Atentado em Brasília: Autor gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício
Investigações revelam conexão com ideologias extremistas e tentativa de golpe no DF.
- Data: 15/11/2024 13:11
- Alterado: 15/11/2024 13:11
- Autor: Redação
- Fonte: O TEMPO
Explosões na Praça dos Três Poderes
Crédito:Reprodução/X
Na noite de quarta-feira (13), a Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi palco de um atentado que culminou na morte de Francisco Wanderley Luiz. O autor do ataque, que detonou explosivos no local, havia adquirido mais de R$ 1,5 mil em fogos de artifício nos dias 5 e 6 de novembro em uma loja situada em Ceilândia, cidade mais populosa do Distrito Federal, a aproximadamente 30 km da cena do crime.
Francisco Luiz, que se mudou de Santa Catarina para o Distrito Federal três meses antes do ocorrido, estava residindo em uma quitinete na QNN 7, em Ceilândia. Ele pagava o aluguel desde 2023, embora tenha se estabelecido apenas em junho de 2024, o que levanta suspeitas sobre um planejamento prévio dos atentados. A Polícia Civil do Distrito Federal e a Polícia Federal estão investigando o caso e já identificaram compras feitas por Francisco Luiz na loja de fogos: uma no valor de R$ 295 e outra de R$ 1.250, ambas pagas com cartão de débito.
Os peritos concluíram que os fogos foram utilizados para fabricar bombas artesanais potentes, como as que foram detonadas na Praça dos Três Poderes e à distância em seu veículo estacionado próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados. As autoridades acreditam que Francisco Luiz adquiriu mais materiais explosivos do que os registrados nas compras iniciais, dada a quantidade encontrada ainda intacta em sua residência e em um trailer alugado na área do Anexo IV.
O trailer continha objetos pessoais e outros itens que sugerem uma ligação com ideologias extremistas, incluindo um boné com a frase “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Na quitinete foram encontradas bombas armadas, uma das quais explodiu durante uma inspeção feita por um robô da PF.
Os proprietários da loja de fogos não são considerados suspeitos e colaboraram com as investigações fornecendo imagens das câmeras de segurança que mostram Francisco Luiz adquirindo os produtos. O homem era conhecido por consumir teorias conspiratórias extremistas e expressava seu desejo de atentar contra o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). Em suas redes sociais, Francisco Luiz compartilhava conteúdos alinhados a correntes extremistas e anticomunistas populares entre a direita norte-americana.
Com um histórico criminal e passagens por militância política no Brasil, Francisco Luiz participou ativamente de protestos contra o STF e a favor da intervenção militar após as eleições presidenciais brasileiras de 2022. Sua ex-esposa revelou às autoridades planos anteriores dele para cometer um atentado em Brasília.
Antes das explosões, ele postou mensagens nas redes sociais anunciando seus intentos violentos na capital federal. As investigações seguem buscando entender a extensão das conexões do autor com grupos extremistas e se houve algum tipo de apoio logístico ou financeiro para os ataques.
A Polícia Federal considera o ato como potencialmente relacionado ao terrorismo ou à tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As investigações continuam a explorar essas linhas, bem como outras possíveis motivações e conexões com eventos similares ocorridos anteriormente no país.