Vazamento sobre serviços financeiros de líderes abre “caixa de Pandora” no mundo inteiro
No Brasil, Freixo tenta acionar na MPF Paulo Guedes e Campos Neto por offshore
- Data: 04/10/2021 09:10
- Alterado: 04/10/2021 09:10
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Divulgação
Centenas de líderes mundiais, políticos poderosos, milionários, celebridades, líderes religiosos e narcotraficantes têm ocultado investimentos em mansões, propriedades exclusivas em praias, iates e outros ativos, durante os últimos 25 anos, segundo uma revisão de quase 12 milhões de arquivos obtidos a partir de 14 companhias distintas em todo o mundo. No informe publicado neste domingo, 3, pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação participaram 600 jornalistas de 150 meios de comunicação em 117 países.
O informe é chamado “Pandora Papers” pois sua descoberta lança luz sobre os acordos previamente ocultos da elite e também sobre corruptos, e como utilizaram contas no exterior para proteger ativos que no conjunto valem bilhões de dólares.
Entre os mais de 330 políticos no cargo e aposentados identificados como beneficiários das contas secretas estão o rei da Jordânia, Abdullah II, o ex-premiê britânico Tony Blair, o primeiro-ministro da Checoslováquia, Andrej Babis, o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, o do Equador, Guillermo Lasso, e sócios do primeiro-ministro paquistanês Imran Khan e do presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Os milionários identificados no relatório incluem o magnata turco da construção Erman Ilicak e Robert T. Brockman, ex-diretor geral da fabricante de softwares Reynolds & Reynolds.
Muitas das contas foram desenhadas para sonegar impostos e ocultar ativos por outras razões suspeitas, segundo o informe.
Os Pandora Papers são um projeto precedido por outro similar, publicado em 2016, os Panama Papers, do mesmo grupo jornalístico.
No Brasil, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), informou que, junto com outros líderes da oposição na Câmara dos Deputados, irá acionar o Ministério Público Federal (MPF) para que investigue o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Os dois mantiveram empresas em paraísos fiscais depois de terem entrado para o governo do presidente Jair Bolsonaro, no início de 2019, conforme publicado pelo projeto.
Freixo afirmou, em publicação em suas redes sociais, que “a legislação brasileira proíbe que membros da cúpula do governo mantenham esse tipo de negócio”.
Em resposta à publicação do consórcio de veículos jornalísticos, a assessoria do ministro da Economia esclarece que toda a sua atuação privada anterior à posse foi devidamente declarada à Receita Federal e à Comissão de Ética Pública.
Já a assessoria do presidente do BC disse que ele não participa da gestão ou faz qualquer investimento com recursos dessas empresas.