Aumento dos combustíveis eleva estimativa do IPCA de 6,2% para 7 5%, diz FGV

Petrobras anunciou que a partir de sexta, o preço nas suas refinarias serão elevados em 18,7% na gasolina; 24,9% no diesel e 16% no gás de cozinha

  • Data: 10/03/2022 17:03
  • Alterado: 10/03/2022 17:03
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Aumento dos combustíveis eleva estimativa do IPCA de 6,2% para 7 5%, diz FGV

Crédito:Divulgação

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Os aumentos anunciados nesta quinta-feira, 10, pela Petrobras elevam as pressões inflacionárias no País, não apenas pelo impacto da alta dos combustíveis, mas pela irradiação desses reajustes na economia de forma geral, disse o coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz.

A estimativa do economista para a inflação oficial do ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) após os aumentos, sobe de 6,2% para 7,5%, informa, levando em conta apenas o aumento dos combustíveis.

Nesta quinta, a Petrobras anunciou que a partir da sexta-feira, o preço nas suas refinarias serão elevados em 18,7% na gasolina; 24,9% no diesel e 16% no Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), ou gás de cozinha.

Segundo o economista, o impacto total da alta da gasolina, do diesel e do gás de cozinha será de 1,52 ponto porcentual (p.p.) nos próximos 30 dias. Mas como o mês de março já está no dia 10, observou, o impacto em março será de 1,05 p.p., e mais 0,47 p.p. em abril.

“Minha estimativa era de que o IPCA em março seria de 0,7%, com o aumento pode alcançar 1,75%, e para abril a estimativa era de 0 6% e pode fechar em torno de 1%. Vamos ter dois meses de pressão dos combustíveis no IPCA”, calcula Braz.

Ele alertou, porém, que este é apenas o efeito direto do reajuste, já que a alta de preços afeta o transporte rodoviário, que é intensivo em diesel; o ônibus urbano, que já represa há algum tempo o reajuste, terá maior pressão; as máquinas agrícolas que se movimentam no campo com diesel; entre outros. “A estimativa do impacto indireto é difícil porque é muito espalhada, mas não será desprezível e vai acelerar muito a pressão inflacionária em 2022”, explica.

Segundo Braz, esse aumento tem relação direta com a guerra entre Rússia e Ucrânia e mesmo que o conflito cesse nos próximos dias, ainda vai levar um tempo para o preço da commodity baixar, e o preço deve continuar alto por alguns meses. “Mesmo que a guerra termine amanhã, os embargos contra a Rússia vão continuar. Isso vai mexer com a logística da distribuição de petróleo e isso mexe com o preço, pode manter o preço em um patamar mais alto”, afirma.

Ele destaca que a Rússia tem um peso muito grande no setor de petróleo, e por este motivo a alta do petróleo pode ser mais persistente e com isso influenciar ainda mais a inflação do ano.

Depois de tocar os US$ 139,13 na última segunda-feira, 7, o petróleo vem cedendo de preço e operava nesta quinta-feira cotado a US$ 112,11 o barril.

O governo brasileiro e o Congresso Nacional buscam uma solução para evitar que a grande volatilidade externa da commodity continue a contaminar os preços internos, porém não existe consenso sobre a melhor medida a ser tomada e nada foi decidido.

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  • Data: 10/03/2022 05:03
  • Alterado:10/03/2022 17:03
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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