Israel suspende entrada de ajuda humanitária em Gaza e aumenta pressão sobre o Hamas
Israel bloqueia a entrada de ajuda humanitária em Gaza enquanto pressiona o Hamas a aceitar novo cessar-fogo proposto pelos EUA.
- Data: 02/03/2025 12:03
- Alterado: 02/03/2025 12:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Neste domingo (2), Israel decidiu suspender a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, enquanto intensificou suas ameaças ao grupo Hamas, caso este continue a rejeitar a proposta dos Estados Unidos para a prorrogação da primeira fase do cessar-fogo, que oficialmente expirou no sábado (1º).
A primeira fase do cessar-fogo teve uma duração de 42 dias e incluiu, além de um intervalo nas hostilidades, a libertação de 33 reféns israelenses dos cerca de 100 ainda mantidos pelo Hamas. Durante esse período, cinco cidadãos tailandeses também foram libertados.
Em contrapartida, 2.000 palestinos que estavam detidos em prisões israelenses foram soltos, e as tropas israelenses recuaram de algumas posições em Gaza.
A negociação para uma segunda fase do cessar-fogo ainda estava em andamento. Esta etapa previa a liberação dos 59 reféns restantes sob controle do Hamas e a retirada total das forças israelenses da região.
Entretanto, durante o processo de negociação, Steve Witkoff, enviado especial do governo Trump ao Oriente Médio, sugeriu uma extensão da primeira fase do cessar-fogo para incluir os feriados muçulmanos do Ramadã e a Páscoa judaica. A nova proposta estipulava que metade dos reféns vivos e mortos seria liberada no primeiro dia da extensão e o restante no último dia.
Israel rapidamente aceitou essa nova proposta. Em comunicado oficial, o gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirmou: “Israel não aceitará um cessar-fogo sem a liberação de nossos reféns”. Além disso, advertiu que se o Hamas persistisse em sua negativa, haveria consequências adicionais.
O Hamas solicitou a intervenção de mediadores do Egito e do Qatar, reafirmando seu compromisso com o acordo original. O grupo classificou as ações israelenses como “chantagem barata” e denunciou um “golpe flagrante contra o acordo”. O porta-voz da organização em Gaza, Sami Abu Zuhri, destacou que o Hamas não cederá a pressões externas.
Durante a primeira fase do cessar-fogo, ambos os lados se acusaram mutuamente de violar os termos acordados. Neste mesmo domingo, autoridades ligadas ao Hamas relataram que forças israelenses mataram quatro palestinos em ataques distintos no norte e sul da Faixa de Gaza. O Exército israelense admitiu a realização de pelo menos um dos ataques, justificando sua ação ao afirmar ter identificado suspeitos tentando plantar uma bomba perto de suas tropas.
A incerteza sobre o fim definitivo da guerra persiste, envolvendo questões sobre a administração futura da Gaza pós-conflito e o futuro do Hamas. A incursão do grupo terrorista ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023 foi o estopim para o atual conflito, que resultou na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de outras 251.
A resposta militar subsequente de Israel resultou na morte de mais de 48 mil palestinos e no deslocamento quase total da população local, que conta com aproximadamente 2,3 milhões de habitantes.
Israel tem defendido que o Hamas não deve ocupar nenhum papel na governança futura da Gaza e propõe a desmantelação das estruturas militares e governamentais do grupo. Além disso, rejeita qualquer ideia de trazer a Autoridade Nacional Palestina para a região, apesar desta entidade ter sido criada há três décadas sob os Acordos de Oslo com o objetivo de ser um precursor do Estado palestino e atualmente exercer uma governança limitada na Cisjordânia ocupada.
Por sua vez, o Hamas afirmou que não insistirá em continuar controlando Gaza – região sob sua administração desde 2007 – mas destacou que deverá ser consultado sobre qualquer futura administração daquela área. A situação se complicou ainda mais após sugestões feitas por Trump para que os EUA assumissem o controle territorial da Gaza e realizassem um projeto ambicioso para reurbanizá-la como um destino turístico luxuoso no Oriente Médio.