Mães enfrentam dilema sobre o uso de telas com os filhos
Desafios cotidianos e a busca por equilíbrio entre o uso de dispositivos digitais e o desenvolvimento infantil.
- Data: 02/02/2025 10:02
- Alterado: 02/02/2025 10:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
A experiência de Ana Luiza Arra, 34 anos, ao cuidar do cabelo cacheado de sua filha Magnólia, de apenas 3 anos, ilustra um dilema enfrentado por muitos pais na atualidade. Para tornar essa tarefa mais tranquila, Ana Luiza frequentemente recorre a videoclipes no celular, permitindo que a criança se distraia enquanto ela finaliza o penteado.
Embora Ana Luiza reconheça a importância de limitar o contato de sua filha com dispositivos eletrônicos, ela admite que, em momentos de necessidade, o uso das telas se torna uma ferramenta útil. Essa realidade não é exclusiva dela; é um desafio comum entre muitos cuidadores no Brasil.
A discussão sobre o uso de dispositivos digitais por crianças e adolescentes tem ganhado destaque recentemente, especialmente após a sanção de uma nova lei que proíbe o uso de celulares em escolas públicas e privadas. Durante a cerimônia de assinatura da legislação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a prática de entregar celulares às crianças como forma de distraí-las: “É uma coisa fria, gelada… Esse comportamento desumano está sendo utilizado pelos humanos“, afirmou.
Segundo Julieta Jerusalinsky, psicanalista e professora na PUC-SP, essa problemática reflete uma mudança nas estruturas familiares contemporâneas. Com o afastamento das famílias extensas e a crescente individualização dos laços sociais, as mães muitas vezes enfrentam a solidão no papel de cuidadoras. “O afastamento em si não seria um problema se vivêssemos numa sociedade menos individualista,” ressalta.
Ana Luiza, que é mãe solo e não conta com uma rede de apoio estruturada, enfrenta desafios diários ao equilibrar suas responsabilidades profissionais com os cuidados com Magnólia. Durante as férias escolares, por exemplo, ela se vê em situações onde precisa utilizar dispositivos eletrônicos para manter a rotina e permitir que sua filha realize tarefas simples como comer ou brincar.
Apesar das dificuldades, Ana Luiza tenta estabelecer limites no tempo de tela da filha e é criteriosa quanto ao tipo de conteúdo assistido. Ela busca restringir os desenhos animados a opções que não ofereçam estímulos excessivos.
Débora Adão, 35 anos, compartilha preocupações semelhantes em relação ao uso da tecnologia com suas filhas Kyara, 5 anos, e Aylla, 2 anos. Ela faz questão de monitorar o conteúdo assistido e já impediu o acesso a programas considerados inadequados. Apesar disso, Débora confessa que, em momentos críticos durante as manhãs agitadas, permite que as crianças assistam televisão para facilitar suas tarefas diárias.
“A tecnologia rouba a infância das crianças,” afirma Débora. Contudo, ela também admite que o uso das telas se tornou uma ferramenta necessária para gerenciar suas obrigações domésticas sem apoio familiar imediato.
Esses relatos refletem experiências comuns entre muitas mães que buscam ajuda online em grupos de redes sociais. As preocupações sobre como manter os filhos entretidos sem recorrer à tecnologia são frequentes e revelam uma luta compartilhada por diversas famílias.
No entanto, especialistas alertam que o uso excessivo das telas pode comprometer habilidades sociais importantes para o desenvolvimento infantil. Julieta Jerusalinsky destaca que é essencial questionar quais atividades estão sendo substituídas pelo uso do celular antes de entregá-lo a uma criança.
A psicopedagoga Andrea Nasciutti complementa que o problema não reside na tecnologia em si, mas sim em como ela está sendo utilizada. “Os pais precisam ser intencionais na parentalidade,” sugere Nasciutti, enfatizando a importância da participação ativa dos filhos nas atividades cotidianas como forma de promover interações significativas.
A consciência dos adultos em relação ao próprio uso das tecnologias também é um fator relevante. Muitas vezes, os pais buscam limitar as telas para os filhos enquanto permanecem conectados eles mesmos.
Ana Luiza expressa seu desejo de adiar ao máximo a exposição da filha aos dispositivos digitais; no entanto, reconhece que sua rotina laboral exige alguma flexibilidade nesse aspecto. “Eu tento me policiar bastante e percebo que falho,” conclui.

RECOMENDADOS
- Rodoviária de Santo André: mais de 8 destinos atendidos
- Parque Central de Santo André: 5 atrações para todos
- Sesc Santo André: 5 atividades para todos
- Poupatempo Santo André: mais de 5 serviços disponíveis
- Estação Santo André: 4 linhas de conexão estratégica no transporte do ABC
- Fundação Santo André: 3 áreas de ensino superior