Escritora de Diadema é indicada ao Prêmio Jabuti
Ifè Rosa OADQ, escritora, artista e produtora cultural da cidade, é uma das 17 autoras da coletânea Pretos em Contos, volume II
- Data: 17/11/2022 16:11
- Alterado: 15/08/2023 18:08
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Ifè Rosa OADQ
Crédito:Igor Andrade
O livro Pretos em Conto, volume II, coletânea de textos de ficção de autores negros, foi indicado ao Prêmio Jabuti, maior premiação da literatura brasileira, na categoria Conto. A obra reúne textos de 17 autores negros, entre eles, Ifè Rosa OADQ, escritora, artista e produtora cultural de Diadema e integrante do coletivo Diadenega. Os vencedores serão conhecidos no dia 24 de novembro.
Ifè, que participou das últimas mostras de arte e cultura de Diadema no campo da literatura, relatou que o livro foi resultado das oficinas de escrita criativa realizadas em 2020 pelo escritor Plínio Camillo, que também assina alguns dos contos da obra. Lançada inicialmente apenas no formato digital, a segunda edição do livro ficou a cargo da editora Aldeia de Palavras, criada pela escritora, editora, atriz e mestre em teatro, Cristiane Sobral, que é também uma das autoras dos contos.
A escritora de Diadema explicou que todos os contos são de ficção e sobre temas diversos, sendo três de cada um dos participantes. “Os assuntos variam, mas todos tem o ‘pretagonismo’ nas histórias, ou seja, escritores e escritoras pretas que buscam a diversidade dos olhares negros e suas subjetividades em todos os temas abordados”, afirmou.
Para Ifè, além da alegria pela indicação ao Prêmio Jabuti, o mais tradicional da literatura brasileira, há também a satisfação em ver vozes de autores e autoras negros e negras ocupando os espaços e recebendo reconhecimento. “É uma grande luta para alcançar esses espaços. Esse ano celebramos o bicentenário de Maria Firmina dos Reis (considerada a primeira romancista negra do Brasil, viveu entre 1822 e 1917 no Maranhão), centenário da morte de Lima Barreto, estamos muito felizes”, pontuou.
“Uma mulher preta, diademense, concorrendo a um prêmio tão importante, é uma grande conquista”, afirmou. “Ter um livro que não é só meu, mas de um coletivo de escritores e escritoras pretas, com textos diversos sobre espiritualidade, sobre infância, relações humanas em todas as suas vertentes, um livro de contos, de um gênero muito específico. Um livro diverso tal qual nosso povo é”, completou.
À frente da editora Aldeia das Palavras, a carioca Cristiane Sobral destacou a demanda crescente que escritores e escritoras negros e negras têm para publicação de suas obras. “Muitos têm livros prontos, mas não conseguem editoras que possam não só publicar, mas realizar um acompanhamento técnico da obra, mentoria, interlocução com o autor, estudo, conceito de capa, diagramação, análise do original, estratégias de divulgação e publicação, essa preparação do autor para ele chegar no mercado e tudo isso a Aldeia das Palavras pode oferecer”, relatou.
Radicada em Brasília, Cristiane também destacou a importância de uma editora pequena, que tem no comando uma mulher negra, estar entre os indicados ao prêmio. “Normalmente não temos essa visibilidade. Somos o único coletivo de autores negros na indicação desse ano e a gente recebe com muita alegria porque é uma grande oportunidade de difusão dos autores e da temática, contos com temas variados, mas sempre sob a perspectiva dos autores negros que escrevem ficção a partir da sua subjetividade”, concluiu.
O anúncio dos vencedores do Prêmio Jabuti ocorre em cerimônia fechada para convidados no dia 24 de novembro, no Theatro Municipal de São Paulo, às 20 horas. O público em geral poderá acompanhar o evento pela transmissão online que será realizada pelo canal do Youtube da Câmara Brasileira do Livro. Na sua 64ª edição, o Prêmio Jabuti teve recorde de inscritos: 4.290 livros, o que representou aumento de 25% em relação à edição de 2021.