Vacinação contra dengue no Brasil
Prioridade para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em áreas com maior risco
- Data: 29/01/2025 08:01
- Alterado: 29/01/2025 08:01
- Autor: Redação
- Fonte: cofen
O Brasil se destaca como o pioneiro mundial ao oferecer vacinas contra a dengue no sistema público de saúde. A imunização, produzida pelo laboratório japonês Takeda, será inicialmente direcionada às áreas com maior incidência e transmissão do vírus, priorizando crianças e adolescentes na faixa etária de 10 a 14 anos.
A vacina Qdenga, previamente avaliada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec), será disponibilizada para municípios de grande porte que apresentaram elevado índice de transmissão nos últimos dez anos e que tenham uma população residente superior a 100 mil habitantes. A decisão também considera os altos níveis de contaminação registrados recentemente. Em 2024, o foco da campanha vacinal será em crianças e adolescentes, uma vez que essa faixa etária concentra o maior número de hospitalizações relacionadas à dengue. O esquema vacinal consiste em duas doses, com um intervalo de três meses entre elas.
Para melhor compreensão, seguem algumas informações cruciais sobre a vacina:
O que é a dengue?
A dengue é uma doença viral transmitida por mosquitos fêmea infectados. Existem quatro sorotipos do vírus: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, cuja prevalência pode variar conforme a região e a época do ano.
Composição da vacina contra a dengue
A Qdenga é um imunizante tetravalente que utiliza o vírus vivo atenuado, ou seja, uma forma enfraquecida do patógeno. Essa abordagem visa potencializar a resposta do sistema imunológico, imitando a defesa natural do organismo em casos de infecção pela dengue.
Aprovação da vacina no Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o registro da vacina em março de 2023, fundamentando-se em um estudo com mais de 28 mil participantes, incluindo tanto crianças quanto adultos. Essa autorização permite a comercialização do imunizante no Brasil, respeitando as condições aprovadas.
Os efeitos da vacina continuarão sob monitoramento contínuo pela empresa responsável e com supervisão do Ministério da Saúde.
Incorporação da vacina no SUS
Antes de sua inclusão no sistema público de saúde, a vacina passou por avaliação rigorosa pela Conitec, que emitiu um parecer favorável. Esta comissão é vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde e se dedica à análise da incorporação de novas tecnologias em saúde no SUS.
Grupos elegíveis para vacinação
No primeiro momento, a vacinação será voltada para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, grupos que apresentam maior risco em regiões onde a doença é mais prevalente. Esta escolha se deve à quantidade limitada de doses disponíveis inicialmente.
Estudos realizados para o desenvolvimento da vacina
A pesquisa que fundamentou o desenvolvimento da vacina envolveu 20.099 crianças e adolescentes saudáveis, com idades entre 4 e 16 anos, oriundos de países endêmicos. Os participantes foram agrupados por região (Ásia-Pacífico ou América Latina) e por faixa etária (4 a 5 anos, 6 a 11 anos ou 12 a 16 anos).
Esquema vacinal
A Qdenga requer duas doses para sua eficácia completa, sendo que estas devem ser administradas com um intervalo de 90 dias entre cada aplicação.
Vacinação para quem já teve dengue
Pessoas que já foram infectadas pelo vírus da dengue também são incentivadas a receber a vacina para prevenir novas infecções ou para minimizar os sintomas caso venham a ser contaminadas novamente. É recomendável que aqueles que tiveram dengue recentemente aguardem um período de seis meses antes de se vacinarem. Caso uma pessoa receba diagnóstico positivo para dengue entre as doses, deve continuar com o esquema vacinal desde que respeitado um intervalo mínimo de 30 dias desde o início dos sintomas.
Eficácia da vacina Qdenga
Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim) indicam que a Qdenga demonstrou eficácia contra os sorotipos DENV-1 (69,8%), DENV-2 (95,1%) e DENV-3 (48,9%). O DENV-4 não pôde ser avaliado devido ao número reduzido de casos durante os estudos. Além disso, foi observado que a proteção geral contra hospitalizações por dengue confirmada laboratorialmente alcançou 84,1%, com estimativas semelhantes entre indivíduos soropositivos (85,9%) e soronegativos (79,3%). Para mais informações técnicas sobre a vacina, acesse aqui.
Contraindicações
A Qdenga possui contraindicações similares às demais vacinas elaboradas com vírus vivo atenuado; portanto, não deve ser administrada em gestantes, lactantes ou indivíduos com imunodeficiência.
Diferentemente da Qdenga, já existiu uma outra vacina contra a dengue aprovada anteriormente: a Dengvaxia do laboratório francês Sanofi-Pasteur. Entretanto, esta última era restrita apenas aos indivíduos que já haviam sido infectados pelo vírus da dengue e era contraindicada para aqueles sem histórico prévio da doença; por esse motivo não foi incorporada ao SUS.