Governo Lula e PGR vão ao STF para barrar Dia do Patriota em Porto Alegre
Projeto de lei foi apesentado por vereador do PL; posteriormente cassado por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições
- Data: 26/08/2023 17:08
- Alterado: 26/08/2023 17:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
<p>O governo do presidente <strong>Luiz Inácio Lula da Silva</strong>, por meio da <strong>Advocacia-Geral da União </strong>(AGU), e a <strong>Procuradoria-Geral da República</strong> (PGR) querem <strong>derrubar a lei</strong> que instituiu a comemoração do <a href=”https://www.abcdoabc.com.br/brasil-mundo/noticia/porto-alegre-transforma-8-janeiro-data-ataque-brasilia-dia-patriota-210225″ target=”_blank”><strong>Dia do Patriota em Porto Alegre</strong></a> (RS) em <strong>8 de janeiro</strong>. Para questionar a normal municipal, os órgãos vinculam o caso ao inquérito dos atos antidemocráticos, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), e apresentam ações de questionamento de <strong>inconstitucionalidade</strong>.</p> <p>Nesta sexta-feira, 25, a PGR protocolou um pedido ao <strong>STF</strong> para a publicação imediata de uma liminar para suspensão da lei. Para <strong>Carlos Frederico</strong>, coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da instituição<em>, "não há dúvidas de que a lei se destina à comemoração dos atos criminosos ocorridos no dia 8 de janeiro em Brasília".</em> A PGR solicitou a distribuição da ação ao ministro <strong>Alexandre de Moraes</strong>, do STF, considerando a conexão do tema como o tratado no Inquérito 4.879.</p> <p>O mesmo caminho será seguido pela Advocacia-Geral da União (AGU) que, segundo Jorge Messias, entrará com uma ação na Justiça para questionar a constitucionalidade da norma<em>. "Estamos preparando uma ação para questionar no STF constitucionalidade da lei aprovada pelo Legislativo do Rio Grande do Sul que criou o 'Dia do Patriota'", </em>disse neste sábado, 26.</p> <p><em>"A Procuradoria-Geral da República propôs ao Supremo ação com propósito semelhante e pediu nossa manifestação. Vamos nos manifestar tão logo sejamos comunicados. Não se pode transigir com atos afrontosos à democracia. Estamos vigilantes e assim seguiremos",</em> completou.</p> <p>A norma que adiciona o Dia do Patriota ao calendário municipal da capital gaúcha é alvo de críticas de ministros do governo Lula e parlamentares. Para o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, o dia 8 de janeiro deveria ser considerado o <em>"dia do golpista ou da tentativa de criar uma ditadura no País". </em>Ele ainda afirmou que espera intervenção do STF contra a lei.</p> <p>A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro, senadora <strong>Eliziane Gama</strong>, afirmou que a comemoração porto-alegrense é <em>"perturbadora</em>" e uma <em>"afronta ao Estado Democrático de Direito".</em> O colegiado investiga, no Congresso, os ataques às sedes dos Três Poderes.</p> <p>Nesta sexta-feira, a vereadora de Porto Alegre Karen Santos (PSOL) apresentou um projeto de lei solicitando a derrubada da comemoração. <em>"Não faz sentido marcar na história de Porto Alegre este dia, onde assistimos atos golpistas e fascistas tentarem acabar com a frágil democracia brasileira. Nada de patriótico ocorreu naquele dia, pelo contrário. Manter essa data é um apoio simbólico aos ataques golpistas, não podemos aceitar!",</em> afirmou.</p> <p>Como mostrou o Estadão, a Câmara Municipal de Porto Alegre incluiu o Dia do Patriota como o dia 8 de janeiro no calendário comemorativo da capital. A ideia partiu do agora ex-vereador <strong>Alexandre Bobadra (PL).</strong> No projeto de lei, apresentado em março, ele não menciona os ataques na capital federal nem o motivo de ter escolhido o dia 8 de janeiro para a celebração.</p> <p>De março a junho de 2023, a proposta passou pelas três comissões permanentes do Legislativo porto-alegrense, recebeu pareceres positivos e seguiu para a sanção do prefeito Sebastião Melo (MDB). O chefe do Executivo, entretanto, não sancionou nem vetou a lei durante os 15 dias de prazo, o que fez com que o projeto retornasse para a mesa do presidente da Câmara, Hamilton Sossmeier (PTB), que promulgou o texto em 7 de agosto.</p> <p>Bobadra viu sua ideia virar lei e, após uma semana, teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS). O colegiado entendeu que o vereador cometeu crime de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições de 2020. Ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).</p> <p>A decisão ainda declarou que os votos do parlamentar deveriam ser anulados e os cálculos dos quocientes eleitoral e partidário refeitos. A vaga de Bobadra foi ocupada na quarta-feira, 24, pelo vereador Cláudio Conceição (União).</p>