XVI Semana das Artes do Corpo da PUC celebra 20 anos
Nesta edição, a mostra traz seis performances, entre trabalhos inéditos e mostras de processo, três oficinas, um workshop, uma palestra e cinco mesas de debate
- Data: 11/09/2019 10:09
- Alterado: 11/09/2019 10:09
- Autor: Redação
- Fonte: PUC-SP
Crédito:divulgação
Criada pelos alunos do curso de Artes do Corpo, oferecido pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), a XVI Semana das Artes do Corpo oferece entre os dias 16 e 20 de setembro diversas atividades relacionadas às linguagens artísticas do teatro, dança e performance cênica. Os debates, workshops, oficinas e performances são gratuitos, abertos ao público e acontecem em espaços internos da PUC e no teatro Tucarena, que fica ao lado da instituição.
Segundo os alunos-organizadores da presente edição, a programação é voltada tanto para artistas da cena quanto para pessoas interessadas nos assuntos abordados, além, é claro, de quem deseja ingressar no curso e gostaria de conhecer mais sobre seus desdobramentos. “As discussões promovidas nesse evento apontam para as possibilidade de ser artista os dias de hoje e para uma reflexão sobre como nossos corpos se relacionam com o ambiente que vivemos”, adianta Pitágoras Ezequiel Lemos, aluno do curso de Artes do Corpo da PUC.
Para Clara Gregori Cagnoni, outra aluna-organizadora, o curso propõe um olhar plural para o que é a arte. “Aqui não estudamos apenas sobre a performance em si, mas sobre cognição, faculdades mentais e a teoria geral dos sistemas, assuntos raros nesse tipo de curso e que nos ajudam a entender como o nosso contexto influencia a arte que criamos”, ressalta.
Essa característica reforça justamente a hibridez de linguagens que o curso propõe, ao unir em sua grade disciplinas relacionadas à diferentes manifestações artísticas e também à áreas tangentes às artes, como curadoria e pesquisa acadêmica. “O corpo não é encarado de forma mecânica, mas sim como algo que está em movimento junto com o ambiente”, complementa a aluna Deborah Lugli.
Abaixo seguem informações detalhadas sobre a programação da semana. Não é necessário retirar ingressos e nem se inscrever com antecedência para participar das atividades.
Programação Completa
16 de setembro, segunda-feira
14h. Palestra O Corpo Nas Artes do Corpo – Helena Katz. Local: Teatro Tucarena.
Passados todos estes anos de convivência com as telas, por tantas horas a cada dia, os corpos mudaram. Novos hábitos cognitivos não podem ser ignorados, pois agora pautam a intolerância, a impaciência e a dificuldade em lidar com o que não obedece instantaneamente que parecem conduzir a sociabilidade, no momento. É preciso atentar para este outro corpo que se apresenta porque é ele quem faz arte. Investigar do que é feito ajuda a compreender o que é capaz de produzir.
15h30. Workshop O Corpo e a Linguagem Audiovisual – Rogério Troiani. Local: Teatro Tucarena.
A base do trabalho do workshop está fixada em um tripé: Corpo, Interpretação e Preparação para Gravação. É esse tripé que traz a consciência total da câmera e os limites dos produtos feitos para TV e cinema. Entender que não se deve agir como se a câmera não estivesse, ao contrário, saiba tudo que diz respeito às suas características e segredos. Introduzir o ator ao trabalho a partir da honestidade, sem caricaturas e sendo afetado pela proposta da cena e do parceiro. Não mentir ou fingir frente à câmera. O trabalho irá reforçar a necessidade do ator ser vulnerável e honesto em suas emoções permitindo a ele ser único, atraente e magnético diante da câmera. De forma intensa e com ritmo de um set, o workshop, abordará o mundo da TV e do cinema, suas técnicas e segredos.
19h. Performance Talvez Seja Isso – Andanças. Local: Teatro Tucarena.
Talvez seja isso é um pulsar pelo coletivo, um processo cênico que se questiona sobre o que leva cada intérprete estar aqui e agora, jogando, respirando pelo coletivo não é uma tarefa fácil, nos desafiamos a cada encontro, exige comprometimento, vontade, generosidade. O que nos move? Eu me invadi!
17 de setembro, terça-feira
14h. Mesa Curadoria em Artes do Corpo – Priscila Arantes, Daniela Bousso e Sonia Sobral. Local: Teatro Tucarena.
A curadoria é a equipe ou pessoa responsável pela concepção das obras de arte, montagem e supervisão de uma exposição de arte, além de ser também o responsável pela execução e revisão do catálogo da exposição. A partir do curso de Artes do Corpo, o qual traz como ementa a hibridação das linguagens da Performance, Dança e o Teatro, esta mesa propõe que pensemos em abranger a nossa discussão nas três linguagens. As curadoras Daniela Bousso, Sônia Sobral e Priscila Arantes contarão sobre suas experiências e vivência nessa mesa. Como está a curadoria em 2019? Como está a curadoria em Artes do Corpo? Como é ser curador sem isolar as linguagens? Como é a curadoria em instituições públicas e privadas?
