Protestos em Washington Marcam Retorno de Trump à Casa Branca
Milhares protestam em Washington contra Trump: direitos civis e sociais em jogo.
- Data: 18/01/2025 18:01
- Alterado: 18/01/2025 18:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:JOHN MINCHILLO/ASSOCIATED PRESS
No último sábado (18), uma significativa manifestação ocorreu em Washington, D.C., reunindo milhares de pessoas em oposição às políticas propostas por Donald Trump e o Partido Republicano, a apenas dois dias da reintegração do empresário à presidência dos Estados Unidos.
A “Marcha do Povo” foi organizada por uma coalizão de grupos dedicados à defesa dos direitos civis e à justiça social, entre os quais se destaca o coletivo responsável pela Marcha das Mulheres, que já mobilizou centenas de milhares de manifestantes na capital americana durante a primeira posse de Trump, em 2017.
Os participantes expressaram seu descontentamento com uma variedade de questões que consideram ameaçadas sob a nova administração. Entre os temas centrais estavam o direito ao aborto, as ações contra as mudanças climáticas, a proteção contra a violência armada e os direitos dos imigrantes.
Durante a marcha, muitos portavam gorros cor-de-rosa em forma de gato, uma alusão ao evento de 2017. Os manifestantes avançaram pelo centro da cidade, enfrentando uma leve chuva, passando pela Casa Branca e seguindo em direção ao Lincoln Memorial.
Embora o evento tenha atraído um número considerável de pessoas, ele foi menor em comparação aos protestos de 2017. Isso se deve, em parte, à percepção de fragmentação do movimento pelos direitos das mulheres nos Estados Unidos, especialmente após a derrota da vice-presidente Kamala Harris nas eleições de novembro.
Os organizadores estimavam que cerca de 50 mil pessoas estariam presentes no ato, enquanto as autoridades locais projetavam um público próximo a 25 mil. Além disso, mais de 300 outras manifestações foram agendadas para todo o país.
“Essas leis ameaçam nossas vidas. As mulheres estão morrendo”, afirmou Aisha Becker-Burrowes, enquanto os gritos da multidão ecoavam o lema “Meu corpo, minha escolha”.
Susan Dutwells, uma cidadã de 60 anos que viajou da Flórida com sua filha para participar da marcha, expressou sua preocupação: “Estou assustada e enojada com o retorno de Trump ao Salão Oval”. Ela ainda acrescentou: “Tanta gente está votando contra seus próprios interesses. Eu não entendo”.
Sarah Kong, psiquiatra que veio de Chicago com sua mãe para sua primeira experiência em marchas, destacou: “Eu me sinto motivada por todas essas pessoas. Tenho fé no futuro, embora esteja assustada”.
No local do protesto, vendedores comercializavam botões com frases como #MeToo e “O amor supera o ódio”, além de bandeiras da Marcha do Povo por US$ 10 (aproximadamente R$ 61). Os cartazes exibidos pelos manifestantes traziam mensagens como “Feministas vs. Fascistas” e “Pessoas acima da política”.
Mini Timmaraju, líder do grupo Liberdade Reprodutiva para Todos, disse à multidão: “É reconfortante estar aqui hoje em solidariedade e união diante do que pode ser um extremismo alarmante”. Ela ressaltou que os direitos ao aborto permanecem populares mesmo após a vitória de Trump.
A manifestação decorreu na maioria das vezes em clima pacífico, apesar do aumento na segurança. Um indivíduo usando um boné vermelho com a sigla MAGA foi retirado pelas autoridades perto da frente da marcha.
O protesto ocorre em um contexto onde Tom Homan, conhecido como “czar da fronteira”, anunciou que uma grande operação migratória será realizada logo após a posse de Trump na próxima segunda-feira (20). Homan será responsável por implementar políticas relacionadas à migração e segurança nas fronteiras.
Com a volta ao cargo após perder as eleições presidenciais para Joe Biden em 2020, Trump planeja deportar milhões de imigrantes indocumentados. Ele venceu todos os sete estados decisivos e obteve maioria no voto popular nas eleições de novembro.
Novos atos estão programados para o final de semana, incluindo um no Dia da Posse que coincide com o Dia de Martin Luther King Jr. Líderes dos direitos civis prometem continuar mobilizados sob a nova administração.
Preethi Murthy, residente em Washington e atuante na área de saúde global, afirmou: “É encorajador ver que as pessoas ainda se importam. Precisamos demonstrar que somos muitos e que não recuaremos diante dessa situação”.