Brasil recicla apenas 1,82% dos resíduos

O estudo também destaca que apenas 36% da população brasileira tem acesso à coleta seletiva para resíduos sólidos domiciliares

  • Data: 14/03/2025 09:03
  • Alterado: 14/03/2025 09:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: Sinasa
Brasil recicla apenas 1,82% dos resíduos

Reciclagem de latinhas de alumínio.

Crédito:Divulgação

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Dados recentes do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinasa), coletados em 2023, analisados em 2024 e divulgados nesta quarta-feira (12), revelam uma realidade preocupante sobre a reciclagem no Brasil. Apenas 1,82% dos resíduos recicláveis, tanto secos quanto orgânicos, são efetivamente recuperados no país.

Essa porcentagem representa cerca de 0,16 milhões de toneladas de resíduos orgânicos e 1,17 milhões de toneladas de materiais recicláveis secos, que incluem vidro, plástico, metal e papel. O estudo também destaca que apenas 36% da população brasileira tem acesso à coleta seletiva para resíduos sólidos domiciliares, uma prática essencial para a proteção ambiental e promoção da sustentabilidade.

As disparidades regionais são marcantes: a região Norte enfrenta um déficit crítico, com apenas 5,6% das cidades oferecendo serviços de coleta seletiva. Em contraste, no Sul do Brasil, esse serviço está disponível em quase metade dos municípios. Os dados por região são os seguintes:

  • Norte: 22 municípios (5,6%)
  • Nordeste: 124 municípios (9,4%)
  • Centro-Oeste: 94 municípios (22,3%)
  • Sudeste: 543 municípios (35,7%)
  • Sul: 516 municípios (46,1%)

Bernardo Verano, especialista em Engenharia de Controle da Poluição Ambiental, atribui a baixa taxa de recuperação à falta de infraestrutura adequada nas cidades e à insuficiente conscientização da população sobre a importância da reciclagem. Além disso, ele observa que a demanda limitada por materiais reciclados em certas regiões desencoraja investimentos nesse setor.

Verano enfatiza que aumentar o percentual de recuperação de resíduos recicláveis é crucial não apenas para reduzir a exploração dos recursos naturais e minimizar a quantidade de lixo destinado a aterros e lixões, mas também para combater as emissões de gases de efeito estufa. Ele salienta ainda que a reciclagem tem um impacto positivo na economia ao gerar empregos e fortalecer cooperativas de catadores.

A ampliação da coleta seletiva é fundamental para mitigar os impactos ambientais e promover a economia circular, onde materiais descartados são reintegrados ao ciclo produtivo. Para isso, o especialista defende a necessidade urgente de políticas públicas mais robustas e fiscalização rigorosa na área.

A gestão inadequada dos resíduos sólidos continua sendo um desafio no Brasil. Em 2023, o país ainda contava com 1.606 lixões em operação — depósitos abertos que representam uma forma insustentável de disposição final dos resíduos. Esses locais não possuem controle ambiental e podem causar sérios danos ao solo e à água devido à liberação de substâncias tóxicas. Além disso, eles atraem vetores de doenças e podem afetar negativamente a qualidade do ar.

A presença desses lixões não apenas compromete o meio ambiente como também desvaloriza as áreas circunvizinhas e prejudica a qualidade de vida das comunidades locais. Verano conclui que uma gestão adequada dos resíduos sólidos é essencial para garantir sustentabilidade ambiental e bem-estar social.

Ele alerta que é imperativo substituir os lixões por aterros sanitários adequados e implementar medidas eficazes para expandir a coleta seletiva e aumentar a recuperação dos materiais recicláveis. Essas ações exigem investimentos significativos, políticas públicas eficazes e engajamento ativo da sociedade.

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  • Data: 14/03/2025 09:03
  • Alterado:14/03/2025 09:03
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