Programação de dança no Itaú Cultural
Palco Virtual apresenta criações de dança feitas na pandemia ou em diálogo com o outro e com a cidade; Funk, dança contemporânea, performance, house e street dance compõem as apresentações
- Data: 30/08/2019 13:08
- Alterado: 30/08/2019 13:08
- Autor: Redação
- Fonte: Itaú Cultural
Crédito:Isis Gasparini
De 18 a 21 de março (quinta-feira a domingo), o Palco Virtual, realizado pelo Itaú Cultural em seu site, tem a dança como fio condutor do trabalho de artistas que se mobilizaram para fazer criações durante o período da pandemia ou de momentos anteriores à discussão sobre a relação física com a cidade e com outros indivíduos – ambas suspensas na atualidade.
Esses olhares permeiam os quatro dias de programação, em espetáculos como Na Manha do House, no qual o carioca Bonde do Jack traz discussões contemporâneas a partir do encontro entre o house e o funk carioca, Lugar Comum, na videodança da alagoana Aldinete de Souza sobre tempo e espaço, na performance Enlugar, de Raissa Costa, a respeito da relação corpo-espaço a partir das casas abandonadas do centro de Manaus, e Goldfish, de Alexandre Américo, do Rio Grande do Norte, guiado pela solidão.
São Paulo está representada, com três apresentações: Sede, espetáculo no qual o grupo Afrobreak usa o breaking para discutir comportamentos humanos e o existir, o premiado Elo, da T. F. Style Cia de Dança, com diálogos poéticos entre corpo, arquitetura e público, e Improviso na Garagem, um duo entre o bailarino Matheus Moreira e a câmera do artista visual Jack Bones numa garagem vazia (anexada, segue toda a programação).
Estas apresentações acontecem sempre às 20h pela plataforma Zoom, e são seguidas por bate-papos dos elencos e com os críticos de dança Flávia Pinheiro, de Pernambuco, e Kleber Lourenço, de São Paulo. Os ingressos podem ser reservados via Sympla.
A programação abre no dia 18 (quinta-feira), com dois projetos vindos de um novo olhar sobre os inscritos no edital Arte como Respiro – Edição Cênicas, ambos do segmento da dança de rua. Em Sede, o grupo paulista Afrobreak liga o elemento urbano do breaking à dança contemporânea e outras influências para abordar o comportamento humano, permeado por riscos, através de situações e personagens da vida real representados em expressões corporais.
Na performance Na Manha do House, o Bonde do Jack, do Rio de Janeiro, olha para a contemporaneidade a partir da essência da cultura de periferia, que dialoga com o popular e agrega a cena da cultura regional. No palco, isto se dá por meio do encontro da dança house com o funk carioca, resgatando a confluência dessas duas expressões, que, como muitas danças de diáspora, conversam entre si.
Na sexta-feira, dia 19, a apresentação é de Elo, da paulista T. F. Style Cia de Dança. Premiado como a Melhor Estreia de 2019 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), o espetáculo é o registro de uma proposição poética feita para espaços alternativos, que coloca em diálogo corpo, arquitetura e público em busca de outro olhar para a cidade, habitando o invisível. Questionando qual é a urgência deste corpo hoje, vê ele somado ao outro, criando entendimento desatados, desacorrentados, mas unidos pelo brincar, pelo mover, pelo afeto.
Espaços
A relação com o externo, assim como a total privação, marca a programação do Palco Virtual ao longo do final de semana.
No sábado, dia, 20, a mostra é aberta por Lugar Comum, com Aldinete de Souza, integrante do Centro de Pesquisas Cênicas, de Alagoas. A videodança parte da variável entre espaço e tempo, no qual o primeiro se transforma ao longo do segundo e pode ser ocupado por pessoas diferentes. No roteiro, a rua é onde o indivíduo se sente dono do espaço que ocupa. No ônibus, ele enfrenta dificuldades cotidianas. Por sua vez, o banheiro representa os espaços íntimos, que deveriam ser de pureza psicológica, mas acabam, por muitas vezes, se transformando em mais um lugar de opressão social.
