Trump propõe controlar Gaza após fim da guerra entre Israel e Hamas

Declarações polêmicas do presidente dos EUA causam surpresa e críticas internacionais.

  • Data: 04/02/2025 22:02
  • Alterado: 04/02/2025 22:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS
Trump propõe controlar Gaza após fim da guerra entre Israel e Hamas

Crédito:Donald Trump em evento de campanha em Milwaukee, no estado de Wisconsin, no início do mês - Jim Watson - 1º.out.2024/AFP

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma declaração polêmica nesta terça-feira (4), ao afirmar que seu governo tomará o controle da Faixa de Gaza assim que a guerra entre Israel e Hamas chegar ao fim. Durante uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, Trump declarou: “Assumiremos o controle. Será nossa“.

A afirmação surpreendeu observadores e desafiou a tradição diplomática entre os Estados Unidos e Israel, já que o premiê Netanyahu inicialmente elogiou Trump como “o maior amigo que Israel jamais teve na Casa Branca“, mas logo mudou o tom ao mencionar que vislumbra um futuro diferente para Gaza. Ele indicou que a proposta do presidente americano poderia “mudar a história” e merece atenção.

Trump revelou que havia refletido sobre essa ideia por um período significativo, embora nunca tivesse discutido publicamente antes. Ele afirmou que muitas pessoas apoiam a ideia de uma ocupação americana em Gaza, com o intuito de criar empregos na região.

No entanto, os detalhes exatos dos planos de Washington permanecem obscuros. Trump sugeriu que a proposta incluiria a presença de pessoas de diversas nacionalidades em Gaza, inclusive palestinos.

As pessoas que residem lá atualmente poderiam viver em paz, porque hoje vivem no inferno. Tenho a impressão de que, embora afirmem o contrário, [Jordânia e Egito] vão abrir seus corações“, disse ele, referindo-se à necessidade de uma “limpeza da coisa toda“, um eufemismo para um deslocamento forçado da população palestina — uma sugestão que foi amplamente condenada por países vizinhos e organizações de direitos humanos.

Apesar das críticas internacionais, Trump parece firme em sua posição. Em declarações anteriores naquele dia, ele insinuou que os palestinos não teriam outra alternativa senão deixar Gaza, reforçando a percepção de que os Estados Unidos se veem como agentes de mudança na região.

Não sei como eles poderiam querer ficar. O que há lá? É uma pilha de escombros“, afirmou Trump. “Não é apenas para Israel; isso é para todos — muçulmanos e árabes. Não podemos continuar cometendo os mesmos erros repetidamente. Gaza é um buraco hoje e isso precisa mudar“.

Trump também sugeriu que, ao invés de reconstruir Gaza, seria preferível encontrar locais adequados onde se pudesse desenvolver comunidades atraentes para os habitantes atuais da região. “Se pudéssemos encontrar o local certo ou locais certos e construir alguns lugares realmente agradáveis com bastante investimento, isso seria muito melhor do que retornar a Gaza“, comentou o presidente americano.

Além disso, ele levantou a possibilidade de que países mais ricos possam financiar esses novos assentamentos para os palestinos.

A visita de Netanyahu à Casa Branca marca sua primeira viagem ao exterior desde a emissão de um mandado de prisão contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) devido à condução da guerra em Gaza. Como os Estados Unidos não são signatários do tratado do TPI, Netanyahu não enfrentou riscos ao se encontrar com o líder americano.

Enquanto os dois líderes discutiam dentro da Casa Branca, manifestações ocorreram do lado de fora, com ativistas pró-Israel e pró-Palestina se reunindo para expressar suas opiniões sobre o encontro. Críticas direcionadas ao primeiro-ministro israelense foram ouvidas entre os protestos, incluindo apelos por ajuda humanitária aos habitantes da Faixa de Gaza.

No contexto dessa reunião, Trump e Netanyahu também abordaram as fases do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas previsto para março. O pacto foi negociado durante a administração do ex-presidente Joe Biden e contempla a libertação de reféns israelenses em troca da liberação de prisioneiros palestinos detidos por Israel.

Adicionalmente, Trump assinou dois decretos relacionados à situação na região: manteve a suspensão do financiamento americano à UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos) e retirou os EUA do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Os Acordos de Abraão também foram tema central na conversa entre os líderes. Esses acordos estabeleceram relações diplomáticas entre Israel e vários países árabes durante o primeiro mandato de Trump em 2020, e continuam sendo um ponto focal nas discussões sobre paz no Oriente Médio.

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  • Data: 04/02/2025 10:02
  • Alterado:04/02/2025 22:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS









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