Volta da Vai-Vai e desfiles de Mocidade e Império são destaques da 2ª noite do Carnaval em SP
Sambódromo do Anhembi teve ainda Gaviões da Fiel, Tom Maior, Águia de Ouro e Acadêmicos do Tucuruvi
- Data: 11/02/2024 10:02
- Alterado: 11/02/2024 10:02
- Autor: Isabela Palhares e Fábio Pescarini
- Fonte: Folhapress
Desfile da Tom Maior na segunda noite do Carnaval Paulista
Crédito:Felipe Araújo/Liga-SP
A volta da Vai-Vai à elite do Carnaval, e os desfiles da atual campeã Mocidade Alegre e da Império de Casa Verde foram os destaques da segunda e última noite de apresentações do Grupo Especial de São Paulo, que terminou na manhã deste domingo (11).
Já Gaviões da Fiel levantou a arquibancada com enredo futurista e Tom Maior, Águia de Ouro e Acadêmicos do Tucuruvi levaram lindas homenagens para a avenida.
Vai-Vai
A Vai-Vai foi a primeira a desfilar, fazendo o público agitar as tradicionais bandeirinhas na arquibancada e cantar o samba em homenagem aos 40 anos do movimento hip-hop.
A Saracura apresentou um passeio pelos anos 1970 e 1980, enchendo a avenida de empoderamento negro – com peruca black power em diversas fantasias – e referências ao hip hop na cidade de São Paulo. Expoentes do movimento, como Nelson Triunfo, a cantora Negra Li e integrantes dos Racionais MC’s e participaram do desfile.
O grupo do rapper Mano Brown – que acompanhou os puxadores do samba – foi homenageado em uma das alas, batizada com nome do álbum Sobrevivendo no Inferno.
Tom Maior
A Tom Maior foi a segunda a se apresentar com o enredo Aysú: uma história de amor, uma versão indígena da tragédia grega de Orfeu e Eurídice.
“Nós falamos sobre o amor, a escola é amor e o que fizemos hoje [sábado] foi amor”, disse a intérprete da escola, Dida Matos, ao explica a opção pelo enredo.
A escola, que completa 50 anos, chamou a atenção com alegorias grandiosas. O abre-alas trazia esculturas de animais, como um grande jacaré, e integrantes representavam remar uma canoa.
Com alas repletas de fantasias luxuosas, a comissão de frente foi destaque com trajes que alternavam entre o dia e a noite. Ao contrário do mito grego, a história contada pela Tom Maior teve final feliz, representado pelo encontro do casal no último carro.
Mocidade Alegre
Em seguida, a atual campeã do Carnaval, a Mocidade Alegre fez o escritor Mário de Andrade – interpretado pelo ator Pascoal da Conceição na comissão de frente – sair do trem para sambar na avenida. O enredo mostrou as viagens do modernista pelo interior o país.
O abre-alas trouxe uma réplica do viaduto do Chá, no centro de São Paulo, além de engrenagens para mostrar que a cidade berço do modernismo não para.
Já a ala das baianas da Morada do Samba impressionou com fantasias que simulavam pedra-sabão, homenageando as obras de Aleijadinho.
A bateria do mestre Sombra veio com pitadas de frevo e maracatu e foi impecável ao sair do recuo puxados pela rainha Aline Oliveira.
Gaviões da Fiel
Quarta a entrar na avenida, a Gaviões da Fiel fez uma apresentação com temática futurista em uma homenagem ao desfile campeão da escola em 1995 – o verso “vou te levar pro infinito” do enredo de 2024 faz parte da letra do samba “Coisa boa é para sempre”, daquele ano.
Bandeirinhas da agremiação foram distribuídas nas lotadas arquibancadas e a apresentação começou como teria de ser, com uma pitaco do hino do Corinthians e o grito do intérprete Ernesto Teixeira chamando a Fiel para cantar.
As alas vieram com muito platinado e cinza, em referência ao futuro. A apresentadora e rainha de bateria Sabrina Sato, que completou 20 anos de Gaviões, veio fantasiada de “Ciência do Infinito”.
Mas a escola quase não passou à tempo pelo portão de encerramento, pois terminou o desfile 21 segundos após o tempo máximo (65 minutos). Como o estouro não completou um minuto, a agremiação não deve ser penalizada.
Águia de Ouro
A Águia de Ouro homenageou o centenário do rádio com um desfile com doses de nacionalismo. Nas cores da bandeira, uma das alas citou a Voz do Brasil, programa obrigatório com o noticiário do governo federal.
No abre-alas, um casal descobria o aparelho enquanto surgiam as rainhas do rádio. Na referência à rádio Nacional, do Rio de Janeiro, houve interpretações de radionovela e programas de auditório.
Já o último carro trouxe homenageado da noite, o radialista Eli Corrêa, que emprestou seu bordão “oi, gente!” para o samba da escola.
Império de Casa Verde
Com um desfile imponente, a Império de Casa Verde não fugiu à tradição e levou para o Anhembi os seus enormes carros alegóricos para homenagear a cantora Fafá de Belém.
A carreira de Fafá e o Pará, estado onde a cantora nasceu, deram o tom do desfile. O abre-alas veio com a bandeira paraense e trouxe Mariana, filha da homenageada, e suas duas netas. A segunda alegoria era toda vermelha em referência ao grande sucesso da cantora.
Alas homenagearam o Círio de Nazaré, festa tradicional católica que ocorre na capital paraense da qual Fafá participa todos os anos, a atuação da cantora no movimento Diretas Já, e as vezes em que cantou o hino nacional.
Representando uma cabocla, a cantora – bastante emocionada – apareceu no alto do último carro, nas mãos de um grande indígena. A alegoria exibia imagens da vida e carreira de Fafá.
Acadêmicos do Tucuruvi
Última escola a entrar na avenida, a Acadêmicos do Tucuruvi desfilou já com o dia iluminado e falou sobre o Ifá, uma filosofia de origem africana, que também é conhecida pelas previsões do jogo de búzios – presente em diversas alas e fantasias.
A bateria do mestre Zaca veio com atabaques – instrumento de percussão africano -, que deram o tom das paradinhas.
Já a ala das baianas foi destaque dividindo as componentes em três cores de fantasia: branca, preta e vermelha.
Neste domingo, a partir das 22h, desfilam as escolas do Grupo de Acesso. Na terça-feira (13), a partir das 16h, ocorre a apuração para definir a campeã do Carnaval 2024.