Anvisa intensifica fiscalização em clínicas estéticas após aumento de denúncias
30 de 31 locais auditados apresentaram irregularidades alarmantes
- Data: 10/03/2025 22:03
- Alterado: 10/03/2025 22:03
- Autor: Redação
- Fonte: Anvisa
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) intensificou suas operações de fiscalização em clínicas de estética em resposta a um alarmante aumento no número de denúncias. Dados indicam que aproximadamente 61,3% das queixas recebidas pela agência estão relacionadas a procedimentos estéticos malsucedidos, revelando uma preocupação crescente com a segurança e eficácia desses tratamentos.
A fiscalização resultou na interdição de seis clínicas em quatro estados e no Distrito Federal. Durante as inspeções, os fiscais descobriram uma série de irregularidades, incluindo a utilização de produtos sem registro, itens vencidos e outras situações potencialmente perigosas para os pacientes.
Um caso notório envolve a médica Isadora Milhomem, que buscava tratar cicatrizes de acne, mas acabou sofrendo queimaduras severas após realizar um peeling, procedimento destinado à descamação da pele. “Preciso usar uma máscara de compressão por pelo menos seis meses e talvez tenha que recorrer a outros tratamentos, como enxerto de gordura ou até remoção cirúrgica das cicatrizes”, declarou ela.
Outro relato alarmante é o de uma mulher que, após passar por uma rinomodelação — técnica não cirúrgica para alterar o formato do nariz —, sentiu dores intensas e apresentou secreção e inchaço constante. Ela expressou sua angústia ao afirmar: “Não sei o que vai acontecer, se meu nariz irá necrosar ou não”.
Os resultados das inspeções foram preocupantes: dos 31 locais auditados até agora, 30 apresentavam algum tipo de irregularidade. Segundo Thiago Rezende Cunha, gerente de fiscalização da Anvisa, as condições encontradas incluíam infraestruturas inadequadas, como a falta de pias e problemas no armazenamento de produtos. Além disso, foi observado o uso indevido de produtos fora da geladeira e até mesmo a reutilização de itens descartáveis.
Entre as clínicas interditadas, uma delas funcionava nas dependências de um apartamento em Goiânia, onde foram encontradas condições insalubres, como sujeira no chão e teto mofado. O auditor Dagoberto Costa informou que foi detectada a presença de fenol, substância proibida para uso estético no país.
A Operação Estética com Segurança será realizada ao longo do ano e permite aos cidadãos reportar irregularidades através do site da Anvisa. A agência ressalta que é direito do paciente conhecer os produtos que serão utilizados durante qualquer procedimento estético.
O membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Dhyego Curado, destaca que todos os procedimentos envolvem riscos e que é fundamental que os pacientes se informem adequadamente antes de decidir por qualquer tratamento estético. “Não se deve confiar apenas nas promessas feitas em redes sociais; é essencial buscar informações precisas sobre o que se está realizando”, alertou Curado.

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