15h30. Oficina Estados do Corpo – Pietro Morgado. Local: Teatro Tucarena.
O objetivo principal é trabalhar diferentes estados e possibilidades dramatúrgicas do corpo. Partindo de estímulos simples, os participantes irão trabalhar a presença, equilíbrios e desequilíbrios, dinâmicas de velocidade e tônus, sensibilidade ao espaço e aos outros corpo dançantes.
18h30. Performance Fluxo (in)sano – Luiza Perito e Marcelo Barboza. Local: Teatro Tucarena.
Dois amigos escolheram fazer uma troca de experiência em dança contemporânea, improvisação e coreografia. A pesquisa, que começou com um vídeo e foi se desdobrando para uma cena em palco, é embasada na pesquisa do Michel Foucault e seu conceito de desrazão, usando o acesso à insanidade como ferramenta.
19h30. Performance Sagrado Feminino – Junaída Serra. Local: 5º Andar – Apresentação Itinerante.
Uma performance que trata das questões do feminino, a objetificação do corpo, resgate da deusa e relação com a terra.
18 de setembro, quarta-feira
14h. Oficina Lygia Clark e o Corpo – Christine Mello. Local: Teatro Tucarena.
A oficina parte do documentário Memória do Corpo, do diretor Mário Carneiro (1984), que mostra as estratégias que Lygia Clark usava em seu trabalho, hibridando arte e a terapia, explorando com seus pacientes, durante suas sessões, as sensações do corpo, buscando “reativar” o contato com o corpo e mundo. A oficina proporá um exercício em torno desse método da artista e o corpo coletivo.
16h. Oficina Estado de Presença – Junior Lima. Local: Teatro Tucarena.
Em um mundo de presenças fragmentadas e contaminado pela ilusão das realidades virtuais, é preciso conclamar os afetos. É preciso despertar os sentidos em busca de autoconhecimento, voltar a olhar para o próximo sem a mediação das telas e sem a falsa percepção da presença, alterada pelas novas tecnologias. A oficina Estado de Presença nasce do interesse em processos criativos colaborativos no teatro, na dança e nas performances, em que Junior Lima propõe alguns mecanismos disparadores para o estado de criação.
18h30. Performance Dissidência #1 – Bruno Gasparotto. Local: Teatro Tucarena.
Durante uma investigação de “persona” orientada por Samira BR, localizei áreas borradas de minha identidade que foram negligenciadas em decorrência de não conformidade de meu corpo com os padrões de perfomatividade de gênero de meu entorno durante a infância e adolescência. Provocado por textos de Suely Rolnik, decido realizar uma jornada de reestruturação de meus sistemas, que acontece durante a performance. Na luz negra, brinco de boneca com meu próprio corpo e, usando diferente mídias sobre o corpo como um Palimpsesto, crio um corpo instalação que evoca dissidência.
19h30. Debate Presentificar: Roda de Conversa e Ensaio Aberto – Marcus Moreno e convidados. Local: Teatro Tucarena.
Improvisação e presença são assuntos que parecem inesgotáveis no campo da criação artística. Neste encontro, Marcus Moreno, ex-aluno do curso de Artes do Corpo, convida, para discussão dos temas, as artistas Jussara Miller, pela experiência de anos de trabalho com o estudo da Técnica Klauss Vianna e Paula Petreca, que, com o Projeto Co e sua trajetória solo trabalha na perspectiva do estudo de poéticas e do corpo na contaminação com o espaço urbano. O encontro conta também com apresentação de trecho do trabalho solo de dança Instante-já, que está em processo de criação. Esta ação é parte do projeto Novas Efemeridades, contemplado pela 25ª Edição do Programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.
19 de setembro, quinta-feira
14h. Mesa Artes do Corpo e Mercado – Affonso Lobo, José Renato, Rodrigo Vieira e Eduardo Fukushima. Local: Sala 529 no 5º Andar do Prédio Novo.
Esta mesa juntará ex-alunos e alunos do curso para, a partir de suas visões como artistas do corpo, conversar conosco e discutir questões: como o mercado poderá estar para nós, futuros formandos do curso de Artes do Corpo? Como foi sair do curso e entrar no mercado de trabalho? Os convidados são os ex-alunos Affonso Lobo, programador do Sesc Ipiranga, José Renato Fonseca e Eduardo Fukushima, produtores e o aluno Rodrigo Vieira, diretor artístico de Os Clássicos do Passinho.
16h. Performance O Que Vemos Quando Olhamos Dança? – Núcleo Pausa e Beth Bastos. Local: Pátio da Cruz.
