Morre Renina Katz Pedreira, Referência da Arte Brasileira
Morre Renina Katz Pedreira, ícone da arte brasileira, aos 99 anos; sua obra transformou retratos sociais em poderosas mensagens de resistência.
- Data: 21/01/2025 21:01
- Alterado: 21/01/2025 21:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Reprodução
A renomada artista Renina Katz Pedreira, reconhecida por sua contribuição à pintura e ilustração, faleceu na última terça-feira, dia 21, aos 99 anos, em sua residência localizada em Niterói, Rio de Janeiro. A notícia foi divulgada por um representante próximo à família.
Nascida em 1925, Katz iniciou sua trajetória artística nas décadas de 1940 e 1950, onde suas primeiras criações se concentraram em retratos e paisagens que retratavam o cotidiano carioca. Naquele período, suas obras refletiam a influência do expressionismo, um movimento artístico marcante.
Seus estudos de xilogravura começaram entre 1947 e 1950 na Escola Nacional de Belas Artes. Sob a orientação do artista Napoleon Potyguara Lazzarotto, conhecido como “Poty”, ela se aventurou no curso de gravura em metal sob a tutoria de Carlos Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Com o passar dos anos 1950, as obras de Katz passaram a adotar uma abordagem social mais incisiva, destacando figuras marginalizadas como protagonistas. Suas representações de trabalhadores urbanos e membros de classes sociais menos favorecidas culminaram em séries significativas de gravuras, incluindo aquelas relacionadas à temática dos retirantes e o álbum “Favelas”, lançado em 1956.
As obras desse período são caracterizadas por uma frontalidade intensa, apresentando realismo e clareza nas mensagens transmitidas. O contraste se tornou um elemento distintivo do seu trabalho, conferindo profundidade e dramaticidade às cenas que abordavam questões sociais prementes.
Na metade da década de 1950, o estilo da artista começou a transitar para uma estética mais abstrata, distanciando-se do realismo social em favor de composições figurativas. Embora continuasse a trabalhar com paisagens, suas representações passaram a ser mais sugestivas e transparentes, dialogando com diferentes aspectos da memória coletiva.
A partir dos anos 1970, Katz diversificou sua produção ao iniciar trabalhos com litogravura, utilizando pedra como nova base para suas criações. Essa inovação permitiu-lhe explorar uma paleta tonal mais rica e variada, resultando em um desenvolvimento cromático significativo nas suas obras.
Em uma entrevista à Folha de S.Paulo, a artista desafiou a noção de ter vivenciado uma “fase abstrata”, enfatizando que suas paisagens eram sempre moldadas pela interpretação dos observadores. À medida que sua carreira avançava, ela buscou cada vez mais liberdade criativa, afirmando que suas produções mais figurativas nunca tiveram como objetivo meramente ilustrar ideias.
Katz comentou sobre sua série “Carcéres”, onde utilizou tons de vermelho e preto para criar grades geométricas, destacando: “Queria o impacto da liberdade e da ausência dela”.
Além de seu legado artístico, Renina Katz também se destacou como educadora. Após mudar-se para São Paulo em 1951, ministrou aulas de gravura no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) até os anos 1960. Em seguida, passou a lecionar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), onde atuou por impressionantes 28 anos.