Drones, vacina e pesquisa: como o Estado de São Paulo enfrenta a dengue

Defesa Civil comanda combate ao mosquito da dengue nas ruas e agências de pesquisa apoiam estudos

  • Data: 21/02/2025 15:02
  • Alterado: 21/02/2025 15:02
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência SP
Drones, vacina e pesquisa: como o Estado de São Paulo enfrenta a dengue

Crédito:Governo de São Paulo/Divulgação

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O Estado de São Paulo anunciou a declaração de situação de emergência em saúde pública devido à epidemia de dengue, uma medida que visa fortalecer as ações contra a disseminação da doença e do mosquito transmissor. O governo estadual alocou R$ 228 milhões para apoio financeiro aos municípios, além de envolver a Defesa Civil na erradicação dos focos do vetor. Paralelamente, o Estado está investindo no desenvolvimento de uma nova vacina contra a dengue e apoiando iniciativas de pesquisa científica.

A época do ano, caracterizada por um aumento nas chuvas e temperaturas elevadas, demanda uma vigilância redobrada da população em relação à dengue.

Desenvolvimento da Vacina

O Instituto Butantan está à frente da criação da primeira vacina de dose única contra a dengue no mundo, posicionando o Brasil como pioneiro nesse campo. As investigações sobre este imunizante começaram em 2016 e têm previsão de conclusão para junho de 2024. Resultados preliminares, publicados no respeitado The New England Journal of Medicine, revelaram que a vacina reduz em 79,6% o risco de infecção pelo vírus da dengue e em 89% as chances de formas graves da enfermidade.

Trata-se de uma vacina tetravalente, capaz de proteger contra os quatro sorotipos do vírus, incluindo o DENV-3, que recentemente ressurgiu no estado. O imunizante é também notável por abranger uma faixa etária mais ampla. Em dezembro de 2024, o Instituto Butantan enviou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o último conjunto de dados necessários para o registro e autorização do uso da vacina. As duas entidades estão atualmente na fase final do processo de validação.

Na eventual aprovação pela Anvisa, o Butantan se compromete a fornecer cerca de 100 milhões de doses ao Ministério da Saúde nos próximos três anos, com um milhão sendo disponibilizado já em 2025. “Estamos confiantes que venceremos esta batalha contra a dengue assim que tivermos a vacina disponível para todos. Este é um projeto desenvolvido pelo Instituto Butantan que nos oferece segurança quanto ao seu uso“, afirmou Eleuses Paiva, secretário da Saúde de São Paulo.

Ações Contra o Mosquito

Enquanto aguarda a aprovação da vacina, o governo paulista intensifica suas iniciativas para combater o mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão não apenas da dengue, mas também das doenças zika e chikungunya. A Defesa Civil do Estado realiza ações educativas e práticas para eliminar os criadouros desse mosquito.

Agentes estão empenhados em inspecionar residências e áreas públicas em busca de possíveis focos do vetor, registrando imóveis em condições críticas para futuras ações fiscais. Além disso, são realizados serviços de limpeza em praças e terrenos baldios para eliminar detritos que possam acumular água.

A nebulização — ou “fumacê” — é uma das estratégias adotadas pela Defesa Civil nas áreas com maior risco de proliferação do mosquito.

No município de Osasco, por exemplo, as equipes realizaram vistorias domiciliares e limpeza urbana para erradicar criadouros no centro da cidade. Essa operação contou com colaboração dos agentes do Controle de Zoonoses e das Defesas Civis municipal e estadual.

Em termos educativos, foram estabelecidas parcerias entre a Defesa Civil e as Secretarias da Saúde e dos Transportes Metropolitanos para levar informações aos cidadãos. Uma dessas ações ocorreu na estação Palmeiras-Barra Funda da Linha 7-Rubi, onde foram distribuídos materiais informativos sobre prevenção.

Uso de Tecnologia no Combate

A Defesa Civil também está incorporando tecnologias avançadas como drones na inspeção de potenciais criadouros do mosquito. Esses dispositivos facilitam a vistoria em locais inacessíveis ou abandonados, onde podem existir reservatórios d’água propícios à reprodução do mosquito.

A identificação desses pontos permite que as prefeituras notifiquem os proprietários sobre a necessidade de limpeza e manutenção adequadas.

Inovações Científicas

O governo paulista, por meio da Fapesp, está investindo na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias voltadas ao controle da dengue. Entre as iniciativas está a criação de armadilhas que capturam fêmeas do mosquito Aedes aegypti utilizando uma mistura atrativa composta por água, açúcar e feromônio. O sistema conta com câmeras equipadas com inteligência artificial que distinguem esses mosquitos de outras espécies.

A coleta dos insetos possibilita análise sobre padrões populacionais e comportamentais sem a necessidade da presença constante de pesquisadores. Esta tecnologia foi desenvolvida por cientistas do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e descrita em um artigo publicado na revista Sensors.

Pesquisas financiadas pela Fapesp também evidenciaram a influência do fenômeno El Niño no aumento da infestação do mosquito no estado. Estudos indicam que temperaturas acima de 23ºC e chuvas superiores a 153 milímetros favorecem a proliferação das larvas. Além disso, especialistas alertam sobre o retorno do sorotipo DENV-3 da dengue, enfatizando a importância contínua da vigilância epidemiológica.

Informações à População

A fim de esclarecer dúvidas frequentes sobre a dengue, a Secretaria da Saúde lançou o portal Dengue 100 Dúvidas. O site reúne perguntas comuns dos cidadãos e oferece respostas claras e objetivas sobre a doença. Para mais informações acesse

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  • Data: 21/02/2025 03:02
  • Alterado:21/02/2025 15:02
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência SP









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