Violência infantil no Brasil: familiares são 84% dos acusados e 96% das vítimas tem até 6
Foram registradas 122.823 violações contra crianças e adolescentes no primeiro semestre de 2022
- Data: 02/04/2023 15:04
- Alterado: 02/04/2023 15:04
- Autor: Be Nogueira
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:Divulgação
O relatório Prevenção da Violência Contra a Criança, divulgado pelo Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI), no final de março deste ano, mostrou que no primeiro semestre de 2022, foram registradas 122.823 violações contra crianças e adolescentes. Crianças negras são 63% das vítimas e 84% dos acusados eram familiares. A pesquisa também evidencia que 96,65% das vítimas tinham entre 0 a 6 anos.
No caso de agressões vinda de familiares, o índice foi de 57% para mães, 18% para os pais, 5% padrasto/madrasta e 4% avós/avôs. Sendo Maus-tratos (15.127 casos), insubsistência afetiva (13.980 casos), exposição ao risco de saúde (12.636 casos) e tortura psíquica (11.351casos) os principais tipos de violência registrados.
Em comparação com o mesmo período de 2021, em 2022 houve aumento em todas as taxas de crimes registrados, sobretudo abandono de incapaz, sendo 13,4% em 2021 e 14,9% em 2022 – abandono de incapaz se caracteriza por qualquer ato de negligência em cuidados básicos, como saúde e educação.
Os índices de maus-tratos subiram de 29,8% para 36,1%. Dentro desse recorte, 62% das crianças e adolescentes tinham idade entre 0 e 9 anos, e 26% entre 0 e 4 anos.
Outro dado alarmante se refere à violência sexual, onde 61,3% do total de estupros são de vulneráveis de 0 a 13 anos. Desses, 19,1% das vítimas estão concentradas na faixa de 5 a 9 anos e 10,5% na faixa de 0 a 4 anos.
A base de dados do relatório foi construída a partir das denúncias do Disque 100 (canal de denúncia de violação dos direitos de crianças e adolescentes), mas vale lembrar que o número pode ser ainda maior, já que muitas vítimas ainda sofrem em silencio.
Além de construir um mapa da violência na primeira infância no Brasil, a pesquisa propõe medidas de combate a essas práticas e informa como a violência é um fator de risco que gera consequências graves no desenvolvimento e comportamento das crianças. Clique aqui para conferir na integra o relatório.