App transforma sons em vibrações e promove inclusão de deficientes auditivos

Ferramenta desenvolvida por bolsista da Fapesp consegue traduzir sons e músicas em vibrações

  • Data: 12/12/2024 08:12
  • Alterado: 12/12/2024 08:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência SP
App transforma sons em vibrações e promove inclusão de deficientes auditivos

Crédito:Alex Cavanha/PSA

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Rafael Zinni Lopes, doutorando no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP) e ex-bolsista da Fapesp, lançou o aplicativo Timbrasom, uma inovadora ferramenta que visa integrar pessoas com deficiência auditiva ao mundo sonoro e musical. O aplicativo converte sons em vibrações rítmicas, permitindo que os usuários experimentem a música de uma forma sensorial.

Com a funcionalidade de transformar ondas sonoras em vibrações perceptíveis na palma da mão, o Timbrasom se destaca por suas duas principais funções: a primeira permite a conversão do som ambiente em vibrações, enquanto a segunda faz a tradução simultânea do áudio de aplicativos como YouTube e Netflix.

Disponível gratuitamente para dispositivos Android, o aplicativo não exige hardware avançado, tornando-se acessível a um público amplo. Embora seja considerado um produto mínimo viável — uma versão inicial com as funções essenciais — Lopes assegura que a tecnologia já está madura o suficiente para proporcionar uma experiência eficaz de tradução sonora.

A concepção do Timbrasom surgiu durante o estágio de Lopes no Laboratório Bioma da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, onde sua tarefa era diferenciar os trotes de cavalos. Essa experiência despertou seu interesse pela programação e pela acústica, levando-o a descobrir seu talento para computação.

A participação em um hackathon também foi crucial para o desenvolvimento do aplicativo. Nessa maratona de programação, Lopes colaborou com Victor Dias de Oliveira e dedicou três anos para materializar a ideia de tornar a música mais acessível aos deficientes auditivos.

O aplicativo demonstrou sua capacidade de traduzir até mesmo as notas mais agudas. Lopes compartilhou uma experiência durante uma apresentação sinfônica em Utah, onde conseguiu transmitir as vibrações do violino a ouvintes surdos. Para ele, a proposta do Timbrasom vai além da audição: é uma oportunidade de sentir a música através das vibrações, criando uma nova relação sensorial com a arte musical.

Além de promover uma nova forma de apreciar sons, o Timbrasom também pode fomentar a inclusão na produção artística. Lopes revelou que já existem iniciativas visando auxiliar crianças surdas na aprendizagem de instrumentos musicais. Por exemplo, o aplicativo pode ser utilizado por jovens que desejam tocar bateria, permitindo que eles sintam os ritmos em tempo real.

O potencial do Timbrasom se estende ainda à promoção de aulas de dança para deficientes auditivos, traduzindo ritmos musicais em vibrações corporais. Nesse contexto, Lopes está trabalhando no desenvolvimento de novos dispositivos complementares ao aplicativo.

Uma das inovações em discussão inclui comandos acessíveis em automóveis que traduzem sons externos e internos em vibrações, melhorando a percepção dos motoristas surdos sobre o ambiente ao redor. Outra proposta envolve braceletes conectados via Bluetooth, que poderiam permitir comunicação entre pais ouvintes e filhos surdos através da conversão da fala em vibrações.

Ainda no horizonte estão óculos equipados com legendas em tempo real — uma tecnologia ausente no Brasil — que integrariam vibrações, legendas e até Libras (Língua Brasileira de Sinais), proporcionando uma experiência inclusiva completa.

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  • Data: 12/12/2024 08:12
  • Alterado:12/12/2024 08:12
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  • Fonte: Agência SP











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