São Paulo bate recorde de calor em 2024
Fenômeno El Niño e mudanças climáticas impactam temperaturas e qualidade do ar.
- Data: 03/01/2025 20:01
- Alterado: 03/01/2025 20:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Calor
Crédito:Fernando Frazão - Agência Brasil
No decorrer de 2024, a cidade de São Paulo vivenciou temperaturas consistentemente superiores à média histórica, conforme indicado por dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O levantamento realizado pelo órgão aponta que, ao longo do ano, todos os meses apresentaram temperaturas acima do esperado.
Além das temperaturas elevadas, o estudo revelou que a precipitação pluviométrica ficou abaixo da média em sete meses. De acordo com o Inmet, a presença do fenômeno climático El Niño, que provoca o aquecimento das águas do oceano Pacífico, foi um dos principais responsáveis por esse aumento térmico observado.
O mês de setembro destacou-se pela anomalia climática mais acentuada, onde a temperatura registrada na estação meteorológica do Mirante de Santana, situada na zona norte da capital, alcançou 5,3°C acima da média climatológica. A média máxima nesse período foi de 30,1°C, em comparação aos 24,1°C considerados normais para essa época do ano.
No dia 26 de setembro, a cidade atingiu um novo recorde de calor, com a temperatura máxima marcando 36,3°C por três dias consecutivos. A seca prolongada resultou em condições críticas de qualidade do ar, levando São Paulo a ser considerada uma das cidades com a pior qualidade atmosférica do mundo durante cinco dias no mesmo mês. Em setembro, as chuvas totalizaram 63,7 mm a menos que a média; porém, março registrou a maior falta de chuva no ano, com déficit de 86,5 mm.
As temperaturas mínimas também se mantiveram acima do normal ao longo dos meses. O pico ocorreu em maio, quando as médias foram 3,6°C mais altas que as habituais. Os dados compilados pelo Inmet indicam que 2024 se tornou o ano mais quente já registrado no Brasil desde o início da série histórica em 1961. A temperatura média alcançada foi de 25,02°C.
O desvio médio registrado em relação às temperaturas nos anos anteriores foi de 0,79°C, considerando o intervalo de 1991 a 2020. Em um comunicado recente do Ministério da Agricultura e Pecuária — ao qual o Inmet está vinculado — foi enfatizado um aumento significativo nas temperaturas médias ao longo dos anos. Esse fenômeno pode estar associado às mudanças climáticas decorrentes da elevação das temperaturas globais e alterações ambientais locais.
Com a chegada do verão em 21 de dezembro, especialistas meteorológicos prevêem que as temperaturas continuem elevadas no Brasil. Além disso, há expectativas de um aumento na quantidade de chuvas durante essa estação em diversas regiões do país, incluindo São Paulo. As previsões também apontam para a possibilidade de novas ondas de calor; até agora, nove já foram registradas ao longo de 2024.
A meteorologista Danielle Ferreira, do Inmet, ressaltou que o aquecimento global terá impactos em todas as estações do ano. Ela destacou que eventos climáticos extremos têm se tornado cada vez mais frequentes desde os anos 2000. “Estamos enfrentando ondas de calor mais intensas”, afirmou Ferreira em entrevista recente.
Por outro lado, um eventual resfriamento devido ao fenômeno La Niña — caracterizado pela diminuição das temperaturas nas superfícies oceânicas centrais e orientais do Pacífico Equatorial — parece estar se distanciando e enfraquecendo segundo previsões da Organização Meteorológica Mundial (OMM), entidade vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU).