Carnaval Carioca: 56% dos ambulantes são mulheres

Empreendedoras enfrentam desafios, mas buscam apoio e políticas públicas para equilibrar trabalho e maternidade

  • Data: 06/02/2025 10:02
  • Alterado: 06/02/2025 10:02
  • Autor: Redação
  • Fonte: RioTur
Carnaval Carioca: 56% dos ambulantes são mulheres

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Crédito:Tânia Rêgo - Agência Brasil

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De acordo com informações da Riotur, um expressivo 56% das 56 mil pessoas que se inscreveram para atuar como ambulantes durante os desfiles de rua do carnaval deste ano são mulheres com idades entre 20 e 40 anos. Destas, aproximadamente 15 mil obtiveram as autorizações necessárias para operar de maneira regulamentada na cidade.

O carnaval carioca é um dos maiores eventos do Brasil, atraindo milhões de turistas e locais à cidade. No entanto, há um aspecto muitas vezes negligenciado: o papel fundamental das trabalhadoras ambulantes, especialmente as mães, que fazem parte da engrenagem dessa festividade.

Com a flexibilidade que o trabalho ambulante oferece, muitas mulheres encontram uma solução viável para conciliar suas responsabilidades profissionais com a maternidade. Aline Gomes, que atua como ambulante há oito anos e é produtora cultural à frente do projeto “Garagem Delas”, enfatiza essa realidade. Para ela, o carnaval é uma oportunidade essencial para a geração de renda, mas não sem desafios significativos.

Aline relata sua experiência: “Minha mãe foi ambulante e eu a ajudava desde jovem. Após deixar um emprego que era insustentável, a rua me acolheu. Levo meus filhos comigo para trabalhar na Praça Tiradentes. É complicado equilibrar a maternidade e as exigências do trabalho nas ruas, mas encontramos formas de apoio mútuo entre nós, mulheres”.

Outro exemplo é Luana Osório, mãe solo de quatro meninas que tem 15 anos de experiência como ambulante. Embora a atividade permita que ela esteja presente na vida das filhas, Luana enfrenta dificuldades adicionais durante as férias escolares. Ela compartilha uma situação delicada: “Uma vez fui denunciada ao conselho tutelar porque não tinha com quem deixar minhas filhas”.

A advogada popular Anna Cecília Faro Bonan, que representa o Movimento Unido dos Camelôs (Muca) no Rio e é pesquisadora na PUC-Rio, aponta a urgência de políticas públicas que garantam os direitos dessas trabalhadoras. “Essas mulheres frequentemente são alvo de julgamentos e até denúncias em momentos em que o Estado não fornece alternativas viáveis para o cuidado das crianças enquanto elas trabalham”.

O pesquisador Victor Belart, da UERJ, complementa essa visão ao afirmar que a cultura carioca está intrinsecamente ligada à atividade dos vendedores ambulantes, que frequentemente operam em redes familiares. “Essa profissão é muitas vezes compartilhada entre familiares e vizinhos, refletindo uma tradição histórica onde as crianças aprendem o ofício desde cedo”.

Aline também sublinha a necessidade de políticas públicas mais robustas para apoiar essas mulheres: “Como eu, inúmeras mulheres precisam levar seus filhos ao trabalho. Precisamos de mais reconhecimento e suporte do governo. Não somos uma minoria; estamos inseridas na economia e merecemos atenção”.

Em resposta às demandas apresentadas pelas trabalhadoras ambulantes, a Prefeitura do Rio destacou que a Secretaria de Políticas para Mulheres e Cuidados (SPM-Rio) desenvolve iniciativas para fortalecer o empreendedorismo feminino através da Rede Empreendedora Carioca. A prefeitura informou que esta rede oferece capacitação gratuita nas Casas da Mulher Carioca e eventos como a Feira Delas para promover produtos e serviços liderados por mulheres.

As inscrições para essa rede estão abertas periodicamente e divulgadas nas plataformas digitais da Secretaria, buscando ampliar as oportunidades para essas empreendedoras.

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  • Data: 06/02/2025 10:02
  • Alterado:06/02/2025 10:02
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