Doenças negligenciadas e racismo estrutural será abordado em seminário de Diadema

Evento gratuito será na próxima sexta-feira (01/12) e discutirá como a questão étnico-racial impacta no acesso e na elaboração de políticas públicas na saúde

  • Data: 30/11/2023 16:11
  • Alterado: 30/11/2023 16:11
  • Autor: Renata Nascimento
  • Fonte: PMD
Doenças negligenciadas e racismo estrutural será abordado em seminário de Diadema

Crédito:Divulgação PMD

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A Prefeitura de Diadema vai realizar na próxima sexta-feira (01/12) a palestra “Doenças Negligenciadas e Racismo Institucional“, às 9h30, no auditório do Quarteirão da Saúde (QS). O objetivo é discutir seu impacto das questões étnico-raciais no acesso a serviços e ações de saúde, e consequentemente, no cuidado integral das necessidades da população negra.

Para isso, a discussão será conduzida pelo professor Dr. Acácio Sidinei Almeida Santos, que é docente de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) e presidente da Associação Brasileira de Estudos Africanos (ABEAFRICA), no período de 2023 a 2025.

O evento é aberto ao público, não necessita de inscrição prévia, mas o local possui capacidade máxima de 200 lugares. Pela importância e abrangência do tema, a palestra faz alusão ao mês da Kizomba – A Festa da Raça – e está na programação do Dia Mundial da Luta Contra a Aids.

A psicóloga e apoiadora na coordenação de Saúde Mental, Heloisa Elaine dos Santos, ressalta que “existe um impacto importante do racismo na autoestima das pessoas pretas e que está ligado diretamente à saúde mental. Por conta do preconceito, as pessoas sofrem bullying, outras violências e ficam alerta o tempo todo, sem falar nas condições sociais”. 

Em andamento

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), em consonância do Plano Municipal Decenal de Promoção da Igualdade Racial de Diadema 2021-2031, criou o Comitê de Saúde da População Negra e demais grupos étnicos raciais de Diadema, em 2022, e a Campanha permanente Minha Cor Meu Orgulho: Minha cor é Orgulho, Dignidade e Resistência, como estratégia para incentivar o preenchimento do quesito raça/cor nos serviços de saúde da cidade. Até o momento, 50,57% da população cadastrada no Sistema Único de Saúde (SUS), na cidade, são autodeclaradas negras, sendo 44,61% pardas e 5,96% pretas, de acordo com o E-SUS. 

Saúde da população negra importa

A importância de falar sobre a saúde da população negra também foi tema da aula do Ciclo Formativo para o Conselho de Saúde de Diadema realizada em 21 de novembro, no auditório do Quarteirão da Saúde. A médica do Centro de Referência (CR) IST, Aids e Hepatites Virais de Diadema e integrante do Comitê de Saúde da População Negra, Adriana Paulino, ministrou a aula e afirmou que “o racismo sistêmico e a discriminação racial afetam o acesso a serviços de saúde, a qualidade dos cuidados de saúde e o bem-estar da população negra. Isso pode levar a diagnósticos tardios, tratamentos inadequados e desigualdades de saúde” afirmou. 

E ela completa “A saúde da população negra pode ser afetada por uma série de doenças que podem estar relacionadas a fatores genéticos, sociais, econômicos e ambientais. É importante observar que a raça em si não é um fator de risco para doenças, mas as disparidades na saúde entre grupos raciais muitas vezes são resultado de desigualdades sociais e de acesso a cuidados de saúde” 

Com o intuito de enriquecer o encontro, foram utilizados instrumentos como um aplicativo que permite conhecer em tempo real repostas enviadas pelos participantes. Com a pergunta “O que vem à sua mente quando falamos sobre condições de vida atual da população negra?”, as principais palavras registradas foram desigualdade, vulnerabilidade, injustiça, coragem e força. Por meio do Teatro Imagem, coordenado por Heloísa Elaine dos Santos, foi possível debater a necessidade de uma política de saúde que siga as recomendações da Política Nacional para a População Negra; a análise de que ainda há desconhecimento por parte de profissionais da saúde e população; a grande contribuição de profissionais negros, especialmente do campo da saúde, com pesquisas sobre os agravos prevalentes e tratamentos, assim como a realidade de que algumas doenças são resultados da vulnerabilidade social e podem ser evitáveis. 

Para a assessora da SMS e responsável pela área de Apoio ao Controle Social, Marusa Fernandes da Silva, a discussão trouxe reflexos positivos. “Esse ciclo formativo de fato contribuiu para as nossas reflexões, para que cada vez mais as pessoas combatam o racismo, compreendam as especificidades de raça na saúde para atender a população de uma forma equânime e universal”, reforça. 

Responsável pela área técnica que trabalha com as populações estratégicas na SMS do município, Yury Puello Orozco afirma que foi a primeira vez que o tema foi abordado entre os conselheiros de saúde. “É um marco de referência para outros setores da saúde. Especialmente, considero importante desmontar o mito de que se o Sistema Único de Saúde (SUS) é para todos, não podemos falar de atenção à saúde de populações especificas. É o contrário: para que o princípio da igualdade do SUS se cumpra é necessário pensar na equidade e é isso que estamos fazendo, trabalhando os agravos prevalentes na população negra”. 

A próxima aula do Ciclo Formativo será em fevereiro de 2024. Embora a formação seja voltada para conselheiros, é aberta a demais interessados. O evento é gratuito e não é preciso inscrição prévia. A formação segue até abril de 2024. 

Kizomba

A 22a edição da Kizomba – Festa da Raça teve início em 1 de novembro e vai até 3 de dezembro, com atividades gratuitas praticamente todos os dias.  

Serviço:

Palestra “Doenças Negligenciadas e Racismo Institucional“

01 de dezembro de 2023, sexta-feira, às 9h30.

Local: auditório do Quarteirão da Saúde. Avenida Antônio Piranga, 700 – Centro. 

A programação do Dia Mundial da Luta Contra a Aids

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  • Data: 30/11/2023 04:11
  • Alterado:30/11/2023 16:11
  • Autor: Renata Nascimento
  • Fonte: PMD









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