O projeto O que vemos quando olhamos dança, contemplado pela 25ª Edição do Fomento à dança da Cidade de São Paulo, foi concebido pela bailarina Beth Bastos e seu núcleo de pesquisa, que investigam a questão do olhar, a imaginação, a relação da dança com a arquitetura e a fotografia. Atravessados pelos ensinamentos de Klauss Vianna e Lisa Nelson, Beth Bastos e núcleo Pausa propõem ao público a experiência da composição e do movimento com o foco no corpo e no espaço, ativando a percepção dos sentidos e os sentidos da imaginação. A performance-observatório convida o espectador a desfrutar de instantes de suspensão do movimento em pausas, criando imagens e elevando gestos. Com a partitura de andar de olhos abertos e pausar de olhos fechados constrói, em tempo real, composições e ações comuns a todos nós. A performance-observatório oferece ao espectador a possibilidade de escolher como e de que lugar se quer olhar, ver e assistir, podendo fotografar, filmar, desenhar ou partir.
17h30. Performance OTecelão – Gabriel Augusto. Local: Prainha.
Em busca da desconstrução da lógica identitária do masculino, Gabriel Augusto propõe a performance OTecelão. Refletindo sobre as maneiras plurais de ser homem na atualidade, em uma ação de embate direto ao mito viril, o artista, instalado em via de circulação de pessoas, tece sem caminho infinito em lã amarela.
19h. Performance Inc.ôn_formã/são in~sta#véu – Bruces Vain. Local: Escadaria de emergência do prédio novo.
A situação colocada aborda temas como entraves, obstáculos e impedimentos em nossas vidas. O que falar sobre as coisas que podemos ou não conseguimos superar? Qual é a medida de nossas falhas? Onde há inércia e ausência de posicionamentos? Temos as chaves, as resoluções, para os problemas com os quais temos de lidar? Ao longo de meses, o performer vem estudando sua relação com fechaduras e arames em todos os âmbitos de sua vida.
20 de setembro, sexta-feira
14h30. Mesa Políticas Públicas – Christine Greiner, Fernanda Perniciotti e Vera Sala. Local: Sala 529 no 5º Andar do Prédio Novo.
Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. Esta mesa propõe pensarmos as políticas públicas no âmbito cultural. Partiremos do ponto: Como se dá uma política pública voltada para a cultura? Neste período recessivo em que o nosso país enfrenta, com altos cortes, sendo a maioria deles na educação e cultura, como responder a isso? Como pensar uma política pública de qualidade? E como pensar uma politica pública que se adapte ao período? A mesa conta com Fernanda Perniciotti, que concluiu o mestrado no Programa de Comunicação e Semiótica – PUC-SP, em 2015, com a dissertação “O novo ambiente midiático produzido pela editalização da cultura: o meio transformou-se em mediação”, com ênfase em Políticas Públicas Culturais e Mercado de Arte na relação com a Comunicação; Christine Greiner, professora do curso de Comunicação das Artes do Corpo da PUC-SP e pesquisadora, e a artista e professora do curso, Vera Sala, a qual tem seus trabalhos contemplados pela Lei de Fomento à Dança há alguns anos.
17h. Mesa Intercâmbio e Residência Artística em Artes do Corpo – Ex-alunos. Local: Sala 529 no 5º Andar do Prédio Novo.
A Residência Artística visa ao artista uma experiência de criação. O artista que busca fazer uma residência, seja ela em outro ateliê que não seja o seu, ou m outra cidade, país, realiza pensando em ampliar seus horizontes artísticos, dando outros rumos àquilo que ele vem pesquisando. Muitas vezes proposto pelo edital, o artista divide o espaço com outros residentes, ampliando ainda mais os seus horizontes. Alguns dos editais propõem que no decorrer do processo os residentes interajam com o lugar onde estão. Outra proposta é que eles apresentem o que vieram estudando/ pesquisando, antes de voltar à sua cidade/país de origem. Já o Intercâmbio educacional, estudantil ou cultural, são expressões que designam a troca mútua de estudantes de um determinado local com outro, geralmente fora do país de origem, para aprender a língua nativa, cultura e hábitos praticados de outra nação com fins educacionais, profissionais ou pessoais. Essa mesa tem como proposta colocar em pauta não só as experiências vividas pelos integrantes da mesma, como também pensarmos no corpo estrangeiro em contato com o nosso, refletindo nas relações e alterações que esse encontro pode proporcionar.
18h30. Estudo Aberto – Turma 018 do Curso. Local: 5º Andar – Apresentação Itinerante.
Estudo a partir de exercícios que trabalham com enfoque na coletividade, quedas, espirais e sons, dentro e fora da sala de aula. Propostos nas disciplinas de Corpo na Dança II e Tópicos Especiais em Artes do Corpo I, com a professora Vera Sala e influenciados por sua pesquisa.
Serviço
XVI Semana das Artes do Corpo
16 a 20 de setembro, das 14h às 22h
Local: PUC-SP (Rua Monte Alegre, 984. Perdizes) e Tucarena (R. Monte Alegre, 1024. Perdizes).
Entrada gratuita
Classificação etária: Livre.