Na sequência, Enlugar visa potencializar e fortificar o contexto histórico cultural amazonense. Registro da performance presencial realizada em 2019 por Raíssa Costa, ela surge de reflexões e experimentos sobre a relação corpo-espaço, a partir das casas abandonadas do centro de Manaus. Pensar ajustes e acordos entre os elementos desta relação permite entender que corpo e espaço têm uma troca mútua, renovando e ressignificando o entorno.
O diálogo com o que está à volta também dá início à programação do domingo, dia 21, com a videodança Improviso na Garagem, trabalho feito em colaboração entre o bailarino Matheus Moreira e o artista visual Jack Bones. Ocupando a garagem do condomínio onde moram e interagindo com sua arquitetura, eles abordam novas maneiras de corpos e espaços coexistirem em um mundo doente. Assim acontece o duo entre bailarino e câmera, no qual a integração investiga possibilidades associadas às limitações impostas pelo estado de quarentena – período no qual o vídeo foi criado.
O espetáculo que fecha esta edição do Palco Virtual é Goldfish, do coreógrafo Alexandre Américo, do Rio Grande do Norte, que trata da sensação de privacidade. Nesta versão remota da obra, a solidão é aspecto norteador do vídeo, no qual o performer dança enquanto é filmado por uma câmera em perspectiva subjetiva. O trabalho é o resultado de vivências em tempos e formatos distintos: laboratórios em residência artística e vídeos de ensaio, bem como uma transmissão ao vivo por uma plataforma virtual, em plena pandemia.
SERVIÇO:?
Palco Virtual – Dança
De 18 a 21 de março (quinta-feira a domingo), sempre às 20h
No site do Itaú Cultural:?www.itaucultural.org.br?
PROGRAMAÇÃO, SINOPSES E SERVIÇO
18 de março, quinta-feira, 20h
Sede
Com o grupo Afrobreak (SP)
Após a apresentação, acontece um bate-papo com mediação de Flávia Pinheiro (PE)
Duração: 16 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Livre
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações em: www.itaucultural.org.br???
Sinopse:
O espetáculo tem como base o elemento urbano do breaking (Hip Hop) interligado à dança contemporânea e outras influências. Instrumentos percussivos, ritmos abstratos e sons turbulentos são características da sonoplastia, resultado de uma produção original elaborada pelo próprio grupo. O cenário simples destaca objetos simbólicos, que têm o óbvio desconstruído ao decorrer da apreciação. Máscaras demarcam o foco, geram interrogações, delimitam a visão periférica. A todo momento: riscos. São situações e personagens da vida real representados em expressões corporais, com recursos que propõem o contato com a objetividade e subjetividade da arte, no intuito de provocar. O espetáculo busca ampliar a discussão sobre comportamentos humanos e a essência do existir.
Na Manha do House
Com o grupo Bonde do Jack (RJ)
Após a apresentação, acontece um bate-papo com mediação de Flávia Pinheiro (PE)
Duração: 36 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Livre
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações em: www.itaucultural.org.br???
Sinopse:
Esta performance nasce do encontro do house com o funk carioca. Em Nova York, anos 1980, latinos, negros, gays – e quem mais quisesse – se encontravam nos clubs undergrounds, para se sentirem em casa. Desse encontro surgiu a dança house, que hoje é difundida em todo o mundo. No Rio de Janeiro, na mesma época, nos bailes funks (nome de festas que tocavam soul e funk), chega a influência do Miami bass, um ritmo que influencia no surgimento de uma batida musical própria das áreas marginalizadas e favelas da cidade, futuramente chamado de Funk Carioca. Com o desenvolvimento desse novo ritmo (Funk Carioca), surgem formas próprias de dançar, como a Dança Passinho, uma forma de mover que se constitui da apropriação de várias outras danças, transformando-as e ocasionando uma contínua mutação de movimento. A partir da prática da dança house, unida à vivência de cariocas que têm seus corpos marcados pelo funk, o Bonde do Jack resgata a confluência dessas danças que, como muitas danças de diáspora, conversam entre si. O espetáculo revela a essência da cultura de periferia, que por si só, de forma orgânica, dialoga com o popular e agrega a cena da cultura regional carioca, contribuindo dessa forma para as discussões contemporâneas.
