Ex-governador Marconi Perillo é alvo de operação da PF por desvios na saúde
Polícia Federal e CGU investigam contratos irregulares na gestão de Perillo em Goiás, com supostos repasses a políticos e gestores de ONG.
- Data: 06/02/2025 21:02
- Alterado: 06/02/2025 21:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
O ex-governador de Goiás e atual presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, se tornou o foco de um mandado de busca e apreensão durante uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), realizada nesta quinta-feira, 6 de outubro. A investigação apura desvios de recursos relacionados à saúde entre os anos de 2012 e 2018.
Conforme as informações obtidas pela PF, foram identificadas irregularidades em contratos firmados durante a gestão de Perillo com uma organização não governamental (ONG). Esta ONG, por sua vez, subcontratou empresas que possuem vínculos com políticos e administradores da própria entidade social.
A investigação revela que uma parte significativa dos recursos recebidos por essas empresas retornava aos políticos e aos gestores da organização, prática essa que é estritamente proibida pela legislação vigente.
Marconi Perillo nega quaisquer acusações de irregularidade. No total, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, sendo dez deles em Goiânia e um em Brasília. As ordens judiciais foram emitidas pela 11ª Vara Federal, que também ordenou o sequestro de mais de R$ 28 milhões dos investigados.
A ONG envolvida na investigação tinha a responsabilidade pela gestão de dois hospitais estaduais reconhecidos por prestarem serviços de urgência e emergência pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado.
A análise dos contratos revelou que a organização adotou um modelo operacional caracterizado pela terceirização excessiva das atividades, com a formalização de contratos vagos, sem especificações claras sobre os serviços a serem prestados.
A CGU apontou que tal abordagem permitiu a realização de pagamentos sem as adequadas medições necessárias, conforme evidenciado nas notas fiscais e demais documentos retirados do sistema de prestação de contas.
Além disso, foram firmados contratos com objetivos semelhantes, o que sugere uma sobreposição nas contratações e um desperdício significativo de recursos públicos. Segundo a CGU, os desvios financeiros prejudicaram a qualidade do atendimento à saúde da população vulnerável.
A organização social investigada recebeu mais de R$ 900 milhões em verbas do SUS através dos contratos estabelecidos com o governo goiano.
As investigações não se limitam apenas ao desvio de recursos; também são analisados crimes como peculato, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas máximas para esses delitos podem ultrapassar 40 anos.
A operação recebeu o nome de “Panaceia”, em referência à mitologia grega, simbolizando uma cura universal ou remédio para todos os males.
Posicionamento do ex-governador
Em um comunicado oficial, Marconi Perillo reiterou sua inocência e afirmou que não há evidências contra ele. Ele mencionou ter sido alvo de outras operações anteriores e ressaltou que seus sigilos e os de sua família foram minuciosamente investigados.
Perillo criticou a operação atual, alegando que se baseia em eventos ocorridos há mais de uma década. Ele afirmou: “Nunca fiz o que narram. Somente fabricaram histórias. Estão extrapolando limites com extrema crueldade. Não esperava que usassem o poder do Estado para me perseguir novamente.”
O PSDB manifestou seu apoio ao ex-governador em nota oficial, afirmando que muitos membros do partido têm sido vítimas recentes de abusos nas investigações. Apesar disso, enfatizou a importância da investigação de todas as denúncias feitas e pediu que os responsáveis sejam punidos sem qualquer forma de perseguição política.
A nota do partido ainda destacou que todas as investigações contra Perillo foram arquivadas pelo sistema judicial anteriormente. Por fim, a sigla expressou surpresa pela lentidão na condução da investigação atual.
A assessoria do governador Ronaldo Caiado respondeu às declarações do ex-governador, dizendo que as afirmações soam risíveis e acusando Perillo de tentar desviar o foco das denúncias sobre desvios durante seu governo.