Diálise peritoneal: alternativa menos utilizada no SUS pode trazer mais autonomia a pacientes
Apesar de oferecer mais autonomia aos pacientes, a diálise peritoneal ainda é pouco utilizada no SUS devido a desafios logísticos e financeiros.
- Data: 23/03/2025 09:03
- Alterado: 23/03/2025 09:03
- Autor: Suzana Rodrigues
- Fonte: FolhaPress
No Brasil, mais de 157 mil pessoas dependem da diálise para sobreviver, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). O tratamento pode ser realizado de duas formas: a hemodiálise, feita em clínicas e hospitais, e a diálise peritoneal, que pode ser realizada em casa, oferecendo mais autonomia ao paciente.
Enquanto a hemodiálise requer que o paciente passe cerca de quatro horas conectado a uma máquina três vezes por semana, a diálise peritoneal ocorre diariamente, geralmente durante o sono, e permite que o paciente mantenha sua rotina com menos interrupções. No entanto, apesar de ser uma alternativa eficaz, essa segunda modalidade ainda é pouco utilizada no Sistema Único de Saúde (SUS).
Baixa adesão e desafios no SUS
Dados do Ministério da Saúde mostram que, nos últimos dois anos, foram realizados 171.882 atendimentos de diálise peritoneal no SUS, com um repasse de R$ 46,5 milhões, enquanto a hemodiálise recebeu 36.438.905 atendimentos e R$ 9,3 bilhões em recursos.
Especialistas apontam que um dos motivos para a baixa adesão é o modelo de financiamento do SUS, que não cobre de forma suficiente os custos logísticos da diálise peritoneal, como a distribuição de insumos e o armazenamento adequado dos materiais. Isso faz com que muitas clínicas priorizem a hemodiálise.
Além disso, há critérios específicos para a escolha da modalidade. A diálise peritoneal não é indicada para pacientes que passaram por cirurgias abdominais, têm dificuldades motoras ou cognitivas ou não dispõem de um ambiente adequado para armazenar os materiais necessários.
Histórias de pacientes: autonomia versus rotina hospitalar
A professora universitária Carolina Barbieri, 39, vive com doença renal crônica há mais de uma década. Após enfrentar complicações decorrentes da Covid-19, precisou iniciar a diálise. Com a estabilização do quadro, optou pela diálise peritoneal, que lhe permitiu continuar trabalhando e cuidando dos filhos. “Meu tratamento acontece enquanto durmo, sem dor nem incômodo”, conta.
Já a aposentada Gleidiane Tavares, 41, enfrenta uma realidade diferente. Moradora do interior do Piauí, precisa viajar 480 km, três vezes por semana, para realizar a hemodiálise no hospital. Segundo ela, nunca foi informada pelos médicos sobre a possibilidade da diálise peritoneal.
Para que mais pacientes tenham acesso à diálise peritoneal no SUS, especialistas defendem a necessidade de maior incentivo financeiro para clínicas e hospitais, além de ampliar a informação sobre essa modalidade para médicos e pacientes.

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