19 de março, sexta-feira, 20h
Elo
Com o grupo T. F. Style Cia de Dança (SP)
Após a apresentação, acontece um bate-papo com mediação de Kleber Lourenço (SP)
Duração: 45 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Livre
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações em: www.itaucultural.org.br???
Sinopse:
Eu que somado ao outro, crio o entendimento de nós: desatados, desacorrentados, mas unidos pelo brincar, pelo mover, pelo afeto. O espetáculo configura-se como uma proposição poética para espaços alternativos que dialoga corpo, arquitetura e público em busca de outro olhar para a cidade, habitando o invisível. Qual a urgência deste corpo hoje? Contra a pulsão de morte, só o atrito que gera empatia e alteridade. Um exercício para tornar visível uma perspectiva da cidade pelo encontro com o outro. Corpos em desvios poéticos que buscam a anarquia dos afetos. Um pulsar pela empatia. É o sorriso como convite e o corpo como morada do outro. O que sensibiliza? Como você exercita a empatia? Tocar foi, ainda é, e para sempre será, a verdadeira revolução. Nem ele, nem ela. ELO. Prêmio APCA de Melhor Estreia 2019.
20 de março, sábado, 20h
Lugar Comum
Com Aldinete de Souza (AL)
Após a apresentação, acontece um bate-papo com mediação de Flávia Pinheiro (PE)
Duração: 4 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Livre
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações em: www.itaucultural.org.br???
Sinopse:
Esta videodança é uma variável entre tempo e espaço. O lugar que você ocupa não é o mesmo em que o outro está. Mas com o advento do tempo, o espaço se transforma e a velocidade alterna… quem estará lá não será mais você. O tempo muda e o lugar volta a ser seu. Lugar comum, pessoas diferentes.
Enlugar
Com Raissa Costa, do grupo Enlugar Arte Movimento (AM)
Após a apresentação, acontece um bate-papo com mediação de Flávia Pinheiro (PE)
Duração: 50 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Livre
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações em: www.itaucultural.org.br???
Sinopse:
Performance fruto da pesquisa de Doutorado de Raíssa Costa, que visa potencializar e fortificar o contexto histórico cultural amazonense. O Enlugar surge de reflexões e experimentos sobre a relação corpo-espaço em casas abandonadas do Centro da cidade de Manaus. Pensar ajustes e acordos entre os elementos desta relação permite entender que o corpo e o espaço estão complicados em uma troca mútua renovando e ressignificando entorno.
21 de março, domingo, 20h
Improviso na Garagem
Com Matheus Moreira (SP)
Após a apresentação, acontece um bate-papo com mediação de Kleber Lourenço (SP)
Duração: 5 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Livre
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações em: www.itaucultural.org.br???
Sinopse:
Vídeo criado em quarentena, abril 2020. Trata-se de um duo entre bailarino e câmera. O trabalho surge através da integração do corpo ao audiovisual, investigando possibilidades associadas as limitações impostas pelo estado de quarentena. Nesta ação, a dança acontece entre bailarino e cinegrafista, indissociavelmente. Uma dança que acontece junta, mas sem se tocar, evidencia um mundo onde as relações se tornaram outras. O corpo e imagem compõem um duo em improvisação, possível pela escuta aguçada desenvolvida pela relação dos artistas ao longo desses anos. A partir das ferramentas audiovisuais, a montagem final do vídeo cria maneiras de se enxergar o material registrado, recriando e evidenciando possibilidades de movimentação para estes corpos reclusos. Ocupando a garagem do condomínio onde moramos e compondo com a arquitetura do espaço, a obra é sobre nossos corpos, que encontram novas maneiras e espaços para existir neste mundo doente.
Goldfish
Com Alexandre Américo (RN)
Após a apresentação, acontece um bate-papo com mediação de Kleber Lourenço (SP)
Duração: 50 min
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: livre
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações em: www.itaucultural.org.br???
Sinopse:
Nesta versão remota da obra Goldfish, a solitude é aspecto norteador. No vídeo, um performer atua na dança em estado de solitude, enquanto é filmado por uma câmera em perspectiva subjetiva. O trabalho é o resultado provisório da culminância de vivências em tempos e formatos distintos: laboratórios em residência artística e vídeos de ensaio, bem como uma transmissão ao vivo por uma plataforma virtual, em plena pandemia.