Um legado eterno na arte: Relembre carreira de Ney Latorraca

O ator Ney Latorraca faleceu nesta quinta-feira (26), aos 80 anos, após uma batalha contra o câncer de próstata e complicações de uma sepse pulmonar. A triste notícia deixa um legado imensurável na história da televisão brasileira.

Filho de um cantor e uma corista, Ney começou sua trajetória artística na infância, desenvolvendo mais de 50 trabalhos na televisão, entre novelas, séries e programas, além de participar de mais de 20 filmes ao longo de sua carreira. Ele recorda que iniciou sua jornada no mundo do espetáculo aos seis anos, afirmando em uma entrevista ao Memória Globo: “O ator já nasce ator”.

Na sua trajetória pessoal, Latorraca enfrentou desafios significativos. Em uma reflexão sobre sua infância difícil, ele compartilhou que a arte sempre foi uma forma de sobrevivência. “Aprendi desde pequeno que precisava representar para sobreviver. Minha vida é sempre lucro“, declarou o ator ao relembrar os momentos complicados que viveu com a família.

Aos 19 anos, Latorraca fez seu primeiro teste nos palcos, apresentando-se em “Pluft, o Fantasminha” e logo depois se mudou para São Paulo, onde continuou a trabalhar em produções teatrais. No entanto, sua carreira foi temporariamente interrompida quando a peça “Reportagem de um Tempo Mau”, de Plínio Marcos, foi censurada pela ditadura militar.

Antes de retomar a atuação, o artista exerceu várias atividades profissionais, incluindo trabalhos em banco e comércio. Sua entrada no mundo televisivo ocorreu em 1975, após passagens pelas TVs Tupi, Cultura e Record. Inicialmente atuou em papéis pequenos e figurações até conquistar seu espaço em produções memoráveis.

Dentre seus papéis marcantes estão Barbosa na “TV Pirata” e Cornélio em “O Cravo e a Rosa”, além de ter interpretado cinco personagens diferentes em “Um Sonho a Mais”. A estreia na TV Globo aconteceu com o personagem Felipe na novela “Escalada”, onde desafiou os padrões tradicionais de galã da época.

Em 1980, Latorraca abordou temas sociais ao interpretar uma cena impactante em “Coração Alado”, e quatro anos depois esteve na minissérie “Anarquistas, Graças a Deus”, que considerava uma das melhores de sua carreira. Seu papel como o vampiro Vlad na novela “Vamp” se tornou um dos mais icônicos da televisão brasileira, mesmo que inicialmente tivesse hesitado em aceitá-lo devido à sua agenda lotada no teatro.

Além disso, Latorraca fez parte de diversas outras novelas importantes como “O Médico e o Monstro”, “Zazá”, “Bang Bang” e “Negócio da China”. Seu último trabalho foi na série “Cine Holliúdy”, onde reviveu o personagem Vlad em 2019.

A morte de Ney Latorraca representa não apenas a perda de um grande artista, mas também um vazio no coração dos fãs que acompanharam sua carreira brilhante ao longo das décadas. Seu talento e contribuição à cultura brasileira permanecerão eternamente vivos na memória coletiva.