TDAH: A doença da moda

Os riscos do autodiagnóstico de TDAH nas redes sociais: quando a informação errada pode prejudicar a saúde mental

  • Data: 06/02/2025 12:02
  • Alterado: 06/02/2025 12:02
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
TDAH: A doença da moda

Crédito:Divulgação/Freepik

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Nos últimos anos, o número de pessoas que se identificam com sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) aumentou consideravelmente. Parte desse fenômeno se deve à popularização de conteúdos em plataformas como TikTok, Instagram e YouTube, onde influenciadores compartilham relatos e “testes” sem embasamento científico. Embora a conscientização seja positiva, a desinformação pode levar ao autodiagnóstico equivocado e ao uso de medicações sem acompanhamento médico.

O perigo do autodiagnóstico

O autodiagnóstico ocorre quando a pessoa reconhece em si mesma determinados sintomas após ler ou assistir a materiais divulgados na internet e conclui, sem avaliação profissional, que possui determinado transtorno. No caso do TDAH, isso é especialmente arriscado, pois ele pode ser confundido com outros transtornos, o que pode levar ao uso indevido de medicamentos e ao atraso no tratamento correto.

O que diz a psicóloga Ana Café

Segundo a psicóloga Ana Café, diretora do Núcleo Integrado de Psicologia e Psiquiatria Ana Café, que atua na área clínica há mais de 30 anos, a popularização do tema deve ser vista com cautela:

“A informação é sempre bem-vinda, mas quando espalhada de forma superficial nas redes sociais, pode induzir indivíduos a conclusões precipitadas. É fundamental que, diante da suspeita de TDAH ou qualquer outro transtorno, a pessoa busque um psicólogo ou psiquiatra para uma avaliação profissional.”

“Desculpe, me distraí, é meu TDAH”. De acordo com as mídias sociais, se você não presta atenção ao que está acontecendo ao seu redor quando alguém está falando, esquece as coisas ou se concentra demais em um projeto, você pode ter a doença. “O que costumava ser visto como uma pessoa ‘desatenta’ virou moda”, afirma a especialista.

As redes sociais e a disseminação de conteúdo

Plataformas digitais facilitam a distribuição de informação em larga escala, mas também tornam difícil controlar a veracidade do que é publicado. Muitas vezes, criadores de conteúdo e influenciadores falam sobre seus próprios sintomas e experiências sem deixar claro que não são especialistas em saúde.

Um estudo publicado no The Canadian Journal of Psychiatry revelou que, entre os cem vídeos mais assistidos sobre TDAH no TikTok, 52% continham informações falsas.

O resultado é a formação de uma “bolha de autodiagnóstico”, em que a identificação com sintomas relatados por terceiros é tomada como confirmação de TDAH.

Principais preocupações com conteúdo em redes sociais

  • Falta de supervisão científica: Vídeos e textos sem revisão de profissionais.
  • Efeito de generalização: Sintomas são expostos de forma vaga, levando muitas pessoas a se reconhecerem neles.
  • Soluções mágicas: Sugestões de tratamento rápido ou uso de medicamentos sem prescrição.

TDAH: as principais perguntas e respostas

O que é TDAH?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno neurobiológico que se manifesta, principalmente, por desatenção, impulsividade e hiperatividade (em alguns casos). Ele pode afetar o desempenho acadêmico, profissional e a vida social de crianças, adolescentes e adultos.

Quais são os principais sintomas?

  • Dificuldade em manter a atenção em tarefas rotineiras.
  • Tendência a se distrair com facilidade.
  • Esquecimentos frequentes (compromissos, objetos, detalhes).
  • Impulsividade na tomada de decisões ou interrupção de conversas.
  • Agitação constante (em alguns casos, mais comum em crianças).

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico deve ser realizado por um profissional de saúde mental (psicólogo ou psiquiatra). Ele leva em conta histórico clínico, comportamento atual, entrevista com familiares (no caso de crianças) e aplicação de testes específicos.

Quais são os tratamentos disponíveis?

  • Farmacológico: Medicamentos estimulantes ou não estimulantes, conforme recomendação médica.
  • Psicoterapia: Abordagens como Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) podem auxiliar no desenvolvimento de estratégias para organização, foco e controle de impulsos.
  • Intervenções psicopedagógicas: Em crianças e adolescentes, a orientação escolar pode ser importante para adaptação das atividades e auxílio nos estudos.
  • Mudanças no estilo de vida: Hábitos saudáveis, prática de exercícios físicos e rotina de sono adequada contribuem para a melhora dos sintomas.

O TDAH tem cura?

O TDAH não tem uma “cura” definitiva, mas pode ser administrado com sucesso por meio de tratamentos adequados, apoio profissional e estratégias de manejo no dia a dia. Muitas pessoas com TDAH levam vidas produtivas e satisfatórias quando recebem acompanhamento e aderem ao tratamento.

O que fazer se eu achar que tenho TDAH?

Para evitar o risco do autodiagnóstico, o mais indicado é procurar ajuda profissional assim que surgir a suspeita de TDAH, afirma a psicóloga. Algumas opções incluem:

  • Psicólogos e psiquiatras: Esses profissionais têm formação para avaliar os sintomas e oferecer um diagnóstico correto.
  • Centros de saúde mental: Em muitas cidades, existem centros especializados que oferecem consultas e acompanhamento.
  • Unidades de saúde pública: Os serviços públicos oferecem ajuda através do CAPS Infanto juvenil. Apesar do TDAH não ser um transtorno que se manifesta somente na infância, o diagnóstico geralmente é feito na infância.
  • Planos de saúde: A maioria dos planos de saúde são obrigados a cobrir todo tratamento necessário. Geralmente psicólogos especialistas, psiquiatras e fonoaudiólogos.
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  • Data: 06/02/2025 12:02
  • Alterado:06/02/2025 12:02
  • Autor: Redação
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