carta de Conjuntura, deu sinais evidentes de que os efeitos dos juros altos já se fazem notar, por outro, os serviços, o varejo e até mesmo o mercado de trabalho ainda estão bastante aquecidos.
Além disso, os rumos da política fiscal — que, após diversos encaminhamentos do mercado, pode, enfim, ser menos expansionista — devem levar o Copom a tirar o pé do acelerador nas reuniões seguintes.
Como se não bastasse toda a situação interna, demasiada complexa, as medidas cada vez mais protecionistas nos Estados Unidos, sob a guarida do presidente Donald Trump, estão exportando dúvidas para economias de todo o mundo — e no Brasil, não é diferente. Já é possível senti-la, por exemplo, no aumento das taxas de juros dos títulos norte-americanos e na convulsão de Wall Street nesses últimos dias. A fuga de dólares do mercado estadunidense para países emergentes terá, como consequência, uma pressão sobre as moedas. O real não está ileso disso.
A FecomercioSP entende que o ciclo de altas permanecerá, mas não mais nessa magnitude, na medida em que os efeitos do início dos aumentos da Selic começarão a ser mais perceptíveis. O patamar máximo da taxa, neste ano, será na casa dos 15%, da qual estaremos mais perto agora. Com uma política fiscal responsável, é até possível cogitar uma queda ainda em 2025.

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