Festival Batuque retorna com Freddie Gibbs e homenageia legado de Enézimo

Homenageando o icônico rapper andreense Enéas Enézimo e trazendo o americano Freddie Gibbs ao Brasil pela primeira vez, Festival Batuque volta com força total

  • Data: 19/12/2023 21:12
  • Alterado: 19/12/2023 21:12
  • Autor: Rodilei Morais
  • Fonte: ABCdoABC
Festival Batuque retorna com Freddie Gibbs e homenageia legado de Enézimo

Freddie Gibbs foi a principal atração do Festival Batuque em 2023

Crédito:Rodilei Morais/ABCdoABC

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Foram três longos anos até o Festival Batuque retornar à programação do Sesc Santo André e, neste final de semana, a espera chegou ao fim. No sábado (16) e no domingo (17), rappers e DJs nacionais passaram pelo palco antes das apresentações do americano Freddie Gibbs, que fez sua estreia no Brasil. As noites contaram ainda com a exibição do documentário Irmãos de Tinta e uma homenagem a Enéas Enézimo, grande expoente do rap em Santo André, falecido em 2020 em decorrência da COVID-19.

Parceiro de Enézimo, DJ Nato_PK tocou nos intervalos dos shows e junto com Rodrigo Ogi
Parceiro de Enézimo, DJ Nato_PK tocou nos intervalos dos shows e junto com Rodrigo Ogi (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Com ingressos esgotados rapidamente, os fãs do Hip-Hop no ABC — e também da Grande São Paulo — fizeram de Santo André o ponto de encontro do público que consome e produz esta cultura. Isso, porém, não é nenhuma novidade e, na verdade, acontecia anualmente desde 2010 — até antes, considerando outros projetos que já existiam na unidade. Ao longo destes 13 anos, o Festival Batuque contou com lendas do rap em suas escalações, trazendo nomes internacionais como Q-Tip, do A Tribe Called Quest, e Ghostface Killah, do Wu-Tang Clan.

A pandemia de COVID-19 forçou a descontinuidade do festival e, se isso não fosse um abalo forte o suficiente ao Hip-Hop no ABC, ela levou ainda um de seus maiores representantes na região. Enézimo foi MC e arte educador, participando de diversos projetos sociais ao longo de sua vida até seu falecimento aos 46 anos. Antes do show de Gibbs, uma homenagem ao músico foi exibida, na qual diversos artistas — como Emicida, BNegão e Leci Brandão — proclamaram “Enézimo Presente.” 

A MC Stefanie comandou o festival no sábado
A MC Stefanie comandou o festival no sábado (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

A manutenção do legado de Enézimo também é um dos esforços de seu companheiro na produtora Pau-de-Dá-em-Doido, o DJ Nato_PK. Foi ele quem comandou os toca-discos entre cada apresentação no Batuque 2023, acompanhado da rapper Stefanie como mestre de cerimônias da noite de sábado e de Max B.O., também rapper e artista plástico, no domingo.

Encontro de gerações no Festival Batuque

Se o próprio Freddie Gibbs já está há quase 20 anos na cena do gangsta rap e Rodrigo Ogi, uma das atrações nacionais do evento, já passou dessa marca, o evento trouxe para o palco artistas de uma geração efervescente com a dupla Febre 90’s, um dos principais nomes do rap fora do eixo Sudeste, Victor Xamã e MC Luanna — natural da Bahia e única mulher no line up do Festival Batuque, que já teve mais representatividade feminina no passado.

Febre 90's resgata sonoridades da década que dá nome à dupla
Febre 90’s resgata sonoridades da década que dá nome à dupla (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Mas a mistura de gerações é vista, principalmente, na plateia. Adultos e adolescentes, crianças de colo e idosos estavam nos shows. A promoção de um espaço favorável a este encontro é um grande mérito de um festival que é um marco para sua cultura. Sono TWS, DJ e beatmaker parceiro de PumaPJL no Febre 90’s, afirmou já ter feito parte daquele público muitas vezes antes de estar naquele palco — o mesmo que Enézimo havia lançado seu primeiro trabalho, em 2008, quando o Festival Batuque se chamava Indie Hip-Hop.

Rodrigo "Vovô" Ogi trouxe sua lírica elaborada para o palco no sábado
Rodrigo “Vovô” Ogi trouxe sua lírica elaborada para o palco no sábado (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

O ABCdoABC esteve presente no Sesc na noite de sábado e assistiu ao show da dupla, marcado pelas batidas criativas de Sono e a companhia de dançarinos. Se o DJ e o MC da dupla pecam em algo é na sua presença de palco, algo que o acréscimo da dança pode contribuir. A apresentação de Ogi, no mesmo dia, foi uma aula de rap. O “vovô” foi  acompanhado por Tiago Red na segunda voz, pelos arrebatadores backing vocals de Paola Ribeiro para destilar sua lírica eloquente.

Freddie Gibbs no Brasil pela primeira vez

A grande atração dos dois dias de festival nem parece nunca ter pisado no Brasil anteriormente. O prolífico Freddie — que já lançou diversas mixtapes além de nove álbuns de estúdio — entregou um show com quase 30 músicas com muita interação com o público e sem perder a energia.

Freddie Gibbs na primeira de suas duas apresentações no Festival Batuque
Freddie Gibbs na primeira de suas duas apresentações no Festival Batuque (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Bem-humorado e provocativo, o rapper pedia constantemente para os fãs repetirem seu nome e a frase “F*** police,” “f***-** a polícia,” em bom português, além de exigir mosh pits em grande parte das canções.

Os coros em seus maiores sucessos foram estrondosos e justificaram sua escolha como grande atração de um festival que exige nomes de peso, dado seu histórico. Em suma, a edição de 2023 mostra que o Batuque voltou com força total e seu som — assim como o de Enézimo — vai continuar ecoando por muitos e muitos anos.

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  • Data: 19/12/2023 09:12
  • Alterado:19/12/2023 21:12
  • Autor: Rodilei Morais
  • Fonte: ABCdoABC









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