Veterano de guerra aos 15 anos, sobrevivente do Holocausto conta sua história de esperança

Alta Life publica livro que reúne desenhos e registros feitos por Thomas Geve logo após jovem deixar campos de concentração nazistas

  • Data: 07/05/2023 11:05
  • Alterado: 07/05/2023 11:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Veterano de guerra aos 15 anos, sobrevivente do Holocausto conta sua história de esperança

Thomas Gave

Crédito:Divulgação

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Contra todas as probabilidades, um garoto de apenas 13 anos sobreviveu 22 meses em 3 campos de concentração. O Menino que Desenhou Auschwitz não é apenas mais um relato sobre a Segunda Guerra Mundial, mas sim uma história real, inspiradora e que reafirma o valor da vida.

Nesta obra, publicada no Brasil pela Alta Life, Thomas Geve relembra a época que entrou pelos portões de Auschwitz-Birkenau, foi separado de sua mãe e teve de aprender a cuidar de si mesmo. Anos mais tarde, quando foi liberto de Buchenwald, em 11 de abril de 1945, ele era um veterano com 15 anos de idade que sobrevivera ao terrível período do Holocausto e às tensões proporcionadas pelos nazistas.

Livre, mas fraco demais para sair, o menino sentou-se solitário à mesa do barracão e começou a desenhar. Com uma pilha de cartões da SS (abreviação de “Esquadrão de Proteção (Schutzstaffel”) e lápis coloridos, ele criou mais de 80 desenhos, listas, esboços, e retratou em detalhes comoventes a vida dentro dos campos de concentração. Nos anos seguintes, Thomas conseguiu colocar também em palavras a história que vivenciou durante a Segunda Guerra Mundial e juntou com seus desenhos para montar um testemunho que originou a obra O Menino que Desenhou Auschwitz.

Thomas Geve consegue narrar um mundo repleto de medo, crueldade, perversidade e brutalidade, o qual os homens eram conduzidos pelo ódio e pela divisão. Ao mesmo tempo, o sobrevivente mostra a vida daqueles que lutaram bravamente para se manterem vivos, com esperança e ânimo.  De forma tocante, o autor revela que teve ajuda de algumas pessoas, inspiradas por suas liberdades internas para manter a humanidade e demonstrar bondade, compaixão, apoio e graça aos outros.

(…) Na manhã seguinte, acordado pelo soar do alarme às 5h da manhã, descartei todos os meus distintivos e peguei o bonde para o distante cemitério. Quando trabalhei no cemitério Weissensee pela primeira vez, havia 400 adolescentes. Agora havia apenas seis trabalhadores que tinham sido poupados da deportação. Meu dever era dedicar todas as forças ao trabalho. Posteriormente, alguns meio-judeus’ se juntaram a nós; alguns outros jovens estavam entre eles. Embora de modo algum eu fosse o menor, ainda era o mais jovem. O trabalho era pesado, mas não poderíamos deixar os outros na mão com nossa ausência. Cavar as covas de 3m de profundidade tornara-se nossa rotina diária, normalmente fazendo até 3 por dia. De vez em quando, os montes íngremes de terra caíam, quase enterrando alguns de nós vivos. Então tirávamos a vítima, completamente coberta de uma terra escura e imunda. Era a parte divertida do nosso dia. (…)

(O Menino que Desenhou Auschwitz, p. 48).

Apesar dos eventos indescritíveis que Thomas Geve experimentou, em O Menino que Desenhou Auschwitz ele traz uma voz poderosa e desenhos que ilustram as experiências e aprendizados proporcionados pela tragédia. Uma obra para que futuras gerações se inspirem e não voltem a repetir as atrocidades do passado.

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