Um Carnaval sem abusos e crimes: orientação para foliões
Artigo de Raquel Gallinati, Delegada de Polícia e Diretora Associação dos Delegados de Polícia do Brasil. É mestre em Filosofia e pós-graduada em Ciências Penais, Direito de Polícia Judiciária e Processo Penal.
- Data: 07/02/2024 13:02
- Alterado: 07/02/2024 13:02
- Autor: Redação
- Fonte: Associação dos Delegados de Polícia do Brasil
Diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Raquel Gallinati
Crédito:Divulgação
Durante o Carnaval, muitos se entregam à festa e à alegria, mas é fundamental lembrar que isso não dá carta branca para o desrespeito e o crime. A fronteira entre a diversão e o abuso é clara: o “não”. Embora seja um período de celebração, é imperativo adotar medidas para garantir a segurança de todos, especialmente das mulheres, frequentemente alvos de importunação sexual. É fundamental ressaltar que a responsabilidade pelo abuso recai exclusivamente sobre o agressor, independentemente das precauções tomadas pela vítima. No entanto, em nossa sociedade, as mulheres ainda precisam estar atentas e adotar medidas de proteção para garantir sua integridade física. A importunação sexual pode resultar em constrangimento criminoso para a vítima e é punível com pena de prisão de um a cinco anos.
Outra questão recorrente é o golpe conhecido como “boa noite, Cinderela”. Em festas carnavalescas, onde o consumo de bebidas alcoólicas é comum, esses crimes podem se tornar mais frequentes. O criminoso adultera a bebida da vítima com sonífero, uma prática antes utilizada para crimes sexuais, mas que atualmente também é empregada para roubar celulares e realizar transferências bancárias.
Durante o Carnaval, é comum que as pessoas estejam descontraídas, porém é justamente nessa festividade que a vigilância deve ser redobrada, devido ao aumento de crimes como roubo e furto, facilitados pela aglomeração, que dificulta a identificação dos criminosos.
Além dos roubos e furtos em bolsas e pochetes, durante o Carnaval, outro crime em ascensão é o golpe da máquina de cartão, no qual o criminoso cobra um valor superior ao informado, aproveitando-se principalmente de cartões de aproximação.
Após submeter a vítima ao golpe, os criminosos buscam realizar transferências bancárias através do Pix, serviço que desde seu lançamento em 2020 tem contribuído para o aumento de extorsões mediante sequestro. Outro golpe comum envolve a troca do cartão da vítima por um similar, permitindo que o golpista utilize o saldo ou crédito, com a vítima sendo informada apenas ao receber a fatura, tornando o golpe ainda mais eficaz se o cartão for de aproximação.
Para garantir a segurança durante o Carnaval, algumas medidas são indispensáveis:
– Evitar andar sozinho e marcar saídas com grupos de amigos.
– Preferir ruas movimentadas e bem iluminadas.
– Estabelecer pontos de encontro com amigos durante e após as festas.
– Compartilhar a localização em aplicativos de transporte e informar familiares sobre o trajeto.
– Recusar caronas de estranhos e evitar sair sozinho com conhecidos.
– Estar atento a sinais de perigo e buscar ajuda imediata em caso de violência.
– Não perder de vista o copo de bebida, não deixando-o com estranhos ou desacompanhado, e recusar líquidos de pessoas desconhecidas.
– É aconselhável desativar e remover aplicativos de transações bancários do celular.
– Leve apenas o essencial, como documentos, evitando objetos de valor como joias, relógios.
Além disso, é fundamental respeitar o consentimento e evitar qualquer tipo de abuso ou violência:
– Lembrar que “não é não” e não forçar situações não desejadas.
– Não tocar em pessoas sem autorização e respeitar os limites alheios.
– Proteger aqueles em situação de vulnerabilidade e denunciar qualquer abuso ou violência.
É possível aproveitar o Carnaval de maneira segura e respeitosa, desde que todos estejam cientes de seus direitos e responsabilidades. Divirta-se, mas sempre com respeito mútuo e cuidado com o próximo.