Acidente aéreo em Gramado: Investigação sem caixa-preta e foco em múltiplos fatores

Acidente aéreo mata 10 e deixa 17 feridos; falta de caixa-preta dificulta investigação, mas especialistas garantem que respostas virão.

  • Data: 24/12/2024 11:12
  • Alterado: 24/12/2024 11:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: DGABC
Acidente aéreo em Gramado: Investigação sem caixa-preta e foco em múltiplos fatores

Queda de avião em Gramado

Crédito:Reprodução

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No último domingo, dia 23, um trágico acidente com um avião de pequeno porte ocorreu em Gramado, na Serra Gaúcha, resultando na morte de dez pessoas, todas ocupantes da aeronave, além de 17 feridos, sendo que duas delas encontram-se em estado grave. De acordo com informações fornecidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) à Polícia Civil do estado, o aparelho não possuía caixa-preta, dispositivo que grava os últimos diálogos da tripulação durante o voo.

O delegado Gustavo Barcellos, responsável pela investigação local, destacou que o modelo da aeronave não estava obrigado a ter esse equipamento. Como resultado, as autoridades precisarão recorrer a outras fontes de dados para elucidar as circunstâncias que levaram ao acidente.

O avião pertencia ao empresário Luiz Claudio Galeazzi, que também era o piloto da aeronave. Entre as vítimas fatais estavam sua esposa, três filhas, a sogra, cunhados e duas crianças.

Conforme o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC n° 91), aeronaves civis que possuem mais de dez assentos e que foram fabricadas após 1991 são obrigadas a ter gravadores de dados de voo. O avião envolvido no incidente era um turboélice bimotor fabricado em 1990, com capacidade para nove passageiros, portanto não se enquadrava nas exigências estabelecidas.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) reafirmou que a ausência do gravador não representa um risco à segurança operacional da aeronave. A Anac detalhou que a obrigatoriedade de instalação desses dispositivos depende de diversos critérios como o tipo de operação, configuração da aeronave e ano de fabricação.

Gerardo Portela, engenheiro e especialista em segurança da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmou que a falta da caixa-preta não compromete a investigação. “Embora facilite o processo investigativo, sua ausência não impede que se alcance conclusões. O trabalho pode ser mais demorado, mas os objetivos serão atingidos”, comentou Portela.

Ele enfatizou que há uma variedade de elementos que podem ser analisados durante a apuração. Aspectos como manutenção da aeronave, histórico do piloto e condições meteorológicas devem ser considerados. Informações adicionais podem vir através de registros radar e imagens do local do acidente.

Portela também ressaltou a importância de investigar possíveis falhas humanas e as condições climáticas adversas que poderiam ter influenciado no desfecho do voo. “A baixa visibilidade pode ter contribuído para uma possível perda de consciência situacional por parte do piloto”, afirmou.

O modelo do avião acidentado é um Piper PA-42-1000, com peso máximo permitido de 5,4 toneladas e dimensões consideráveis. Segundo o especialista, apesar de ser um modelo antigo e apresentar desafios na manutenção, trata-se de uma aeronave com bom desempenho geral.

A equipe do Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul já iniciou a coleta das partes remanescentes da aeronave para análise junto ao Cenipa. Os investigadores do Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa V) estão encarregados do processo investigativo sob supervisão da Força Aérea Brasileira (FAB).

A FAB comunicou que o tempo necessário para concluir essa investigação pode variar entre um ano a um ano e meio, embora relatórios parciais possam ser divulgados antes se necessário. A complexidade dos fatores envolvidos no acidente será determinante para o andamento dos trabalhos.

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  • Data: 24/12/2024 11:12
  • Alterado:24/12/2024 11:12
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