Trump tentou se juntar a invasores armados do Capitólio, diz ex-assessora
De acordo com ela, ex-presidente americano chegou a tentar assumir o volante da limusine presidencial para retornar ao Capitólio
- Data: 29/06/2022 09:06
- Alterado: 29/06/2022 09:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
Cassidy Hutchinson, ex-assessora de Mark Meadows, chefe de gabinete de Donald Trump, prestou nesta terça, 28, um depoimento explosivo à comissão da Câmara que investiga o ataque ao Congresso, em 6 de janeiro de 2021. Segundo ela, o então presidente ordenou a redução da segurança, mesmo sabendo que os manifestantes estavam armados a caminho do Capitólio. Trump, de acordo com Hutchinson, quis se juntar à multidão de qualquer maneira.
De acordo com ela, Trump chegou a tentar assumir o volante da limusine presidencial para retornar ao Capitólio, durante o auge do ataque, depois que os agentes do serviço secreto disseram que ele não poderia ir. Os relatos de Hutchinson refletem um testemunho do que ela viu na Ala Oeste da Casa Branca e o que ouviu de Meadows.
Certificação
Na ocasião, o então vice-presidente dos EUA, Mike Pence, no papel de presidente do Senado, se preparava para certificar a vitória de Joe Biden no colégio eleitoral, quando centenas de partidários de Trump, muitos deles armados, invadiram o Capitólio para interromper a sessão, aos gritos de “Enforquem Mike Pence”.
Horas antes, Trump fez um discurso acusando Pence de não ajudá-lo a reverter o resultado da eleição e pedindo à multidão que marchasse para o Capitólio. No quebra-quebra violento da tarde do dia 6 de janeiro, 5 pessoas morreram, 138 policiais ficaram feridos – 4 cometeram suicídio nas semanas seguintes. Mais de 800 pessoas foram identificadas e indiciadas criminalmente.
Fora de controle
Segundo Hutchinson, Meadows comentou que, mesmo sabendo da violência, Trump não queria parar os manifestantes. “Ele achava que Mike (Pence) merecia. Ele achava que eles não estavam fazendo nada de errado”, teria dito o chefe de gabinete para sua assessora, de acordo com o depoimento.
Hutchinson testemunhou que Trump exigiu que seus apoiadores pudessem se movimentar livremente, mesmo sabendo que estavam armados. Ele foi contra a presença de detectores de metais, que poderiam detectar armas. Ela disse ainda ter escutado o presidente pedir a redução da segurança.
“Não me importo que eles tenham armas. Eles não estão aqui para me machucar. Tire as malditas revistas. Deixe meu pessoal entrar. Eles podem marchar para o Capitólio daqui. Deixe as pessoas entrarem”, teria dito Trump, de acordo com ela. “Eu sou a p… do presidente. Levem-me até o Capitólio agora.”
Em outro episódio anterior ao dia 6, a assessora presenciou um dos muitos momentos de fúria de Trump. Após saber da entrevista à Associated Press do secretário de Justiça, William Barr, na qual ele negava que a eleição havia sido fraudada, o presidente se enfureceu e teria arremessado pratos contra a parede.
“O presidente estava extremamente zangado e jogou seu almoço na parede”, declarou Hutchinson ao comitê. Segundo ela, não foi a única vez que Trump arremessou pratos na parede por estar fora de controle.