Violência doméstica atinge 85% das mulheres negras sem recursos no Brasil
Apenas 30% das mulheres sem renda procuraram assistência médica após sofrerem agressões severas
- Data: 20/11/2024 12:11
- Alterado: 20/11/2024 12:11
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Crédito:Arquivo/Agência Brasil
Um estudo recente, conduzido pelo DataSenado em colaboração com o instituto Nexus e o Observatório da Mulher contra a Violência, revela dados alarmantes sobre a violência doméstica enfrentada por mulheres negras no Brasil. De acordo com a pesquisa, 85% das mulheres negras que sofrem violência doméstica e carecem de recursos financeiros adequados permanecem vivendo com seus agressores. Este índice é significativamente superior à média geral de 21% de mulheres negras que relatam terem sido vítimas de agressão, independentemente de sua situação econômica.
O levantamento, realizado entre agosto e setembro de 2023, abrangeu entrevistas telefônicas com 13.977 brasileiras negras autodeclaradas pretas ou pardas, com idade mínima de 16 anos. Os resultados destacam um cenário preocupante: dentre as mulheres negras sem condições financeiras para sustentar-se, cerca de 32% já enfrentaram algum tipo de agressão, sendo que 24% dos casos ocorreram nos últimos doze meses. Além disso, uma parcela significativa não reconhece inicialmente as situações vividas como violência doméstica, elevando o número para 31% quando confrontadas com definições mais específicas.
Outro fator crítico apontado pela pesquisa é a presença de filhos menores de 18 anos, que contribui para a permanência em ambientes abusivos. O estudo mostra que 80% das mulheres negras com filhos menores que sofreram violência continuam a residir com o agressor. A situação econômica dessas mulheres também é precária: 27% delas não possuem qualquer renda, enquanto 39% têm renda insuficiente para manter suas famílias.
A resposta aos episódios de violência é frequentemente limitada. Apenas 30% das mulheres sem renda procuraram assistência médica após sofrerem agressões severas. Quando se trata de buscar medidas protetivas legais, apenas 27% das mulheres nessa situação tomaram essa iniciativa.
Curiosamente, a procura por justiça é maior entre as mulheres negras com menor escolaridade. Cerca de 49% das vítimas não alfabetizadas e 44% das que não concluíram o ensino fundamental formalizaram denúncias nas delegacias. Em contraste, apenas 34% das mulheres com ensino superior completo recorreram às autoridades judiciais.
Esses dados sublinham a complexa intersecção entre violência doméstica, condição socioeconômica e acesso à justiça, destacando a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para apoiar essas mulheres em situação vulnerável.