Últimas semanas do espetáculo Dora com Sara Antunes
Temporada gratuita segue até 4 de abril, com sessões aos sábados e domingos, às 20h
- Data: 23/03/2021 17:03
- Alterado: 23/03/2021 17:03
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Crédito:Alessandra Nohvais
Público tem mais duas semanas para conferir a peça Dora, montagem da atriz e diretora Sara Antunes que resgata a história de Maria Auxiliadora Lara Barcelos. A temporada gratuita segue até 4 de abril, com sessões aos sábados e domingos, às 20h. Haverá tradução em libras na sessão do dia 2 de abril. O Projeto foi contemplado pela 11º edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal da Cultura.
Maria Auxiliadora Lara Barcelos, a Dora, tinha 23 anos quando entrou na luta armada contra a ditadura militar. Foi presa, torturada, exilada e suicidou-se na Alemanha em 1976, aos 31 anos. Com texto e direção de Sara, a peça é estruturada como um caleidoscópio fragmentado mesclando trechos de cartas, imagens de arquivos e relatos autobiográficos da atriz.
Angela Bicalho, mãe de Sara, faz uma participação especial traçando um paralelo da vida de Dora com a trajetória familiar de Sara. Dora, mineira como os pais de Sara, nasceu no mesmo ano que a mãe de Sara e se envolveu na resistência à ditadura tendo sido presa e exilada, assim também aconteceu com o pai da Sara, Inácio Bueno.
De posse de um material histórico inédito, confiado pelos familiares a atriz, Sara traça um percurso de registro de memória e afirmação das trajetórias femininas na política. “Neste projeto, não pretendo mitificar heróis, também não se trata de uma homenagem, mas acho importante se debruçar sobre a história do país do ponto de vista de quem participou dela. Principalmente, as mulheres”, afirma.
Utilizando poucos elementos cênicos, a direção de arte se apoia na escrita a partir das cartas enviadas da prisão e do exílio trocadas entre Dora e sua mãe, Clélia Lara Barcelos. Sara tece uma metáfora através de fios vermelhos que viram vestidos e que viram cartas utilizando plataformas de escrita como retroprojetor, paredes, projeções. Vestidos vermelhos, baldes e água são elementos que partiram de indicações nas cartas. A peça cobre o período de 1965 a 1976, a trilha sonora inclui Tropicália, Violeta Parra e Torquato Neto, canções que marcaram a época e que Dora ouvia e até recomendava.
Serão usadas também imagens de arquivo mais pessoais e documentos oficiais, como áudios de rádio, vídeos, fotos, recortes de jornais e revistas, mesclando momentos de objetividade com experimentação, apoiados por elementos audiovisuais. Tudo feito ao vivo, transmitido da casa da atriz, em São Paulo.
“Ao reconstruirmos a subjetividade de períodos traumáticos que deixaram marcas profundas na história deste país, confrontamos a política da amnésia com que se pretende, reiteradamente, apagar um passado incômodo para criar campos de ignorância histórica que, novamente, convocam abertamente forças repressoras. Dora é um projeto importante de reparação histórica, de pretensão multidisciplinar em que as lutas femininas do Brasil estão em foco”, explica Sara.