Violência contra a mulher no Rio de Janeiro aumenta 8% em 2024

Denúncias crescem, refletindo a coragem das vítimas em buscar justiça

  • Data: 11/03/2025 07:03
  • Alterado: 11/03/2025 07:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: ISP
Violência contra a mulher no Rio de Janeiro aumenta 8% em 2024

Violência

Crédito:Arquivo - Agência Brasil

Você está em:

Os dados sobre violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro revelam um cenário alarmante, com um aumento significativo nos principais indicadores durante o ano de 2024, conforme levantamento realizado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).

De acordo com as estatísticas divulgadas, o número de feminicídios atingiu 107 em 2024, representando uma elevação de 8% em comparação ao ano anterior, que registrou 99 mortes. Esses números não são meramente estatísticas; eles representam vidas interrompidas, famílias devastadas e sonhos despedaçados por atos de violência.

Estatísticas preocupantes

No mesmo período, foram documentadas 382 tentativas de feminicídio, um aumento expressivo de 24% em relação aos 308 casos registrados em 2023. O Tribunal de Justiça do Rio reportou mais de 5 mil prisões relacionadas à violência contra mulheres e a expedição de 43 mil medidas protetivas entre janeiro e dezembro de 2024.

Os dados também apontam que as mulheres da capital fluminense são as mais afetadas. Quase metade dos feminicídios ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, onde foram registrados 51 casos. Outros municípios também apresentaram números significativos: Belford Roxo (7), Duque de Caxias (6) e Campos dos Goytacazes (5).

Agravamento da Violência Sexual

A cidade do Rio também registrou um aumento alarmante no crime de assédio sexual, com um crescimento de 44,7%, totalizando 178 casos em 2024. As invasões domiciliares, outra preocupação crescente, somaram quase mil ocorrências na capital.

Segundo o Dossiê Mulher, a maioria dos agressores são parceiros ou ex-parceiros das vítimas. Problemas relacionais estão frequentemente na raiz das agressões, com mais de 80% dos casos relacionados a tentativas de separação.

Um aumento na busca por Justiça

Embora os números reveladores da violência estejam crescendo, também se observa um aumento nas denúncias. A secretária da Mulher do Rio, Joyce Trindade, ressalta que esse fenômeno pode ser interpretado como um sinal positivo: “Não se trata apenas do crescimento da violência, mas sim da coragem crescente das mulheres em buscar seus direitos e denunciar os abusos”, afirma.

A evolução das leis e a maior conscientização sobre os direitos das mulheres têm contribuído para esse aumento nas denúncias. Em números absolutos, o Ligue 180 – serviço federal destinado ao registro de casos de violência contra mulheres – viu um salto no número de ocorrências registradas: de 82.872 em 2021 para 132.084 em 2024.

A advogada Letícia Peres explica que as mudanças nas legislações têm proporcionado uma melhor compreensão dos crimes cometidos e incentivado as mulheres a buscarem ajuda.

Violência e Contexto Social

A assistente social Patrícia Leal menciona que as mulheres estão cada vez mais conscientes da necessidade de se protegerem e denunciarem abusos. Contudo, a população negra é particularmente vulnerável nesse contexto. Dados do ISP indicam que aproximadamente 70% das vítimas fatais em feminicídios eram pardas ou negras.

A jovem Agatha Marques é um exemplo tocante dessa realidade. Em abril de 2024, Agatha foi baleada por seu ex-parceiro e enfrenta um longo caminho para a recuperação. Sua história ilustra não apenas a luta individual pela sobrevivência, mas também os desafios enfrentados pelas vítimas após situações extremas de violência.

Poder Paralelo e Barreiras às Denúncias

A juíza Tula Mello observa que muitos relatos dos agressores estão impregnados por uma visão machista que desqualifica as vítimas. A secretária Trindade destaca ainda que o ambiente violento e a presença do crime organizado dificultam o registro das denúncias, uma vez que muitas mulheres temem represálias.

Iniciativas como a Casa da Mulher Carioca visam fornecer suporte jurídico e acolhimento às mulheres em situação vulnerável. “É preciso agir rapidamente para combater a pobreza e apoiar essas mulheres”, conclui Trindade.

Como Pedir Ajuda?

  • 190 – Emergência (Polícia Militar)
  • 180 – Rede de Atendimento à Mulher
  • 100 – Denúncias sobre Direitos Humanos
  • Delegacias Especializadas – Registro de ocorrências e medidas protetivas
  • WhatsApp do Ministério da Mulher: (61) 99656-5008
  • Ministério Público: Informações sobre medidas protetivas
Compartilhar:

  • Data: 11/03/2025 07:03
  • Alterado:11/03/2025 07:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: ISP











Copyright © 2025 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados