Veja os principais números e propostas dos candidatos a prefeito de SP sobre habitação
Moradias inadequadas, população de rua e imóveis ociosos são desafios na capital
- Data: 12/08/2024 10:08
- Alterado: 12/08/2024 10:08
- Autor: Redação
- Fonte: Júlia Barbon e Marcos Hermanson/Folhapress
Candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem posicionados na última pesquisa Datafolha, em ordem alfabética: Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB)
Crédito:Montagem ABCdoABC
Cidade mais populosa do Brasil, São Paulo tem a habitação como um de seus principais desafios. A capital paulista tem bairros tomados por favelas, domicílios inadequados e aluguéis caros demais. Também abriga a maior população de rua do país e, ao mesmo tempo, um grande número de domicílios ociosos.
Veja abaixo os principais números e as propostas dos candidatos a prefeito de SP na área da habitação.
OS PRINCIPAIS NÚMEROS DA HABITAÇÃO
São Paulo é a capital com maior número absoluto de moradias inadequadas do Brasil. São 370 mil domicílios nessa condição, ou cerca de 8% do total, de acordo com estimativa da Fundação João Pinheiro, com base em dados do IBGE. Em termos relativos, o Norte do país tem o maior déficit.
Mais populosa, SP é a capital com maior déficit de moradias adequadas
Domicílios Particulares Precários, Coabitados ou com Aluguel Excessivo em 2022
Capitais | % | Quantidade de Domicílios |
---|---|---|
São Paulo (SP) | 8 | 369.991 |
Rio de Janeiro (RJ) | 8 | 201.176 |
Fortaleza (CE) | 11 | 95.443 |
Distrito Federal (DF) | 9 | 91.726 |
Manaus (AM) | 2 | 81.202 |
Salvador (BA) | 6 | 70.243 |
Belém (PA) | 12 | 58.045 |
Recife (PE) | 9 | 53.966 |
Belo Horizonte (MG) | 5 | 48.594 |
Goiânia (GO) | 8 | 43.474 |
Curitiba (PR) | 6 | 42.708 |
Porto Velho (RO) | 20 | 40.144 |
Maceió (AL) | 9 | 32.700 |
Porto Alegre (RS) | 8 | 31.783 |
Natal (RN) | 10 | 31.464 |
João Pessoa (PB) | 10 | 31.164 |
São Luís (MA) | 7 | 27.488 |
Aracaju (SE) | 11 | 24.838 |
Campo Grande (MS) | 7 | 24.281 |
Boa Vista (RR) | 17 | 21.131 |
Macapá (AP) | 12 | 17.757 |
Cuiabá (MT) | 9 | 17.569 |
Rio Branco (AC) | 11 | 15.833 |
Teresina (PI) | 5 | 14.062 |
Florianópolis (SC) | 7 | 13.560 |
Palmas (TO) | 10 | 11.266 |
Vitória (ES) | 6 | 8.981 |
O gasto excessivo com aluguel responde por 74% dos domicílios inadequados, segundo a mesma fonte. Domicílios compartilhados por duas ou mais famílias e habitações sem o básico de conforto, segurança e infraestrutura completam a estatística, com os 27% restantes.
Gasto excessivo com aluguel é a principal causa do déficit habitacional
Déficit Habitacional na Cidade de São Paulo em 2022
Categoria | Descrição | % de Domicílios Inadequados |
---|---|---|
Habitação precária | Sem o básico de conforto, segurança e infraestrutura | 6% |
Coabitação | Domicílio compartilhado por duas ou mais famílias | 21% |
Ônus excessivo com aluguel | Famílias que gastam mais de 30% da renda com moradia | 74% |
A conta do déficit de moradias não inclui, ainda, a população em situação de rua, que cresce rapidamente na capital paulista. As estatísticas variam muito: são cerca de 32 mil, segundo contagem da Prefeitura, e 80 mil, segundo observatório vinculado à UFMG o equivalente a 27% do total do país.
Paradoxalmente, a cidade tem 589 mil imóveis particulares vagos. A propriedade que não cumpre sua função social precisa passar por várias fases antes de ser desapropriada, como notificação (foram 2. 112 desde 2014) e aumento progressivo do IPTU. As primeiras desapropriações pela Prefeitura começaram neste ano, em apenas cinco prédios.
12% dos domicílios particulares em São Paulo estão vazios
Ano | Domicílios Particulares Vagos | Total de Domicílios Particulares |
---|---|---|
2010 | 290 mil | 3,9 milhões |
2022 | 589 mil | 5,0 milhões |
AS PROMESSAS DOS PRÉ-CANDIDATOS
Ricardo Nunes (MDB) O prefeito afirma que a área é uma de suas bandeiras e que o problema exige soluções urbanas completas. Ele aposta na continuidade de políticas de sua gestão e cita o Pode Entrar como o “maior programa habitacional da cidade”, com meta de 72 mil novas unidades, retrofit de prédios no centro e créditos de R$ 30 mil por família para reformas.
Além disso, enumera ações como regularização fundiária; parcerias público-privadas para construções; um projeto de desenvolvimento urbano com moradias e terminais de ônibus previsto em Guaianases (zona leste); uma linha de crédito obtida para 866 novas moradias e o plano de construir outras 4.732.
Guilherme Boulos (PSOL) O deputado federal promete entregar 50 mil novas unidades habitacionais com programa municipal próprio e em parceria com o Minha Casa, Minha Vida, além de promover a atuação conjunta com entidades e cooperativas para construções e oferecer locação social através do retrofit de edifícios públicos abandonados.
Ele diz ainda que beneficiará 100 mil famílias com reformas de moradias precárias e urbanização de favelas, pelo programa Periferia Viva de Urbanização e Melhoria Habitacional, e atenderá outras 250 mil famílias com um “amplo programa de regularização fundiária” integrado com melhorias habitacionais.
José Luiz Datena (PSDB) O apresentador afirma que sua proposta é levar moradias e empregos para mais perto das pessoas. Ele cita o exemplo da avenida Jacu-Pêssego, na zona leste, que “merecerá incentivo, inclusive fiscal, para construção de unidades habitacionais, com segurança e integradas a oportunidades de trabalho e infraestrutura urbana”.
Ele promete exigir que pelo menos parte da mão de obra seja contratada localmente e diz que é necessário aproveitar terrenos menores disponíveis e prédios desocupados pela cidade e no centro, sempre com processos de desapropriação. Acrescenta que favelas terão atenção especial, com urbanização e regularização fundiária.
Pablo Marçal (PRTB): Não respondeu.
Tabata Amaral (PSB) A deputada promete criar uma plataforma digital de locação social e compra subsidiada de imóveis residenciais, “semelhante às plataformas de aluguel e compra de imóveis do setor privado”, mas em que o governo atua como “fiador”. Utilizariam-se unidades do programa Pode Entrar.
Também propõe realizar um censo da população de rua e outro do déficit habitacional do município. Outras propostas incluem dar transparência para a fila da política habitacional, regularizar e urbanizar áreas ocupadas irregularmente e proteger mananciais e represas.
Marina Helena (Novo) A economista propõe conceder títulos de propriedade para habitações sem risco e com propriedade pacificada e reconhecer vielas de comunidades como vias públicas, o que seria uma forma de garantir que moradores tenham acesso a serviço de coleta de lixo, saneamento e energia elétrica.
Ela também promete reajustar o valor do aluguel social, congelado há nove anos. “Essa política é essencial para proporcionar suporte habitacional às famílias em situação de extrema vulnerabilidade”, diz nota enviada pela equipe da pré-candidata.